
TOC: ESTRATÉGIAS PARA LIDAR COM O TRANSTORNO
DOENÇAS E TRATAMENTOS
Tupam Editores
O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é uma perturbação mental crónica, caracterizada pela presença de pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos, persistentes, recorrentes e indesejados. Estima-se que, em Portugal, a prevalência deste transtorno ronde os 4%, mas dada a dificuldade de diagnóstico, é possível que os números sejam maiores.
Conviver com a condição é um desafio diário, isto porque os pensamentos obsessivos provocam ansiedade intensa nos indivíduos, e os comportamentos compulsivos têm como objetivo neutralizar temporariamente essa ansiedade, o que dá origem a um círculo vicioso.
As obsessões e compulsões do TOC podem absorver muito tempo do indivíduo e interferir significativamente na sua rotina diária. Causam uma grande angústia e afetam todas as áreas da sua vida, como trabalho, escola, relações e saúde emocional. Alguns doentes reconhecem a irracionalidade dos seus pensamentos e comportamentos, mas não os conseguem controlar.

Geralmente, o TOC manifesta-se entre os 19 e os 20 anos, porém mais de 25% dos casos tem início antes dos 14 anos. Na infância, o distúrbio é mais comum em meninos, mas, na adolescência tardia, a proporção de casos é semelhante entre os sexos.
A forma como a doença se apresenta é diferente em cada faixa etária e está relacionada com a fase de desenvolvimento do paciente. Nas crianças, muitas vezes, não há consciência do prejuízo provocado pelos sintomas, não havendo um sofrimento tão intenso. Na adolescência e no decorrer da vida adulta, os sintomas são parecidos.
As pessoas com TOC podem apresentar obsessões, compulsões ou ambos. Embora seja possível apresentar uma grande variedade de sintomas, é comum que um dos dois acabe por ser predominante.
As obsessões são pensamentos repetitivos, urgências ou imagens mentais que causam ansiedade. Alguns exemplos que podem ocorrer são:
Medo de se contaminar por vírus e bactérias; Medo de perder ou guardar algum objeto no lugar errado; Preocupação de que o indivíduo ou outras pessoas estejam em perigo; Pensamentos agressivos direcionados a si mesmo ou outros; Pensamentos indesejáveis e considerados proibidos envolvendo sexo ou religião; Necessidade de ver coisas milimetricamente alinhadas ou arrumadas de uma maneira específica e de forma precisa.
Já uma compulsão é um comportamento que o indivíduo sente que precisa de executar de forma repetida e ordenada – os rituais – para reduzir a ansiedade e parar com os pensamentos obsessivos. Algumas compulsões comuns são:
Excesso de limpeza, como lavar as mãos várias vezes; Verificar coisas repetidamente, por exemplo, se a porta está fechada ou se o forno está desligado; Ordenar e organizar coisas de forma muito particular e precisa; Contagem compulsiva.

Importa referir que estes sintomas apenas configuram um diagnóstico de TOC quando comprometem a vida da pessoa, quer a nível individual, social ou profissional, e quando causam angústia e sofrimento, pelo período clinicamente determinado. Caso contrário, podem ser apenas variantes de uma personalidade saudável.
O TOC não costuma melhorar espontaneamente, uma vez que a condição é crónica. Ao longo do tempo, os sinais e sintomas podem diminuir ou exacerbar. Sem tratamento, a tendência é para a pessoa manifestar o transtorno durante toda a vida.
Embora seja uma condição desafiadora, existem várias estratégias que podem ajudar as pessoas a enfrentar os desafios diários de forma mais eficaz.
Compreender e reconhecer os seus sintomas é o primeiro passo para lidar com o TOC. Procurar informações precisas sobre o transtorno pode ajudar a reduzir o estigma e a promover uma melhor compreensão por parte da pessoa afetada e dos seus familiares.
A identificação dos gatilhos que desencadeiam as obsessões e as compulsões também pode ajudar o indivíduo a desenvolver estratégias específicas para lidar com esses momentos de forma mais eficaz.
Para reduzir a ansiedade e o stress associados ao transtorno, podem-se desenvolver técnicas de enfrentamento saudáveis, como a prática da atenção plena (mindfulness) e a utilização de técnicas de relaxamento. Pode ser igualmente útil aprender a questionar e desafiar os pensamentos obsessivos.

Estabelecer rotinas diárias saudáveis, que incluam uma dieta equilibrada, exercícios regulares e um sono adequado, pode ajudar a reduzir os sintomas do TOC e promover o bem-estar de modo geral.
A Terapia Cognitivo-Comportamental é considerada o tratamento de primeira linha para o TOC. Este tipo de terapia ajuda a pessoa a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento disfuncionais associados ao transtorno.
Em alguns casos pode ser prescrita medicação, especialmente quando o TOC está associado a sintomas graves. Os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) são frequentemente prescritos para o tratamento da sintomatologia.
O apoio de um terapeuta ou psicólogo pode oferecer um ambiente seguro para o paciente expressar os seus pensamentos, medos e preocupações relacionados ao TOC. Os profissionais de saúde mental podem ajudar o paciente a aprender estratégias de enfrentamento, desenvolver habilidades para gerir o distúrbio no dia-a-dia e oferecer suporte emocional durante todo o processo de tratamento.
Viver com este transtorno psicológico pode ser desafiador, mas não é uma sentença definitiva.
Com educação, apoio e as estratégias certas, é possível enfrentar os seus desafios diários e levar uma vida plena e significativa.