Fomivirsen

DCI com Advertência na Gravidez DCI com Advertência no Aleitamento DCI com Advertência na Condução
O que é
O Fomivirsen é um medicamento antivírico que bloqueia a replicação do citomegalovírus (CMV).
O Fomivirsen afecta apenas o material genético do vírus que existe a nível ocular, não afectando as células humanas.

O Fomivirsen está indicado no tratamento local da retinite por CMV em doentes com Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA).

A retinite por CMV é uma infecção ocular provocada pelo vírus citomegalovírus (CMV) que atinge a camada de fotoreceptores que existe na parte posterior do olho (retina).

O CMV é um vírus tipo herpes.

Em adultos saudáveis, o CMV causa normalmente uma infecção ligeira.

Nestas situações não é necessário qualquer tipo de tratamento.

Já os doentes com Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) apresentam um risco elevado de vir a desenvolver retinite por CMV ou outras patologias causadas por CMV.

O CMV ataca a retina do olho, podendo provocar alterações da visão e causar cegueira.

A retinite por CMV tem que ser tratada de forma a reduzir o risco de cegueira.
Usos comuns
Para tratamento local da retinite por citomegalovírus (CMV) em doentes com síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA).

Até que se tenha adquirido mais experiência, o fomivirsen deverá ser usado apenas quando outras terapias tenham sido consideradas ineficazes ou inadequadas.
Tipo
Biotecnologia.
História
O fomivirsen foi descoberto no NIH e foi licenciado e inicialmente desenvolvido pela Isis Pharmaceuticals, que posteriormente o licenciou para a Novartis.
Foi licenciado pela FDA para CMV em agosto de 1998 e foi o primeiro medicamento antisense aprovado.
A Novartis retirou a autorização de comercialização na UE em 2002 e nos EUA em 2006.
O medicamento foi retirado porque, embora houvesse uma grande necessidade não atendida de medicamentos para tratar o CMV quando o medicamento foi inicialmente descoberto e desenvolvido devido ao surgimento do CMV em pessoas com AIDS, o desenvolvimento da HAART reduziu drasticamente o número de casos de CMV.
Indicações
Para tratamento local da retinite por citomegalovírus (CMV) em doentes com síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA).

Até que se tenha adquirido mais experiência, o fomivirsen deverá ser usado apenas quando outras terapias tenham sido consideradas ineficazes ou inadequadas.
Classificação CFT

15.1.3 : Antivíricos

Mecanismo De Acção
O fomivirsen é um oligonucleótido de fosfotioatos desenvolvido para inibir a replicação do citomegalovírus humano através de um mecanismo ”antisense”.

A sequência de nucleótidos do fomivirsen é complementar a uma sequência do transcrito de RNA mensageiro da região precoce imediata major 2 (IE2) do citomegalovírus humano.

Esta região do RNA mensageiro codifica várias proteínas responsáveis pela regulação da expressão genética viral, essenciais à replicação do CMV infeccioso.

Crê-se que a inibição (in vitro) da replicação do vírus e a síntese das proteínas IE2 resultam da ligação do fomivirsen ao RNA mensageiro alvo.

Estudos in vitro mostraram que o mecanismo não-anti-senso pode contribuir para a actividade total antiviral.
Posologia Orientativa
Patologia de diagnóstico recente:
Dever-se-ão administrar três injecções intravítreas de 165 µg/olho (0,025 ml) por olho, uma injecção por semana, em semanas consecutivas, como tratamento de indução.

Em seguida, como tratamento de manutenção, dever-se-á administrar uma injecção intravítrea de 165 µg, de duas em duas semanas.

Patologia previamente tratada:
Dever-se-ão administrar duas injecções intravítreas de 330 µg/olho (0,05 ml) por olho, em semanas alternadas, como tratamento de indução.

Como tratamento de manutenção, dever-se-á administrar uma injecção intravítrea de 330µg, de quatro em quatro semanas.
Administração
Uso intra-ocular.

O tratamento com Fomivirsen deve ser administrado apenas por oftalmologistas experientes em injecções intravítreas.

Fomivirsen destina-se exclusivamente a injecção intravítrea.

Antes do tratamento é necessária a aplicação de anestesia local comum e de terapêutica antimicrobiana no olho afectado.

O tratamento com fomivirsen inclui uma fase de indução e outra de manutenção.

A dose a usar em cada uma destas fases depende do estadio da retinite por CMV antes do tratamento (CMVR).

No caso de patologia de diagnóstico recente, a dose recomendada é de 165 µg/olho (0,025 ml).

No caso de doença já previamente tratada, a dose recomendada é de 330 µg/olho (0,05 ml).

Se ocorrer inflamação grave intra-ocular, recomenda-se que a terapia com Fomivirsen seja suspendida até que a inflamação melhore.
Contra-Indicações
Está contra-indicado em doentes com hipersensibilidade ao fomivirsen.
O Fomivirsen também está contra-indicado em situações em que seja de evitar injecções intravítreas como, por exemplo, em infecções oculares externas.
Efeitos Indesejáveis/Adversos
Devido à administração intravítrea local do fomivirsen, e à ausência de exposição sistémica, os efeitos adversos restringem-se apenas ao(s) olho(s) tratado(s).

Os efeitos oculares e a incidência de ocorrência dos mesmos são como se segue:
Frequente (≥5%)
Dose de 165 µg: visão alterada, inflamação da câmara anterior, visão enevoada, catarata, dor ocular, aumento da pressão intra-ocular, perturbações retinianas, perturbação vítrea.

Dose de 330 µg: visão alterada, inflamação da câmara anterior, visão enevoada, catarata, hemorragia conjuntival, dor ocular, corpos flutuantes, aumento da pressão intra-ocular, descolamento da retina, edema da retina, hemorragia retiniana, uveíte, vitríte.

Frequente (≥1 - <5%)
Dose de 165 µg: hemorragia conjuntival, conjuntivite, edema da córnea, edema macular cistóide, irritação ocular, corpos flutuantes, microangiopatia ocular por VIH, diminuição da visão periférica, fotofobia, descolamento da retina, edema da retina, hemorragia retiniana, ponteado do epitélio pigmentar da retina, perturbação vascular da retina, uveíte, hemorragia vítrea, vitríte.

Dose de 330 µg: conjuntivite, hiperemia conjuntival, opacidade da córnea, olho seco, irritação ocular, palidez ocular, queratite, depósitos pigmentares no cristalino, perturbação do nervo óptico, celulite orbital, fotopsia, perturbação da retina, redução da acuidade visual.

Raro (<1%)
Dose de 165 µg: blefarite, cromatopsia, anomalopia, hiperemia conjuntival, lesão na córnea, cegueira nocturna, visão de saturação das cores, endoftalmite, perturbação ocular, hifema, hipotonia, reacção no local da injecção, lacrimejo, queratite, fotopsia, perturbação da pupila, exsudado retiniano, redução da acuidade visual.

Inflamação intra-ocular: A inflamação intra-ocular (incluindo inflamação da câmara anterior, uveíte e vitríte) é o efeito adverso referido com mais frequência.

A inflamação não está relacionada com a dose, por exemplo, foi observada inflamação da câmara anterior em 10% dos olhos tratados com a dose de 165 µg e em 7% dos olhos com a dose de 330 µg.

As reacções inflamatórias ocorrem com maior frequência durante o tratamento de indução.

Alterações da pressão intra-ocular: Os aumentos passageiros da pressão intra-ocular ocorrem com a mesma incidência nos olhos tratados com doses de 330 µg ou com doses de 165 µg.

Trata-se, frequentemente, de ocorrências passageiras que se manifestam uma única vez.

Na maioria dos casos, a pressão volta aos valores normais sem qualquer tratamento, ou mediante a utilização temporária de medicações tópicas.

Descolamentos da retina: Os descolamentos da retina ocorrem com relativa frequência na retinite por CMV, após injecções intravítreas de fomivirsen.

A incidência de descolamentos da retina foi de 3,6% no grupo tratado com doses de 165µg, e de 10% no grupo tratado com doses de 330 µg.

A maior taxa de incidência observada em olhos tratados com doses de 330µg não foi inesperada, uma vez que estes olhos já tinham sido tratados anteriormente a retinite refractária por CMV e apresentavam uma história clínica de outras complicações oculares de SIDA.

Edema da retina: Foram referidos casos de edema da retina tanto com doses de fomivirsen de 165 µg (4% dos olhos) como de 330 µg (7% dos olhos).

Também foram referidos casos de edema macular cistóide.

Anomalias visuais: Foram referidos casos de redução da acuidade visual e de visão de saturação das cores que ocorreram independentemente ou concomitantemente com sinais de inflamação intra-ocular.

Situações de visão enevoada, fotofobia, fotopsia, corpos flutuantes e dor ocular são frequentemente referidas, tanto antes do tratamento, como durante o tratamento com fomivirsen.

Em 5 casos (7%) os doentes tratados com a dose de 165 µg foram retirados do tratamento devido aos efeitos adversos oculares manifestados.

10% dos doentes tratados com a dose de 330 µg de fomivirsen foram retirados do tratamento devido aos efeitos adversos oculares manifestados.
Advertências
Gravidez
Gravidez
Gravidez:O fomivirsen só deve ser utilizado durante a gravidez se as eventuais vantagens justificarem qualquer risco potencial.
Condução
Condução
Condução:Após administração do fomivirsen por injecção intravítrea os doentes podem experimentar, temporariamente, a visão enevoada, pelo que não devem conduzir veículos ou manobrar máquinas enquanto esta situação não se resolver.
Aleitamento
Aleitamento
Aleitamento:O fomivirsen só deve ser utilizado durante o aleitamento se as eventuais vantagens justificarem qualquer risco potencial.
Precauções Gerais
O fomivirsen constitui uma terapêutica local limitada ao olho tratado.

Os doentes com SIDA e com retinite por CMV num dos olhos apresentam um risco aumentado de desenvolvimento da mesma patologia no olho contralateral, devendo o mesmo ser atentamente vigiado.

Deve-se também avaliar a existência de infecção extra-ocular por CMV, dando início a um tratamento sistémico se for necessário.

Tal como acontece com qualquer tratamento intra-ocular, o procedimento de injecção envolve alguns riscos.

Entre estes incluem-se: hemorragia vítrea, descolamento da retina, endoftalmite, uveíte e formação de cataratas.

A pressão intra-ocular deve ser controlada em cada consulta e, no caso de se verificar uma subida sustentada da pressão intra-ocular, dever-se-á iniciar terapêutica antiglaucomatosa.

O diagnóstico da retinite por CMV é oftalmológico, devendo ser efectuado por oftalmoscopia indirecta.

No diagnóstico diferencial da retinite por CMV devem ser consideradas outras situações patológicas como: sífilis, candidíase, toxoplasmose, histoplasmose, infecção viral pelo herpes simplex, infecção viral pelo herpes zoster variceloso, bem como cicatrizes retinianas e manchas algodanosas, que podem conferir à retina um aspecto semelhante ao provocado pelo CMV.

Por este motivo, é essencial que o diagnóstico do CMV seja realizado por um médico familiarizado com as manifestações retinianas que as situações referidas anteriormente podem provocar.

O fomivirsen não constitui uma cura para a retinite por CMV e os doentes devem ser acompanhados de modo a assegurar o controlo da patologia.

Os doentes com patologia envolvendo risco de perda de visão devem ser submetidos a controlos frequentes.

Devido ao risco aumentado de desenvolvimento de situações inflamatórias, o fomivirsen não é recomendado em doentes que tenham sido recentemente tratados (2-4 semanas) com cidofovir por via endovenosa ou intravítrea.

Não há experiência com fomivirsen como terapia primária em pacientes com CMVR avançada (zona 1).

Os pacientes deverão ser monitorizados regularmente a fim de detectar quaisquer alterações do campo visual.
Cuidados com a Dieta
Não aplicável.
Resposta à overdose
Procurar atendimento médico de emergência, ou ligue para o Centro de intoxicações.

Durante os ensaios clínicos com fomivirsen, administrou-se uma vez, inadvertidamente, uma dose de 990 µg microgramas em cada olho (bilateralmente), a um doente com retinite por CMV em estado avançado sem resposta a outros tratamentos antivíricos.

Procedeu-se a uma paracentese bilateral da câmara anterior, com restabelecimento da visão.

A dose seguinte, que estava programada para uma semana mais tarde, foi omitida e a retinite por CMV deste doente reagiu bem à terapêutica.

Não foram tomadas medidas adicionais, tendo o doente continuado a receber a dose de 330 µg microgramas como tratamento.
Terapêutica Interrompida
É necessário que os seus olhos (olhos tratados e não tratados) sejam monitorizados quanto à progressão da doença, mesmo depois do tratamento ter sido iniciado.
Se faltar a um tratamento (administração de uma dose), deverá contactar o médico para marcar outra consulta o mais rapidamente possível.
Cuidados no Armazenamento
Conserve entre 2°C e 8ºC (no frigorífico), dentro da embalagem de cartão.
Este medicamento é armazenado em meio hospitalar.
Espectro de susceptibilidade e Tolerância Bacteriológica
Sem informação.
Informe o seu Médico ou Farmacêutico se estiver a tomar ou tiver tomado recentemente outros medicamentos, incluindo medicamentos obtidos sem receita médica (OTC), Produtos de Saúde, Suplementos Alimentares ou Fitoterapêuticos.

Não foram efectuados estudos de reprodução animal utilizando o fomivirsen.
Desconhece-se se o fomivirsen pode causar lesões fetais quando administrado a uma mulher grávida, ou se afecta a capacidade de reprodução.

Desconhece-se se o fomivirsen é excretado no leite humano, bem como o potencial para causar efeitos adversos nos lactentes.

Especialistas em saúde recomendam que mulheres infectadas com o vírus VIH não devem amamentar os seus filhos em circunstância alguma, afim de evitar a transmissão do vírus. Não foram feitos estudos em mulheres grávidas ou lactantes.

O fomivirsen só deve ser utilizado durante a gravidez e o aleitamento se as eventuais vantagens justificarem qualquer risco potencial.

Após administração do fomivirsen por injecção intravítrea os doentes podem experimentar, temporariamente, a visão enevoada, pelo que não devem conduzir veículos ou manobrar máquinas enquanto esta situação não se resolver.
Informação revista e actualizada pela equipa técnica do INDICE.EU em: 23 de Setembro de 2024