Daratumumab

DCI com Advertência na Gravidez DCI com Advertência no Aleitamento DCI com Advertência na Condução
O que é
Daratumumab pertence ao grupo de medicamentos chamados “anticorpos monoclonais”.

Os anticorpos monoclonais são proteínas que foram desenvolvidas para reconhecer e se ligarem a alvos específicos no organismo.

O daratumumab foi desenvolvido para se ligar a células cancerígenas específicas no organismo, para que o sistema imunitário destrua as células cancerígenas.
Usos comuns
Daratumumab é utilizado em adultos com idade igual ou superior a 18 anos, que tenham um tipo de cancro chamado “mieloma múltiplo”.
Trata-se de um cancro da sua medula óssea.

Daratumumab é utilizado se o cancro não responde a, ou regressa após determinados tratamentos.
Tipo
Biológico.
Indicações
Daratumumab em monoterapia está indicado no tratamento de doentes adultos com mieloma múltiplo em recaída ou refratário, cuja terapêutica anterior tenha incluído um inibidor do proteossoma e um imunomodelador e que tenham demonstrado progressão da doença ao tratamento anterior.
Classificação CFT

16.3 : IMUNOMODULADORES

Mecanismo de ação
O daratumumab é um anticorpo monoclonal (mAc) humano IgG1κ que se liga à proteína CD38 expressa em nível elevado na superfície das células tumorais do mieloma múltiplo, assim como em outros tipos de células ou tecidos a vários níveis. A proteína CD38 tem múltiplas funções, como sejam a de receptor mediador da adesão, sinalizador e actividade enzimática.

O daratumumab tem apresentado uma inibição potente do crescimento in vivo das células tumorais que expressam o CD38. Com base em estudos in vitro, o daratumumab pode utilizar múltiplas funções efetoras, resultando na morte de células tumorais por mediação imunitária. Estes estudos sugerem que o daratumumab consegue induzir a lise de células tumorais por citotoxicidade dependente do complemento, citotoxicidade celular dependente de anticorpos, e por fagocitose celular dependente de anticorpos, em tumores que expressem o CD38. Um subconjunto de células supressoras de origem mielóide (CD38 + CSDM), células T reguladoras (CD38 + Tregs) e células B (CD38 + Bregs) são susceptíveis à lise celular mediada pelo daratumumab.

O daratumumab induz a apoptose in vitro após ligação cruzada mediada pelo Fc. Adicionalmente, o daratumumab modula a actividade enzimática do CD38, inibindo a actividade enzimática da ciclase e estimulando a actividade da hidrolase. O significado destes resultados in vitro no contexto clínico, e as implicações no crescimento do tumor, não estão bem compreendidos.
Posologia orientativa
A dose inicial habitual de Daratumumab é de 16 mg por kg de peso corporal:
- o medicamento será administrado uma vez por semana, durante as primeiras 8 semanas
- em seguida, em intervalos de 2 semanas, durante 16 semanas
- depois disso, continua em intervalos de 4 semanas.
Administração
Daratumumab é administrado por um médico ou enfermeiro.

É administrado gota a gota numa veia (“perfusão intravenosa”) durante várias horas.
Contraindicações
Hipersensibilidade ao Daratumumab.
Efeitos indesejáveis/adversos
Informe imediatamente o médico ou enfermeiro se sentir qualquer um dos seguintes sinais de reacção relacionada com a perfusão, durante ou nos 3 dias após a perfusão. Pode precisar de tomar outros medicamentos, ou pode ser necessário tornar a perfusão mais lenta ou interrompê-la.

Estas reacções são muito frequentes (podem afectar mais de 1 em 10 pessoas)
- arrepios
- garganta irritada, tosse
- mal-estar (náusea)
- nariz entupido, corrimento nasal ou comichão
- sensação de falta de ar ou outros problemas de respiração

Se tiver qualquer uma das reacções relacionadas com a perfusão descritas acima, informe imediatamente o médico ou enfermeiro.

Outros efeitos secundários
Muito frequentes (podem afectar mais de 1 em 10 pessoas):
- febre
- perda de apetite
- sensação de cansaço
- diarreia, obstipação, vómitos
- dor de cabeça
- dor nas costas, articulações, peito, braços ou pernas
- infecção pulmonar (pneumonia)
- infecções nas vias aéreas – tais como nariz, seios nasais ou garganta
- baixo número de glóbulos vermelhos que transportam o oxigénio no sangue (anemia)
- baixo número de glóbulos brancos que ajudam a combater as infecções (neutropenia, linfopenia)
- baixo número de um tipo de células do sangue, chamadas plaquetas, que ajudam na coagulação do sangue (trombocitopenia).
Advertências
Gravidez
Gravidez:
Gravidez:Daratumumab não deve ser utilizado durante a gravidez, a não ser que se considere que o benefício do tratamento para a mulher se sobrepõe aos potenciais riscos para o feto.
Aleitamento
Aleitamento:
Aleitamento:A decisão de descontinuar a amamentação ou de descontinuar a terapêutica com Daratumumab deve ser tomada tendo em consideração o benefício da amamentação para a criança e o benefício do tratamento para a mulher.
Condução
Condução:
Condução:Têm sido notificados casos de fadiga em doentes a receber daratumumab e este facto deve ser tido em consideração durante a condução ou utilização de máquinas
Precauções gerais
Foram notificadas reacções relacionadas com a perfusão (RRP) em, aproximadamente, metade de todos os doentes tratados com Daratumumab. Estes doentes devem ser monitorizados durante toda a perfusão e no período pós-perfusão.

A maioria (95%) das RRPs ocorreu na primeira perfusão. Cinco por cento de todos os doentes tiveram uma RRP em mais do que uma perfusão. Os sintomas incluíram predominantemente (≥5%) congestão nasal, arrepios, tosse, rinite alérgica, garganta irritada, dispneia e náuseas, e foram de intensidade ligeira a moderada. Também foram notificadas RRPs graves (3%), incluindo broncoespasmo (1,3%), hipertensão (0,6%) e hipoxia (0,6%).

Os doentes devem ser pré-medicados com anti-histamínicos, antipiréticos e corticosteróides para reduzir o risco de RRPs antes de iniciar o tratamento com Daratumumab. A perfusão de Daratumumab deve ser interrompida perante a ocorrência de RRPs de qualquer gravidade. Devem ser instituídos cuidados médicos/terapêutica de suporte para as RRPs, conforme necessário. A taxa de perfusão deve ser reduzida quando a perfusão for reiniciada.

Para prevenção de RRPs retardadas, deve administrar-se um corticosteróide oral a todos os doentes, no primeiro e segundo dia após todas as perfusões. Adicionalmente, deve ser considerada a utilização de medicação pós-perfusão (por.ex. corticosteróides de inalação, broncodilatadores de acção curta e longa) em doentes com história de doença pulmonar obstrutiva, para controlar complicações respiratórias que possam ocorrer.

O tratamento com Daratumumab deve ser permanentemente descontinuado em caso de ocorrência de RRPs que coloquem a vida em risco.

O daratumumab liga-se ao CD38 encontrado em níveis baixos nos eritrócitos e pode causar um resultado positivo no teste de Coombs indireto. O resultado positivo no teste de Coombs indireto desencadeado pelo daratumumab pode persistir até 6meses após a última perfusão de daratumumab. Deve ser reconhecido que a ligação do daratumumab aos eritrócitos pode mascarar a detecção de anticorpos contra antigénios menores, no soro do doente. A determinação do grupo sanguíneo ABO/Rh não é afectada.

Os doentes devem ser tipados e rastreados antes de iniciarem tratamento com daratumumab. A fenotipagem deve ser considerada antes do início de tratamento com daratumumab conforme a prática local. A genotipagem de glóbulos vermelhos não é influenciada pelo daratumumab e pode ser realizada em qualquer altura.

No caso de uma transfusão planeada, os centros de transfusão sanguínea devem ser informados desta interferência com os testes da antiglobulina indirecta. Se for necessária uma transfusão de emergência, podem ser administrados eritrócitos ABO/RhD compatíveis, sem prova cruzada, de acordo com as práticas locais do banco de sangue.

O daratumumab é um anticorpo humano monoclonal IgG kappa que pode ser detectado tanto no ensaio de eletroforese de proteínas do soro (EPS) como na imunofixação (IFE) usados para a monitorização clinica da proteína M endógena. Esta interferência pode ter impacto na determinação da resposta completa e da progressão da doença em alguns doentes com proteína IgG kappa do mieloma.
Cuidados com a dieta
Não aplicável.
Resposta à overdose
Procurar atendimento médico de emergência, ou ligue para o Centro de intoxicações.

Não existe nenhuma experiência de sobredosagem em estudos clínicos. Foram administradas doses até 24 mg/kg, por via intravenosa, num estudo clínico.

Não é conhecido nenhum antídoto específico para a sobredosagem de daratumumab. No caso de sobredosagem, o doente deve ser monitorizado quanto a quaisquer sinais e sintomas de efeitos adversos e deve ser imediatamente instituído tratamento sintomático adequado.
Terapêutica interrompida
É muito importante que vá a todas as suas consultas, para se certificar que o tratamento funciona.
Se faltar a uma consulta, marque outra assim que possível.
Cuidados no armazenamento
Daratumumab será conservado no hospital ou clínica.

Conservar no frigorífico (2°C - 8°C).
Não congelar.
Conservar na embalagem de origem para proteger da luz.
Espectro de susceptibilidade e tolerância bacteriológica
Sem informação.
Consultar informação atualizada

Daratumumab + Testes Laboratoriais/Diagnóstico

Observações: Não foram realizados estudos de interacção. Sendo um anticorpo monoclonal IgG1қ, é pouco provável que a excreção renal e a metabolização mediada por enzimas hepáticas do daratumumab inicial representem as principais vias de eliminação. Deste modo, não se espera que a eliminação de daratumumab seja afetada por alterações das enzimas de metabolização de fármacos. Devido à elevada afinidade a um único epítopo no CD38 não se prevê que o daratumumab altere as enzimas de metabolização de fármacos.
Interacções: Interferência com o Teste da Antiglobulina Indireta (Teste de Coombs Indireto): O daratumumab liga-se ao CD38 nos eritrócitos e interfere com os testes de compatibilidade, incluindo rastreio de anticorpos e compatibilidade cruzada. Os métodos de diminuição da interferência do daratumumab incluem tratar os eritrócitos com ditiotreitol (DTT), para romper a ligação ao daratumumab ou outros métodos validados localmente. Dado que o sistema do grupo sanguíneo Kell também é sensível ao tratamento com DTT, devem ser fornecidas unidades Kell negativas após excluir ou identificar aloanticorpos usando eritrócitos tratados com DTT. Alternativamente, pode ser considerada a determinação do fenótipo ou genótipo. Interferência com os testes Eletroforese das Proteínas do Soro e Imunofixação: O daratumumab pode ser detetado nos ensaios de eletroforese de proteínas do soro (EPS) e imunofixação (IFE) usados para monitorizar a imunoglobulina monoclobal (proteína M), da doença. Isto pode resultar num falso positivo nos ensaios EPS e IFE em doentes com proteína IgG kappa do mieloma, influenciando a avaliação inicial de respostas completas pelo critério International Myeloma Working Group (IMWG). Considerar outros métodos para avaliar a profundidade de resposta em doentes com resposta parcial muito boa persistente. - Testes Laboratoriais/Diagnóstico
Identificação dos símbolos utilizados na descrição das Interacções do Daratumumab
Informação revista e atualizada pela equipa técnica do INDICE.EU em: 01 de Março de 2024