EFEITO VULCÂNICO EM BEBÉS: CAUSAS E SOLUÇÕES
GRAVIDEZ E MATERNIDADE
Tupam Editores
Já ouviu falar no efeito vulcânico? Pense no nome e imagine um vulcão em erupção. Que palavras lhe vêm à mente? Intensidade, fúria? Pois é justamente assim que um bebé fica, se não dormir o suficiente durante o dia. A criança fica tão cansada que não consegue relaxar para descansar. O resultado é muito choro e irritação, numa longa luta contra o sono.
Pressão homeostática do sono é o termo científico para este fenómeno, que é muito comum em crianças até 2 anos de idade. Se ainda não presenciou nenhum caso está cheio de sorte, porque a situação é complicada.
Tudo começa porque a criança não dormiu aos primeiros sinais de sono, e o corpo acaba por libertar cortisol, a hormona do stress, que também é libertada quando os bebés choram. Esta hormona neutraliza os efeitos da serotonina e da melatonina, substâncias envolvidas no processo de sono, o que pode deixar os bebés fora de controlo.
Isto significa que quanto mais tempo o bebé fica acordado mais cortisol o seu organismo liberta. O cortisol leva ao choro, o que liberta mais cortisol, enfim, um ciclo vicioso.

O resultado é uma intensa batalha na hora de dormir, com uma criança exausta, irritadiça e que não consegue descansar, independentemente do nível de exaustão. Por esta altura os pais já estão muito angustiados pois não sabem como interromper o ciclo, nem têm pistas para o que lhe deu origem.
Há, no entanto, imensas situações quotidianas que parecem sem importância para os adultos, mas que são verdadeiros fatores desencadeadores para o efeito vulcânico.
A sobrecarga de estímulos é um deles. Os bebés são muito sensíveis ao ambiente que os rodeia. Assim, locais barulhentos, cheios de pessoas ou com luzes fortes podem ser altamente desgastantes para eles. Por exemplo, um passeio ao centro comercial para os adultos pode ser uma atividade habitual, mas para um bebé é uma experiência repleta de sons, cheiros e movimentos novos que o podem deixar bastante sobrecarregado.
O cansaço acumulado é outro gatilho. O sono é essencial para o bem-estar do bebé e quando ele não dorme o suficiente ou tem a rotina de sestas interrompida, fica mais suscetível a crises emocionais. E o cansaço não afeta apenas o corpo, mas também a capacidade do bebé de lidar com os seus desconfortos.
As mudanças na rotina também são outro fator a considerar. Alterar os horários das refeições, banhos ou brincadeiras pode deixá-los confusos e até ansiosos.
Marcos importantes do crescimento, como aprender a gatinhar, andar ou falar, exigem muita energia física e emocional das crianças, pelo que durante essas fases também tendem a ficar mais irritados. São muitas mudanças para processar ao mesmo tempo.
Coisas aparentemente pequenas, como calor, frio, fraldas molhadas ou roupa incómoda também podem contribuir para acumular desconforto ao longo do dia. Como os bebés não conseguem verbalizar o que sentem, esses fatores acabam por ser parte da “erupção” final.
Para evitar o efeito vulcânico é essencial observar os sinais de sono da criança, pois eles permitem que os pais ajudem o bebé a dormir na hora certa. Alguns desses sinais são: esfregar os olhos, bocejar, mexer muito no rosto ou na orelha, ficar irritado com facilidade, deitar a cabeça, pedir chupeta/agarrar a fraldinha e falta de concentração numa atividade ou brincadeira.
Os sinais de sono variam entre os bebés, pelo que os pais devem observar os filhos e tentar analisar o comportamento perto da hora das sestas. Com o tempo, saberão quando é a hora certa de os deitar para descansar, evitando o efeito vulcânico.
Se já não for a tempo de o evitar é importante saber lidar com o fenómeno. Quando o bebé está no auge de uma crise, a sua principal necessidade é sentir-se seguro e acolhido. Para que isso aconteça, os pais devem, acima de tudo, manter a calma.
É natural que momentos de muito choro sejam stressantes, mas os pais devem ter em mente que os bebés captam facilmente o estado emocional dos adultos ao seu redor e, sendo assim, manter a calma e falar com voz suave vai ajudar a criança a acalmar mais rapidamente.

Dar colinho, embalar o bebé ou fazer contacto pele-a-pele são formas reconhecidamente eficazes de transmitir segurança. Muitas vezes, o simples facto de estar perto e aconchegar o bebé é suficiente para que ele comece a relaxar.
Também é essencial dar atenção aos estímulos do ambiente. Se este estiver muito agitado, o bebé deve ser levado para um local mais calmo, com menos luzes, cheiros e barulho. Isto ajudará a diminuir a sobrecarga sensorial e vai permitir que ele se reequilibre.
Tenha paciência, porque, às vezes, mesmo fazendo de tudo, o choro não para imediatamente, o que pode ser frustrante. Mas o tempo do bebé deve ser respeitado e os pais devem continuar a oferecer suporte até que ele se sinta mais tranquilo.
Importa referir que, embora o efeito vulcânico seja parte do desenvolvimento infantil, há fases em que pode ser útil procurar orientação de um pediatra.
Se se aperceber que as crises são muito frequentes, intensas e que prejudicam o bem-estar do bebé, deverá ser realizada uma avaliação mais detalhada para identificar possíveis causas subjacentes que possam estar a provocar desconforto e que culminem com a erupção emocional. Não desvalorize!