Carros ao sol atingem temperaturas mortais no espaço de uma hora
O tablier de um carro estacionado ao sol num dia quente de verão pode chegar a 70° C em cerca de uma hora, uma temperatura potencialmente fatal.
SOCIEDADE E SAÚDE
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Uma hora é também o tempo suficiente para uma criança pequena sofrer lesões devido ao calor ou mesmo morrer por hipertermia - quando o corpo aquece acima de 40° C e não consegue mais arrefecer.
"O nosso estudo não apenas quantifica as diferenças de temperatura dentro dos veículos estacionados à sombra e ao sol, mas também deixa claro que até mesmo estacionar um veículo à sombra pode ser letal para uma criança pequena", alertou a investigadora Nancy Selover, da Universidade do Estado do Arizona, nos Estados Unidos.
Os cientistas usaram seis veículos para realizar vários testes: dois carros pequenos, dois médios e dois grandes e todos de cor prateada.
Durante três dias quentes de verão, com temperaturas acima de 35° C na cidade de Tempe, no Arizona, os investigadores retiraram os carros da exposição total ao sol, colocando-os à sombra durante diferentes períodos de tempo durante o dia e mediram a temperatura do ar interior e as temperaturas das superfícies internas em diferentes partes do dia.
Cada carro foi deixado em cada situação específica durante um período equivalente a uma permanência média de uma pessoa a fazer compras no hipermercado - cerca de uma hora.
Os veículos estacionados ao sol atingiram uma temperatura interna de 46° C no espaço de uma hora. O tablier chegou em média a 69° C, o volante a 53° C e os assentos a 51° C.
Os veículos estacionados à sombra atingiram uma temperatura interna média de 38° C após o período de compras. Os tabliers chegaram a 48° C, os volantes a 42° C e os bancos a 41° C.
Os diferentes tipos de veículos aqueceram em tempos diferentes, com o carro menor a aquecer mais depressa do que os outros.
A idade, peso, problemas de saúde, e outros fatores como as roupas, afetarão como e quando o calor pode tornar-se mortal, acrescentaram os cientistas.
Os autores afirmaram não ser possível prever exatamente quando uma criança sofrerá uma insolação, mas a maioria dos casos envolve uma temperatura corporal do bebé a subir acima de 40° C por um período prolongado.
"Esperamos que esses resultados possam ser aproveitados para a consciencialização e prevenção da insolação pediátrica e a criação e adoção de tecnologias nos veículos para alertar os pais de crianças esquecidas nos carros", concluiu a cientista Jennifer Vanos.