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Projeto deteta 54 casos de mutilação genital feminina em Portugal

Nos primeiros seis meses deste ano, foram detetados 54 casos de mutilação genital feminina, quase tantos como em 2018, na sequência do projeto Práticas Saudáveis, de prevenção e combate ao fenómeno, centrado nas estruturas de saúde.

Projeto deteta 54 casos de mutilação genital feminina em Portugal

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O projeto arrancou em novembro de 2018 e está previsto durar dois anos, estando a ser dinamizado a nível local pelas Unidades de Saúde Pública nos cinco Agrupamentos de Centros de Saúde (ACS) que abrangem as áreas com maior prevalência do fenómeno: Almada-Seixal, Amadora, Arco Ribeirinho (concelhos de Alcochete, Barreiro, Moita e Montijo), Loures-Odivelas e Sintra.
 
Vinte e nove profissionais de saúde destes cinco ACS frequentaram a pós-graduação em “Saúde Sexual e Reprodutiva: Mutilação Genital Feminina”, e o objetivo é garantir que cada vez mais médicos e enfermeiros saibam identificar não só casos de mulheres já mutiladas e prestar-lhes os devidos cuidados, como também prevenir novos casos.
 
De acordo com Rosa Monteiro, secretária de Estado para a Cidadania, houve já alguns “casos curiosos” de profissionais de saúde que antes da formação admitiram ter dificuldades em identificar os efeitos físicos da mutilação.
 
Apontou ainda que o enfoque na prevenção é fundamental porque o objetivo é efetivamente erradicar a prática, mas sublinhou que não pode ser negligenciado o facto de as mulheres excisadas precisarem de acompanhamento, apoio e terem necessidades específicas ao nível da saúde sexual e reprodutiva.
 
O médico especialista em saúde pública e responsável pelo projeto Práticas Saudáveis no ACS da Amadora, António Carlos, explicou à Lusa que, em casos extremos, a mutilação genital feminina pode provocar a morte da mulher, mas tem também o efeito de deixar sequelas para toda a vida, tanto físicas como psíquicas, ressalvando que há mesmo casos de mulheres que nem sabem exatamente a que tipo de mutilação foram sujeitas.
 
“Recentemente, fizemos uma intervenção numa escola e no fim houve uma jovem que veio ter connosco e disse: ‘Eu penso que tenho esse problema’. Muitas vezes, elas não sabem que têm esse problema, sabem apenas que lhes aconteceu alguma coisa”, apontou.

Fonte: Lusa

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