Hidroxicarbamida

DCI com Advertência na Gravidez DCI com Advertência no Aleitamento DCI com Advertência na Condução
O que é
A hidroxicarbamida, também conhecida como hidroxiureia, é um medicamento usado na doença falciforme, leucemia mielóide crónica, cancro cervical e trombocitemia essencial.
Na doença falciforme, aumenta a hemoglobina fetal e diminui o número de ataques.
Usos comuns
Tratamento de doenças do sangue (tumores da medula óssea: leucemia mielóide crónica, trombocitemia essencial e policitemia vera).
Tipo
Molécula pequena.
História
A hidroxicarbamida foi aprovada para uso médico nos Estados Unidos em 1967.
Está na Lista de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial de Saúde.
Indicações
Tratamento de doentes com leucemia mielóide crónica (LMC) nas fases crónica ou acelerada da doença.
Tratamento de doentes com trombocitemia essencial ou policitemia vera com elevado risco de complicações tromboembólicas.
Classificação CFT

16.1.9 : Outros citotóxicos

Mecanismo De Acção
O mecanismo de acção exacto da hidroxicarbamida é desconhecido.

O efeito mais importante da hidroxicarbamida parece ser o bloqueio do sistema de reductase de ribonucleotídeos, que resulta na inibição da síntese de ADN.

Normalmente a resistência celular é causada por níveis superiores de reductase dos ribonucleotídeos, em resultado da amplificação genética.
Posologia Orientativa
Adultos:
Na leucemia mielóide crónica, a posologia habitual é de 40 mg/kg de peso corporal por dia.

A posologia é então ajustada individualmente consoante a contagem das células sanguíneas.

Na policitemia vera, a posologia habitual é de 15 – 20 mg de hidroxicarbamida /kg de peso corporal por dia.

A posologia é então ajustada individualmente para 1 – 2 cápsulas (500 – 1000 mg) consoante a contagem das células sanguíneas.

Na trombocitemia essencial, a posologia habitual é de 15 mg/kg de peso corporal diários com ajustamento individual da posologia, consoante a contagem das células sanguíneas.

Posologia no idoso
Os doentes idosos podem ser mais sensíveis aos efeitos da hidroxicarbamida, podendo necessitar de um regime posológico mais baixo.
Administração
Deve beber abundantemente.

As cápsulas devem ser tomadas inteiras, não devendo ser permitido que se desintegrem na boca.

As cápsulas devem ser manuseadas com cuidado.

Deve usar luvas ou lavar bem as mãos depois de manuseá-las.

Mesmo se os riscos para o feto sejam mínimos, é preferível que as mulheres grávidas evitem manusear as cápsulas.
Contra-Indicações
A Hidroxicarbamida está contra-indicada na depressão grave da medula óssea, leucocitopenia (< 2,5 x 109 leucócitos/l), trombocitopenia (< 100 x 109 plaquetas/l) ou anemia grave.

Hipersensibilidade à Hidroxicarbamida.

Em caso de ocorrência de hipersensibilidade à Hidroxicarbamida, a terapia deve ser interrompida.
Efeitos Indesejáveis/Adversos
As queixas gastrointestinais são comuns, mas raramente requerem redução da dose ou cessação do tratamento.

Frequentes (em mais de 1 em 100, mas menos de 1 em 10 doentes)
• Diminuição do número de todas as células sanguíneas, sobretudo dos glóbulos brancos, megaloblastose (glóbulos vermelhos imaturos grandes).
• Diarreia, obstipação

Pouco frequentes (em mais de 1 em 1.000, mas menos de 1 em 100 doentes)
• Diminuição da contagem de glóbulos vermelhos e de plaquetas.
• Náuseas, vómitos, anorexia, lesões da boca
• Febre do fármaco, arrepios, sensação de desconforto (mal-estar)
• Erupção da pele com máculas e pápulas, rubor inflamatório da face e rubor inflamatório das mãos e pés
• Elevação das enzimas hepáticas e bilirrubina (produto da degradação do pigmento vermelho do sangue)
• Diminuição da função renal, com elevação de certos parâmetros sanguíneos (ácido úrico, ureia e creatinina)

Raros (em mais de 1 em 10.000, mas em menos de 1.000 doentes)
• Reacções alérgicas
• Queda de cabelo
• Reacções pulmonares agudas e reacções pulmonares alérgicas (reconhecidas pela tosse, febre e falta de ar)
• Dificuldades em fazer passar a urina
• Cefaleia, tonturas, desorientação, alucinações e espasmos musculares
• Complicações metabólicas devido aos produtos da degradação das células cancerígenas (síndrome de lise tumoral)

Muitos raros (em menos de 1 em 10.000 doentes)
• Alterações da pele do tipo dermatomiosite (uma doença do tecido conjuntivo), hiperpigmentação ou atrofia da pele e unhas, úlceras na pele (especialmente úlceras nas pernas), comichão, espessamento e descamação da pele (ceratose actínica), cancro da pele, pápulas violeta, escamação (exfoliação da pele)
• Problemas renais

As doses elevadas podem causar sonolência moderada.
No caso de fazer um tratamento a longo prazo com hidroxicarbamida, pode desenvolver-se leucemia secundária (cancro no sangue).

Actualmente, desconhece-se até que ponto isto se relaciona com a doença subjacente ou com o tratamento com hidroxicarbamida.
Advertências
Gravidez
Gravidez
Gravidez:Não deve ser administrada hidroxicarbamida a doentes grávidas, a não ser que os benefícios ultrapassem os riscos possíveis.
Aleitamento
Aleitamento
Aleitamento:O aleitamento tem de ser interrompido antes do início do tratamento.
Condução
Condução
Condução:A capacidade para reagir pode estar diminuída durante o tratamento com Hidroxicarbamida. Isto deve ser tomado em consideração sempre que é necessária mais atenção, por exemplo durante a condução.
Precauções Gerais
A hidroxicarbamida pode provocar depressão da medula óssea, sendo a leucopenia o primeiro e mais frequente sinal que ocorre com essa depressão.

A trombocitopenia e a anemia ocorrem menos frequentemente e raramente sem serem precedidas de leucopenia.

Devem ser realizadas contagens sanguíneas completas, incluindo a determinação do nível de hemoglobina, contagens leucocitárias totais diferenciais e contagens de plaquetas, com regularidade, incluindo após ter sido determinada a melhor dose individual.

O intervalo de controlo deve ser individualizado, mas normalmente é de uma vez por semana.

No caso da contagem de glóbulos brancos descer abaixo de 2,5 x 109/l, ou da contagem de plaquetas descer abaixo de 100 x 109/l, a terapia deve ser interrompida até as contagens subirem significativamente para o normal.

No caso de anemia antes ou durante o tratamento, os glóbulos vermelhos do sangue podem ser substituídos em caso de necessidade.

Muitas vezes no início da terapia com hidroxicarbamida ocorre eritropoiese megaloblástica, a qual é auto-limitante.

A alteração morfológica é semelhante à anemia perniciosa, não está relacionada com deficiências de vitamina B12 nem de ácido fólico.

Durante a terapia com hidroxicarbamida devem ser realizadas monitorizações frequentes das contagens sanguíneas, assim como das funções hepática e renal.

A experiência com doentes com diminuição das funções renal e/ou hepática é limitada.

Por conseguinte, devem ser tomadas precauções no tratamento desses doentes, sobretudo no início da terapia.

Os doentes devem ser instruídos no sentido de beberem abundantemente.

Nos doentes que recebem tratamento a longo prazo com hidroxicarbamida para perturbações mieloproliferativas tais como policitemia vera e trombocitemia, pode desenvolver-se leucemia secundária.

Actualmente desconhece-se até que ponto isto se relaciona com a doença subjacente ou com o tratamento.

É aconselhável a monitorização das alterações cutâneas durante o tratamento com hidroxicarbamida, pois em casos individuais verificou-se carcinoma das células escamosas da pele.

A hidroxicarbamida pode induzir úlceras dolorosas nas pernas, que de modo geral são difíceis de tratar e requerem a cessação da terapia.

A interrupção da hidroxicarbamida normalmente conduz à resolução lenta das úlceras durante algumas semanas.

A hidroxicarbamida deve ser administrada com precaução aos doentes que concomitantemente recebam, ou tenham recebido terapia prévia, com outros fármacos antineoplásicos ou com radiação, pois podem ocorrer reacções adversas com maior frequência e mais graves do que as verificadas apenas com a utilização de hidroxicarbamida, de outros fármacos antineoplásicos, ou de radiação.

Estes efeitos incluem sobretudo depressão da função da medula óssea, irritação gástrica e mucosite.

Pode ocorrer exacerbação do eritema causado por irradiação anterior ou simultânea.

A associação de hidroxicarbamida com os nucleósidos inibidores da transcriptase reversa (NRTI) pode aumentar o risco de efeitos secundários dos NRTI.

A hidroxicarbamida pode ser genotóxica.

Por conseguinte, durante o tratamento, bem como nos três meses após a cessação da terapia, é aconselhável que os homens tomem medidas contraceptivas seguras.

Antes do inicio da terapia devem ser informados sobre a possibilidade de conservação de esperma.

Não deve ser administrada hidroxicarbamida a doentes grávidas nem a mães durante o aleitamento, a menos que os benefícios ultrapassem os possíveis perigos.
Cuidados com a Dieta
Deve beber abundantemente.
Não interfere com alimentos e bebidas.
Terapêutica Interrompida
É importante cumprir o programa de medicação exactamente como foi receitado pelo médico.
No caso de se ter esquecido de tomar uma dose, continue o tratamento receitado.
Caso se tenha esquecido de várias doses, continue o tratamento receitado, mas contacte o seu médico.
Cuidados no Armazenamento
Mantenha todos os medicamentos fora do alcance de crianças e animais de estimação.

Não deite fora quaisquer medicamentos na canalização ou no lixo doméstico. Pergunte ao seu médico, enfermeiro ou farmacêutico como deitar fora os medicamentos que já não utiliza. Estas medidas ajudarão a proteger o ambiente.
Espectro de susceptibilidade e Tolerância Bacteriológica
Sem informação.
Potenciadora do efeito Terapêutico/Tóxico

Hidroxicarbamida Mielossupressores

Observações: Não foram efetuados estudos de interacção específicos com a hidroxicarbamida.
Interacções: A utilização concomitante da hidroxicarbamida com outros fármacos mielossupressores ou radioterapia pode aumentar a probabilidade da depressão da medula óssea, distúrbios gastrointestinais ou mucosite. - Mielossupressores
Potenciadora do efeito Terapêutico/Tóxico

Hidroxicarbamida RADIOTERAPIA

Observações: Não foram efetuados estudos de interacção específicos com a hidroxicarbamida.
Interacções: A utilização concomitante da hidroxicarbamida com outros fármacos mielossupressores ou radioterapia pode aumentar a probabilidade da depressão da medula óssea, distúrbios gastrointestinais ou mucosite. Um eritema que tenha sido consequente da radioterapia pode ser agravado pela hidroxicarbamida. - RADIOTERAPIA
Potencialmente Grave

Hidroxicarbamida Anti-retrovirais

Observações: Não foram efetuados estudos de interacção específicos com a hidroxicarbamida.
Interacções: Foram referidos casos de pancreatite e hepatoxicidade potencialmente fatais bem como neuropatia periférica grave em doentes infetados com o VIH que receberam hidroxicarbamida em combinação com medicamentos antirretrovirais, particularmente didanosina e estavudina. - Anti-retrovirais
Potencialmente Grave

Hidroxicarbamida Didanosina

Observações: Não foram efetuados estudos de interacção específicos com a hidroxicarbamida.
Interacções: Foram referidos casos de pancreatite e hepatoxicidade potencialmente fatais bem como neuropatia periférica grave em doentes infetados com o VIH que receberam hidroxicarbamida em combinação com medicamentos antirretrovirais, particularmente didanosina e estavudina. Os doentes tratados com hidroxicarbamida em combinação com didanosina, estavudina e indinavir apresentaram uma diminuição média de células CD4 de aproximadamente 100/mm3. - Didanosina
Potencialmente Grave

Hidroxicarbamida Estavudina

Observações: Não foram efetuados estudos de interacção específicos com a hidroxicarbamida.
Interacções: Foram referidos casos de pancreatite e hepatoxicidade potencialmente fatais bem como neuropatia periférica grave em doentes infetados com o VIH que receberam hidroxicarbamida em combinação com medicamentos antirretrovirais, particularmente didanosina e estavudina. Os doentes tratados com hidroxicarbamida em combinação com didanosina, estavudina e indinavir apresentaram uma diminuição média de células CD4 de aproximadamente 100/mm3. - Estavudina
Potencialmente Grave

Hidroxicarbamida Indinavir

Observações: Não foram efetuados estudos de interacção específicos com a hidroxicarbamida.
Interacções: Os doentes tratados com hidroxicarbamida em combinação com didanosina, estavudina e indinavir apresentaram uma diminuição média de células CD4 de aproximadamente 100/mm3. - Indinavir
Potenciadora do efeito Terapêutico/Tóxico

Hidroxicarbamida Vacinas vivas

Observações: Não foram efetuados estudos de interacção específicos com a hidroxicarbamida.
Interacções: A utilização concomitante de hidroxicarbamida com uma vacina de vírus vivo pode potenciar a replicação do vírus da vacina e/ou pode aumentar a reação adversa do vírus da vacina, devido ao facto dos mecanismos normais de defesa poderem ser suprimidos pela terapêutica com hidroxicarbamida. A vacinação com uma vacina viva num doente tratado com hidroxicarbamida pode resultar em infecções graves. De um modo geral, a resposta dos anticorpos do doente às vacinas pode estar diminuída. O tratamento com hidroxicarbamida e a imunização concomitante com vacinas de vírus vivos só deve ocorrer se os benefícios forem claramente superiores aos potenciais riscos. - Vacinas vivas
Consultar informação actualizada

Hidroxicarbamida Testes Laboratoriais/Diagnóstico

Observações: Não foram efetuados estudos de interacção específicos com a hidroxicarbamida.
Interacções: Estudos têm mostrado que existe uma interferência analítica de hidroxicarbamida com as enzimas (urease, uricase e desidrogenase láctica) utilizadas na determinação da ureia, ácido úrico e ácido láctico, resultando em falsos resultados elevados em pacientes tratados com hidroxicarbamida. - Testes Laboratoriais/Diagnóstico
Identificação dos símbolos utilizados na descrição das Interacções da Hidroxicarbamida
Informe o seu Médico ou Farmacêutico se estiver a tomar ou tiver tomado recentemente outros medicamentos, incluindo medicamentos obtidos sem receita médica (OTC), Produtos de Saúde, Suplementos Alimentares ou Fitoterapêuticos.

Não deve ser administrada hidroxicarbamida a doentes grávidas, a não ser que os benefícios ultrapassem os riscos possíveis.

As mulheres em idade fértil devem tomar precauções contraceptivas antes do início e durante o tratamento com hidroxicarbamida.

Em caso de ocorrência de gravidez durante o tratamento, deve ser considerada a possibilidade da consulta de genética.

O aleitamento tem de ser interrompido antes do início do tratamento.

A hidroxicarbamida pode ser genotóxica, por conseguinte, se uma doente pretender engravidar após uma terapia com hidroxicarbamida, recomenda-se uma consulta de genética.

Os homens em terapia são aconselhados a tomar medidas contraceptivas seguras durante, e pelo menos 3 meses após a terapia.

Antes do início da terapia devem ser informados da possibilidade de conservação de esperma.

A capacidade para reagir pode estar diminuída durante o tratamento com Hidroxicarbamida.

Isto deve ser tomado em consideração sempre que é necessária mais atenção, por exemplo durante a condução e utilização de máquinas.
Informação revista e actualizada pela equipa técnica do INDICE.EU em: 11 de Novembro de 2021