Fosfolípidos

O que é
Os fosfolípidos, ou fosfolipídios são lípidos que contêm ácido fosfórico como mono ou diéster.

São constituidos por uma molécula de glicerol, duas (ou uma) cadeias de ácidos gordos (uma saturada e uma insaturada), um (ou dois) grupo fosfato e uma molécula polar a ele ligada. Neste grupo estão incluídos os ácidos fosfatídicos e os fosfoglicerídios.

São moléculas anfipáticas, isto é, possuem uma cabeça constituida pelo grupo fosfato que é polar ou hidrofílico (tem afinidade por água) e uma cauda constituída pelas cadeias de ácidos gordos apolar ou hidrofóbica, isto é que repele a água. Essa característica é fundamental para estabelecer uma interface entre o meio intracelular e o meio extracelular.

Apresenta-se como uma suspensão estéril, não pirogénica, desurfactante pulmonar, para uso intratraqueal.

É um extracto natural de pulmões de bovinos, suplementado com colfosceril palmitato (dipalmitoilfosfatidilcolina), ácido palmítico e tripalmitina para padronizar a composição e imitar as propriedades de diminuição de tensão superficial surfactante natural dos pulmões, estabilizando os alvéolos contra colapso sem pressões transpulmonares no repouso.

Este medicamento restabelece a actividade da superfície alveolar nos pulmões de bebés prematuros que apresentam a Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR), causada pela deficiência de surfactante pulmonar endógeno.
Usos comuns
É indicado para prevenção e tratamento da Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) ou Doença da Membrana Hialina (DMH) neonatal.

Este medicamento reduz significativamente a incidência de RDS, a mortalidade e as complicações daí resultantes por vazamentos de ar.

Prevenção: em bebés prematuros com peso corporal abaixo de 1250 g ou com evidência de deficiência de surfactante, administrar este medicamento assim que possível, preferencialmente dentro de 15 minutos pós-parto.

Tratamento: para tratar bebés com SDR confirmada por raio-X e com necessidade de ventilação mecânica, administrar este medicamento assim que possível, preferencialmente antes de completar 8 horas de vida.
Tipo
Sem informação.
História
Sem informação.
Indicações
Uso Pediátrico: Está indicado para prevenção e tratamento da Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) neonatal.
Classificação CFT

5.3 : Tensioativos (surfatantes) pulmonares

Mecanismo De Acção
O surfatante pulmonar endógeno diminui a tensão da superfície alveolar durante a respiração, estabilizando os alvéolos contra colapsos em pressões transpulmonares no repouso.

A deficiência do surfatante pulmonar causa a Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) em neonatos prematuros. Este medicamento repõe o surfatante e restabelece a actividade da superfície alveolar nos pulmões desses neonatos.

In vitro, este medicamento diminui a tensão superficial mínima dos alvéolos para menos de 8 dinas/cm, conforme medido pelo surfatómetro de bolha pulsante e estabilizador de superfície Wilhelmy.

In situ, este medicamento restabelece a complacência pulmonar em pulmões extirpados de ratos com deficiência de surfatante provocada artificialmente.

In vivo, uma dose única deste medicamento melhora a medida da pressão-volume dos pulmões, a complacência pulmonar e a oxigenação em coelhos e ovelhas prematuros.

Este medicamento é administrado directamente nos órgãos-alvos, os pulmões, onde o efeito biofísico ocorre na superfície alveolar.

Em coelhos e cordeiros prematuros com deficiência de surfatante, a depuração alveolar de componentes lipídicos rádio-marcados deste medicamento é rápida.

A maioria das doses incorpora-se ao pulmão poucas horas após a administração, e os lípidos seguem as mesmas vias de reutilização e reciclagem do surfatante endógeno.

Em animais adultos surfatante suficientes, a depuração deste medicamento é mais rápida do que em animais jovens e prematuros. Existe menos reutilização e reciclagem de surfatante em animais adultos.

Experiências limitados em animais não demonstraram efeitos deste medicamento no metabolismo do surfatante endógeno.

Incorporação do precursor e subsequente secreção de fosfatidilcolina saturada em ovelhas prematuras não são alteradas pelo tratamento com este medicamento.

Não há informação disponível sobre o metabolismo de proteínas associadas ao surfatante deste medicamento. O metabolismo em humanos não foi estudado.
Posologia Orientativa
A dose é de 100 mg de fosfolípidos/kg de peso corporal (4 mL/kg).

O Médico estabelecerá a dose adequada para o bebé de acordo com o esquema de doses recomendado, baseado no seu peso corporal.

Quatro doses podem ser administradas nas primeiras 48 horas de vida. As doses não devem ser administradas com intervalo entre elas inferior a 6 horas.

O frasco-ampola é de dose única. Após a abertura, a medicação não utilizada deve ser eliminada.
Administração
Este medicamento está indicado somente para administração intratraqueal.

Deve ser administrado sob a supervisão de profissionais qualificados, com experiência em intubação, procedimentos de ventilação e cuidados gerais de bebés prematuros.

Uma melhoria acentuada na oxigenação, com consequente redução das necessidades de ventilação, geralmente ocorre minutos após a instilação do surfatante.

O responsável pela administração deste medicamento deve permanecer com o bebé o tempo necessário para assegurar a sua estabilidade.

Bebés a receber este medicamento devem ser frequentemente monitorizados através de medidas arteriais ou transcutâneas de oxigénio e dióxido de carbono sistémicos.

Manter o frasco no cartucho até ao exato momento de uso. Antes da administração, o produto deve ser deixado pelo menos 20 minutos à temperatura ambiente, ou aquecido nas mãos durante pelo menos 8 minutos.

Métodos artificiais de aquecimento não devem ser usados.

Quando uma dose de prevenção for administrada, a preparação deste medicamento deve ser iniciada antes do nascimento do bebé.
Contra-Indicações
Hipersensibilidade ao Fosfolípidos.
Efeitos Indesejáveis/Adversos
As reacções adversas mais frequentes estão associadas ao procedimento de administração do medicamento, que requer prévia intubação endotraqueal do paciente.

Bradicardia transitória (diminuição na frequência cardíaca) foi observada em 11,9% das administrações. A dessaturação de oxigénio ocorreu em 9,8% das administrações.

Outras reacções durante o procedimento de administração ocorreram em menos de 1% das doses e incluíram refluxo do tubo endotraqueal, palidez, vasoconstrição (contração dos vasos sanguíneos), hipotensão (pressão arterial baixa), bloqueio do tubo endotraqueal, hipertensão (pressão arterial alta), hipocapnia (diminuição do gás carbónico no sangue arterial), hipercapnia (aumento do gás carbónico no sangue arterial) e apnéia.

Nenhum caso de morte foi observado durante o procedimento de administração e todas as reacções desapareceram com tratamento sintomático.

Em estudos clínicos controlados, não houve alteração nos testes laboratoriais comuns (contagem de glóbulos brancos, sódio, potássio, bilirrubina e creatinina séricos) com a administração deste medicamento.

Sobre o uso deste medicamento: a ocorrência de doenças concomitantes comuns em bebés prematuros foi avaliada em estudos controlados.

Os eventos foram: persistência do canal arterial, hemorragia intracraniana, hemorragia intracraniana grave, escapes de ar pulmonar, enfisema pulmonar intersticial, enterocolite necrotizante, apnéia, apnéia grave, sepse pós-tratamento, infecção pós-tratamento e hemorragia pulmonar.

Quando da análise conjunta de todos os estudos controlados, não houve diferença quanto à hemorragia intracraniana.

Entretanto, em um dos estudos com dose única de tratamento e em um dos estudos de múltiplas doses de prevenção, a frequência de hemorragia intracraniana foi significativamente maior nos pacientes do grupo deste medicamento quando comparado ao grupo controle.

Em estudos clínicos controlados, não houve alteração nos testes laboratoriais comuns (contagem de glóbulos brancos, sódio, potássio, bilirrubina e creatinina séricos) com a administração deste medicamento.

Sabe-se que ocorrem diversas outras complicações em bebés prematuros.

As frequências das complicações não foram diferentes entre os bebés tratados e os bebés controles, e nenhuma das complicações foi atribuída a este medicamento.

As seguintes condições foram relatadas em estudos clínicos controlados:
Respiratórias: consolidação do pulmão, sangramento proveniente do tubo endotraqueal, deteriorização após desmame, descompensação respiratória, estenose subglótica, paralisia diafragmática, insuficiência respiratória.

Cardiovasculares: hipotensão (pressão arterial baixa), hipertensão (pressão arterial alta), taquicardia, taquicardia ventricular, trombose aórtica, insuficiência cardíaca, paragem cardio-respiratória, pulso apical aumentado, circulação fetal persistente, embolismo, retorno venoso pulmonar total anómalo.

Gastrintestinais: distensão abdominal, hemorragia, perfurações intestinais, vólvulo (enrolamento ou torção de um órgão), enfarto intestinal, intolerância alimentar, insuficiência hepática, úlcera de stress.

Renais: insuficiência renal, hematúria (sangue na urina).

Hematológicas: coagulopatia (distúrbios da coagulação sanguínea), trombocitopenia (redução do número de plaquetas no sangue), coagulação intravascular disseminada.

Sistema nervoso central: convulsões.

Endócrinas/ metabólicas: hemorragia adrenal, secreção inapropriada de hormona antidiurético, hiperfosfatemia (aumento dos níveis de fósforo no sangue).

Músculo-esqueléticas: hernia inguinal.

Sistémicas: febre, deterioração.

Nenhuma complicação ou sequela de terapia por longo prazo foi observada com este medicamento.
Advertências

Sem informação.

Precauções Gerais
Este medicamento pode afectar rapidamente a oxigenação e a complacência pulmonar. Portanto, o seu uso deve ser restrito a instalações clínicas rigorosamente supervisionadas, com disponibilidade imediata de pessoal médico e de enfermagem experientes em intubação e cuidados gerais de bebés prematuros.

O responsável pela administração deste medicamento deve permanecer com o bebé o tempo necessário para assegurar a sua estabilidade.

Bebés a receber este medicamento devem ser frequentemente monitorizados através de medidas arteriais ou transcutâneas de oxigênio e dióxido de carbono sistémicos.

Durante o procedimento de administração, podem ocorrer episódios transitórios de bradicardia (diminuição na frequência cardíaca) e diminuição da saturação de oxigénio. Neste caso, interromper a administração e adoptar medidas apropriadas para aliviar essa condição. Após estabilização do neonato, reiniciar o procedimento de administração.

Gerais: roncos, estertores bolhosos ou crepitantes podem ocorrer transitoriamente após a administração de Survanta (beractanto).

Geralmente, não é necessária aspiração endotraqueal ou outras medidas, a menos que sinais claros de obstrução das vias aéreas estejam presentes.

Uma elevada probabilidade de sepse nosocomial pós-tratamento foi observada em estudos clínicos controlados em bebés tratados com beractanto.

O elevado risco de sepse, entretanto, não foi associado com taxa de mortalidade aumentada nesses bebés.

Os organismos causadores foram similares em bebés tratados e em bebés controles, não havendo diferença significativa entre grupos na frequência de infecções póstratamento outras que sepse.

O uso deste medicamento em bebés com peso abaixo de 600 g ou acima de 1750 g não foi avaliado em estudos controlados.

Não existe experiência com o uso deste medicamento associado a terapias experimentais para SDR (ex: ventilação de alta frequência ou oxigenação de membrana extracorpórea).

Não existem informações sobre os efeitos de doses diferentes que 100 mg de fosfolípides/kg, mais de 4 doses, doses mais frequentes do que a cada 6 horas, ou administração após 48 horas de vida.

Carcinogénese, mutagénese, dano à fertilidade: este medicamento em até 500 mg de fosfolípides/kg/dia foi administrado subcutaneamente em ratos prematuros durante 5 dias.

Os ratos reproduziram-se normalmente, não havendo efeitos adversos observáveis em seus descendentes.

Estudos de mutagenicidade foram negativos.
Estudos de carcinogenicidade não foram realizados com este medicamento.

Uso em idosos, crianças e outros grupos de risco
O beractanto não é indicado para adultos.

Também não se sabe se o beractanto pode causar dano ao feto quando administrado a mulheres grávidas ou se pode comprometer a capacidade reprodutiva.

Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica.
Cuidados com a Dieta
Não aplicável.
Terapêutica Interrompida
Não aplicável.
Cuidados no Armazenamento
Conservar a temperatura entre 2 a 8°C e proteger da luz.
Este medicamento é armazenado em meio hospitalar.
Espectro de susceptibilidade e Tolerância Bacteriológica
Sem informação.
Informe o seu Médico ou Farmacêutico se estiver a tomar ou tiver tomado recentemente outros medicamentos, incluindo medicamentos obtidos sem receita médica (OTC), Produtos de Saúde, Suplementos Alimentares ou Fitoterapêuticos.
Informação revista e actualizada pela equipa técnica do INDICE.EU em: 11 de Novembro de 2021