Cerliponase alfa

DCI com Advertência na Gravidez DCI com Advertência no Aleitamento
O que é
Cerliponase alfa pertence a um grupo de medicamentos conhecidos como terapêuticas de substituição enzimática.

É utilizado para tratar doentes com ceroidolipofuscinose neuronal tipo 2 (CLN2), também conhecida como deficiência de tripeptidil peptidase 1 (TPP1).

As pessoas com CLN2 não possuem ou possuem muito poucas enzimas chamadas TPP1 e isto faz com que haja uma acumulação de substâncias designadas por materiais de depósito lisossómico.

Em pessoas com CLN2, estes materiais acumulam-se em determinadas partes do corpo, principalmente no cérebro.

Este medicamento substitui a enzima que está em falta, a TPP1, o que minimiza a acumulação dos materiais de depósito lisossómico.

Este medicamento actua para retardar a progressão da doença.
Usos comuns
Cerliponase alfa é indicado para o tratamento da doença ceroidolipofuscinose neuronal tipo 2 (CLN2), também conhecida como deficiência de tripeptidil peptidase 1 (TPP1).
Tipo
Medicamento Órfão.
Biotecnologia.
História
Aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos em 27 de abril de 2017, este é o primeiro tratamento para uma lipofuscinose ceróide neuronal de seu tipo, agindo para retardar a progressão da doença em vez de tratar paliativamente os sintomas, dando aos pacientes a enzima TPP1 que estão faltando.
A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA o considera um medicamento de primeira classe.
Indicações
Cerliponase alfa é indicado para o tratamento da doença ceroidolipofuscinose neuronal tipo 2 (CLN2), também conhecida como deficiência de tripeptidil peptidase 1 (TPP1).
Classificação CFT

11.4.2 : Enzimas

Mecanismo De Acção
A cerliponase alfa é uma forma recombinante da tripeptidil peptidase-1 humana (rhTPP1).

A cerliponase alfa é uma proenzima (zimogénio) inactiva proteolítica que é activada no lisossoma.
A cerliponase alfa é captada pelas células-alvo e translocada para os lisossomas através do receptor de manose-6-fosfato independente de catiões (CI-MPR, também conhecido como receptor M6P/IGF2).
O perfil de glicosilação da cerliponase alfa resulta na captação celular consistente e no direcionamento aos lisossomas para activação.

A enzima proteolítica activada (rhTPP1) cliva tripéptidos do N-terminal da proteína-alvo sem especificidade conhecida para substratos.
Níveis inadequados de TPP1 causam CLN2, resultando em neurodegeneração, perda da função neurológica e morte durante a infância.
Posologia Orientativa
A dose recomendada corresponde a 300 mg de cerliponase alfa administrados uma vez em semanas alternadas por perfusão intracerebroventricular.

Recomendam-se doses inferiores em doentes com menos de 2 anos de idade.

- menos de 6 meses: 100 mg
- a partir dos 6 meses até menos de 1 ano: 150 mg
- a partir de 1 ano até menos de 2 anos: 200 mg (4 primeiras doses), 300 mg (todas as restantes doses)
- 2 anos ou mais: 300 mg

Recomenda-se o pré-tratamento dos doentes com anti-histamínicos, associados ou não a antipiréticos, 30 a 60 minutos antes do início da perfusão.
Administração
Cerliponase alfa só pode ser administrado por um profissional de saúde formado e com conhecimentos sobre a administração intracerebroventricular num contexto hospitalar.
Contra-Indicações
Reacção anafilática potencialmente fatal à Cerliponase alfa.

Doentes com CLN2 com derivações ventriculoperitoneais.

Cerliponase alfa não pode ser administrado enquanto houver sinais de fugas agudas, falhas ou infecções relacionadas com o dispositivo de acesso intracerebroventricular.
Efeitos Indesejáveis/Adversos
Fale imediatamente com o médico ou enfermeiro se sentir qualquer um dos seguintes efeitos:

Efeitos secundários muito frequentes (podem afectar mais de 1 em cada 10 pessoas):
- febre
- vómitos
- sensação de irritabilidade
- convulsões
- reacções que podem ocorrer durante ou logo após administrar o medicamento, como por exemplo urticária, comichão ou rubor, inchaço nos lábios, na língua e/ou na garganta, falta de ar, rouquidão, lábios ou pontas dos dedos roxos, baixo tónus muscular, desmaio ou incontinência.

Efeitos secundários frequentes (podem afectar até 1 em cada 10 pessoas):
- infecções bacterianas relacionadas com o dispositivo
- ritmo cardíaco mais lento
- funcionamento incorrecto do dispositivo devido a bloqueio detectado durante a preparação para perfusão

Desconhecidos (a frequência não pode ser calculada a partir dos dados disponíveis)
- deslocação do dispositivo e funcionamento incorrecto durante a preparação para a perfusão

Este medicamento poderá causar outros efeitos secundários:

Efeitos secundários muito frequentes:
- dor de cabeça
- níveis proteicos aumentados ou diminuídos no fluído cerebral
- resultados anormais de actividade eléctrica do coração (ECG)
- aumento da contagem de células no líquido cefalorraquidiano detectado na monitorização laboratorial
- infecção do nariz ou garganta (constipação)
- problema com a agulha (a agulha de perfusão sai do dispositivo implantado)

Efeitos secundários frequentes:
- dor
- erupção cutânea
- urticária
- cabeça caída (de forma que o queixo cai em direção ao peito)
- dor no estômago
- fuga do dispositivo
- bolhas na boca ou na língua
- inchaço ou vermelhidão da pálpebra e da parte branca do olho
- sensação de nervosismo
- perturbações do estômago ou intestinos
Advertências
Gravidez
Gravidez
Gravidez:Cerliponase alfa só deve ser administrado em grávidas quando expressamente necessário.
Aleitamento
Aleitamento
Aleitamento:A amamentação deve ser descontinuada durante o tratamento com Cerliponase alfa.
Precauções Gerais
Complicações relacionadas com o dispositivo
Cerliponase alfa tem de ser administrado com técnica asséptica para reduzir o risco de infecção.
Em estudos clínicos, observou-se a ocorrência de infecções relacionadas com dispositivo de acesso intracerebroventricular.
Nestes casos, administraram-se antibióticos, substituiu-se o dispositivo de acesso intracerebroventricular e retomou-se o tratamento com Cerliponase alfa.

Antes de cada perfusão, os profissionais de saúde devem inspecionar o couro cabeludo para verificar a integridade da pele e garantir que o dispositivo de acesso intracerebroventricular não está comprometido.
Antes do início da perfusão de Cerliponase alfa, é necessário realizar uma inspeção ao local de perfusão e uma avaliação para verificar a ausência de obstrução a fim de detectar fugas e/ou falhas no dispositivo de acesso intracerebroventricular.
Pode ser necessário consultar um neurocirurgião para confirmar a integridade do dispositivo.
Caso se detectem falhas no dispositivo, o tratamento com Cerliponase alfa deve ser interrompido e pode ser necessária a substituição do dispositivo de acesso antes das perfusões subsequentes.

Deve-se proceder com cautela em doentes propensos a complicações decorrentes da administração intracerebroventricular de medicamentos, incluindo doentes com hidrocefalia obstrutiva.

Monitorização clínica e laboratorial
Os sinais vitais devem ser monitorizados antes do início da perfusão, periodicamente durante a perfusão e após a perfusão, em ambiente hospitalar.
Após a conclusão da perfusão, o estado do doente deve ser clinicamente avaliado e, caso haja indicação clínica, poderá ser necessário observação durante períodos mais longos, particularmente em doentes com menos de 3 anos.

Os doentes com história clínica de bradicardia, distúrbios da condução ou doenças cardíacas estruturais devem ser submetidos a monitorização por electrocardiograma (ECG) durante a perfusão, uma vez que alguns doentes com CLN2 poderão desenvolver distúrbios da condução ou doença cardíaca.
Em doentes sem cardiopatias, deve-se realizar uma avaliação por ECG padrão de 12 derivações a cada 6 meses.

As amostras de LCR devem ser enviadas rotineiramente para análise a fim de detectar infecções subclínicas do dispositivo.

População pediátrica
Não houve doentes com progressão avançada da doença no momento da iniciação do tratamento em estudos clínicos e não estão disponíveis dados clínicos em crianças com idade <2 anos.
Os doentes com CLN2 avançada e os recém-nascidos poderão apresentar uma redução da integridade da barreira hematoencefálica.
Os efeitos da exposição ao medicamento potencialmente acrescida nas zonas periféricas são desconhecidos.

Anafilaxia
Não foram reportados casos de anafilaxia com a utilização de Cerliponase alfa em ensaios clínicos; no entanto, o risco de anafilaxia não pode ser excluído.
Os profissionais de saúde devem estar cientes dos possíveis sintomas da anafilaxia tais como: urticária, prurido ou rubor generalizados; lábios, língua e/ou úvula inchados; dispneia, broncospasmo, estridor, hipoxemia, hipotonia, síncope ou incontinência.
Como medida de precaução, devem estar prontamente disponíveis cuidados médicos apropriados durante a administração de Cerliponase alfa.
Se ocorrer anafilaxia, deve-se proceder com cautela ao realizar nova administração.
Cuidados com a Dieta
Não aplicável.
Resposta à overdose
Procurar atendimento médico de emergência, ou ligue para o Centro de intoxicações.

Não existem dados disponíveis.
Terapêutica Interrompida
Não aplicável.
Cuidados no Armazenamento
Conservar na posição vertical no congelador (-25 °C a -15 °C).
Transportar e distribuir congelado (-85 °C a -15 °C).
Conservar na embalagem de origem para proteger da luz.

A solução de Cerliponase alfa e a solução de lavagem devem ser utilizadas de imediato.
O conteúdo dos frascos para injectáveis só deve ser retirado imediatamente antes da utilização.
Se não for possível a sua utilização imediata, os frascos para injectáveis não abertos de Cerliponase alfa ou de solução de lavagem devem ser conservados a temperaturas entre 2°C e 8°C e usados dentro de 24 horas.

A estabilidade química e física durante a utilização foi demonstrada durante um período de até 12 horas à temperatura ambiente (19 – 25°C). De um ponto de vista microbiológico, os frascos para injectáveis abertos ou medicamentos mantidos em seringas devem ser utilizados imediatamente.
Caso não sejam utilizados de imediato, os tempos de utilização e as condições de conservação antes da utilização são da responsabilidade do utilizador.

O médico ou farmacêutico são responsáveis por armazenar Cerliponase alfa.
Também são responsáveis pela eliminação de qualquer porção de Cerliponase alfa não utilizada.
Espectro de susceptibilidade e Tolerância Bacteriológica
Sem informação.
Sem efeito descrito

Cerliponase alfa Citocromo P450

Observações: Não foram realizados estudos de interacção.
Interacções: A cerliponase alfa é uma proteína humana recombinante e a sua exposição sistémica é limitada devido à administração intracerebroventricular, pelo que é improvável que ocorram interacções entre a cerliponase alfa e medicamentos metabolizados pelas enzimas do citocromo P450. - Citocromo P450
Identificação dos símbolos utilizados na descrição das Interacções do Cerliponase alfa
Informe o seu Médico ou Farmacêutico se estiver a tomar ou tiver tomado recentemente outros medicamentos, incluindo medicamentos obtidos sem receita médica (OTC), Produtos de Saúde, Suplementos Alimentares ou Fitoterapêuticos.

Cerliponase alfa só deve ser administrado em grávidas quando expressamente necessário.

A amamentação deve ser descontinuada durante o tratamento com Cerliponase alfa.
Informação revista e actualizada pela equipa técnica do INDICE.EU em: 23 de Setembro de 2024