Diminuição do consumo de álcool influencia sintomas de depressão
Uma investigação recentemente publicada na revista Alcohol: Clinical and Experimental Research apurou que as mudanças no consumo de álcool tendem a ser acompanhadas por mudanças nos sintomas de depressão. Indivíduos que revelaram ter reduzido o consumo de álcool disseram ter experimentado em simultâneo diminuição dos sintomas de depressão.
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Da mesma forma, indivíduos que aumentaram o consumo de álcool também relataram aumento da depressão, independentemente de a quantidade de álcool ingerida ser ou não considerada insalubre.
Estas descobertas podem motivar os indivíduos a reduzir o consumo de álcool com o objetivo de melhorar o humor e sugerem que monitorizar as mudanças no consumo de álcool poderá ser útil como parte das intervenções clínicas para a depressão.
As ferramentas de triagem usadas no estudo foram o AUDIT-C, um instrumento validado para identificar comportamentos de alto risco relacionados com o álcool, e o PHQ-2, uma ferramenta validada para triagem da depressão. Os questionários foram realizados no estado de Washington e a população do estudo era predominantemente branca, não hispânica, mais velha e tinha um seguro comercial ou Medicare.
Os especialistas reviram as respostas dos cerca de 200.000 indivíduos sobre comportamentos de consumo de álcool e sintomas de depressão em consultas de cuidados primários realizadas entre 2016 e 2020. Os participantes completaram os questionários sobre o consumo de álcool e depressão como parte da rotina de cuidados de saúde em duas ocasiões, com intervalo de 11 a 24 meses.
Apurou-se que um quarto dos participantes relatou consumo insalubre de álcool, e cerca de 13% testou positivo para depressão. Três quartos não apresentaram mudanças no consumo de álcool desde o primeiro questionário até ao segundo.
Todos os indivíduos, à exceção de dois subgrupos com aumento no nível de risco de beber, tiveram um aumento significativo na prevalência de triagens de depressão positiva, variando de 11% a 100% maior aquando do segundo questionário em comparação com o primeiro. As exceções foram os indivíduos cujo consumo aumentou de nenhum para um nível de consumo considerado não saudável e aqueles cujo consumo aumentou de alto risco para muito alto risco.
No caso dos subgrupos que relatam diminuição do consumo de álcool, a prevalência de triagens de depressão positiva caiu de 17% para 49% desde o primeiro questionário até ao segundo. O único subgrupo em que a queda na prevalência de depressão não acompanhou a redução do consumo de álcool foi aquele cujo consumo diminuiu de níveis não considerados prejudiciais ao preencher o primeiro questionário para não beber na segunda avaliação.
O estudo não analisou o que causou as mudanças no consumo de álcool e nos sintomas de depressão. Os aumentos ou reduções simultâneas nos sintomas de depressão e no consumo de álcool podem ser atribuídos ao aumento ou diminuição do consumo, causando alterações na depressão – melhora ou piora da depressão –, que levam ao aumento ou diminuição do consumo de álcool, ou outros fatores que levam a alterações na depressão e no consumo.