CONTRACEPTIVO

Anticoncecional altera estrutura cerebral das mulheres

Para muitas mulheres, o uso da pílula anticoncecional faz parte da rotina. E, por causa disso, muitas dúvidas podem surgir a respeito dos seus efeitos no corpo feminino, como alterações de humor e diminuição da libido.

Anticoncecional altera estrutura cerebral das mulheres

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Um novo estudo internacional pode ter encontrado uma explicação para várias alterações sentidas: a pílula altera a estrutura do cérebro das mulheres. De acordo com a investigação, mulheres que utilizam contracetivos orais têm o hipotálamo menor em comparação com aquelas que não o fazem. Esse é o primeiro estudo a avaliar os efeitos da pílula no hipotálamo

Os pesquisadores constataram que essa região do cérebro, responsável por regular apetite, emoções e até mesmo a libido, foi reduzida cerca de seis por cento nessas mulheres.

“Para uma região do cérebro, essa é uma diferença considerável”, comentou Michael Lipton, da Faculdade de Medicina Albert Einstein, nos Estados Unidos, ao Live Science.

A equipa descobriu também que um hipotálamo reduzido pode estar associado ao aumento dos níveis de raiva e sintomas depressivos.

Uma das explicações para esse fenómeno é o facto de que o hipotálamo produz hormonas que regulam o sistema endócrino do corpo e, portanto, ao tomar a pílula, essa parte do cérebro recebe a informação de que não precisa produzir hormonas sexuais.

Estudos anteriores mostraram que essas hormonas promovem o crescimento dos neurónios, ou seja, sem eles, essa função pode ficar prejudicada, provocando redução no tamanho do hipotálamo.

Os resultados são relevantes já que, segundo a Organização da Nações Unidas (ONU), cerca de 150 milhões de mulheres fazem uso de contracetivos orais em todo o mundo.

Apesar disso, os cientistas alertam que não há motivos para preocupações, nem para interromper o uso da pílula, já que essa alteração cerebral não afeta todo o cérebro nem prejudica funções mentais importantes.

“Esses resultados não são para alarmar. Eles podem simplesmente apontar para uma questão que merece mais pesquisas”, acrescentou Lipton. 

Para chegar a essa conclusão, os cientistas recrutaram 50 mulheres, das quais 21 tomavam a pílula combinada (composta por estrogênio sintético e progestina).

Todas as participantes fizeram exames de ressonância magnética, além de participaram de entrevistas online e testes padronizados para avaliar aspetos de humor, personalidade e funções cognitivas.

A análise dos dados mostrou a diferença no tamanho do hipotálamo, mas os pesquisadores ainda não sabem explicar exatamente o porquê de isso acontecer. Além disso, a equipa não foi capaz de provar a relação causal, ou seja, que a pílula de facto pode provocar essa diminuição.

Como o estudo foi pequeno e apresentou apenas resultados preliminares, especialistas da área ressaltaram a importância da cautela na interpretação dessas descobertas.

“A pílula anticoncecional funciona em parte reduzindo a secreção normal de hormonas reprodutivas pelo hipotálamo, portanto, esse achado não é surpreendente e provavelmente reverteria espontaneamente após a interrupção no uso da pílula”, comentou Ali Abbara, do Imperial College de Londres, na Inglaterra, ao Daily Mail. 

Outros especialistas ainda tentam trazer outras hipóteses para os efeitos causados pela pílula. “Mesmo que a diferença de volume seja real, isso não significa que a pílula contracetiva danificou o cérebro. Se um medicamento torna uma parte do cérebro menor, isso pode ser devido a uma mudança de fluido naquela região, em vez de qualquer dano às próprias células cerebrais”, acrescentou Derek Hill, da Universidade College London, na Inglaterra, ao Daily Mail. 

Por enquanto, tanto os cientistas quanto os críticos concordam que serão necessárias mais pesquisas sobre o tema e que nenhuma mulher deve parar de tomar a pílula com base apenas nos resultados desse estudo.

Fonte: Veja

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