BICO DE LACRE - Beleza com ligações para a vida!

BICO DE LACRE - Beleza com ligações para a vida!

AVES

  Tupam Editores

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Possuem inúmeros tamanhos, cores, e tipos de bico e habitam quase todos os ecossistemas do globo. Atualmente são reconhecidas, aproximadamente, 12 mil espécies de aves.

Constituem uma classe de animais vertebrados. São bípedes, endotérmicas e ovíparas, e caracterizam-se principalmente por possuírem penas, apêndices locomotores anteriores modificados em asas, bico córneo sem dentes e ossos pneumáticos. Algumas são exóticas e mais vistosas que uma flor, outras… cada vez mais raras.

Bico-de-lacre-comum

Em Portugal Continental nidificam regularmente sete espécies de aves exóticas, ou seja, que não são originárias do nosso país. Uma dessas aves é o Bico de lacre (Estrilda astrild), uma ave minúscula que se faz notar por um bico e “mascara” vermelha que lhe contorna os olhos, e pelo peculiar chamamento.

Originária de África – onde ocorre em toda a região situada a sul do paralelo 10º N –, o Bico de lacre foi uma das primeiras espécies de aves não nativas a estabelecerem uma população selvagem entre nós.

As verdadeiras causas da sua ocorrência são algo difíceis de explicar, sabe-se, contudo, que a espécie foi deliberadamente libertada em 1968 por “passarinheiros”, em pelo menos três locais distintos do território nacional.

Introduzida inicialmente na região do Oeste, a espécie rapidamente invadiu a bacia hidrográfica do Tejo e, pouco tempo depois, as bacias do Sado e do Mondego. Verificou-se ainda a sua presença na região de Faro mas, provavelmente, teve origem numa introdução local, distinta da ocorrida na região Oeste.

Na primeira metade da década de oitenta, deu-se a colonização quase completa das bacias dos rios Tejo e do Sado, e também do Algarve, contudo esta última aparentemente ainda se apresentava isolada até meados da década de 80. Por outro lado, na região centro, verificou-se uma ocupação quase contínua de todo o litoral a sul do Mondego e, de forma menos contínua, da faixa costeira para norte desta zona, até à fronteira com a Galiza.

Na segunda metade dos anos oitenta, a espécie foi observada pela primeira vez no setor alentejano da bacia hidrográfica do rio Guadiana (distrito de Portalegre), havendo também uma ocupação quase contínua de todo o litoral norte até à Galiza (província de Pontevedra).

No início dos anos 90 constatou-se a ocupação de uma grande parte do Baixo Alentejo, verificando-se uma distribuição contínua ao longo do litoral sul, existindo também novas observações na bacia do Guadiana (distritos de Portalegre e Beja). Por outro lado, começa a manifestar-se uma ocupação progressiva da região norte, do litoral para o interior.

Talvez devido a uma maior disponibilidade de habitat, a expansão da espécie foi mais rápida ao longo da metade norte do país. A partir da região oeste do país expandiu-se à velocidade de cerca de 13 km por ano para norte, e de 6 km por ano para sul.

Hoje, o Bico de lacre é uma ave relativamente comum distribuindo-se, de uma forma quase contínua, ao longo de toda a costa portuguesa, desde Caminha (Alto Minho, distrito de Viana do Castelo) até Vila Real de Santo António (Algarve, distrito de Faro).

No interior de Portugal encontra-se relativamente bem distribuído na metade sul do território, ao passo que, no Norte, possui um caráter mais localizado, ocorrendo nas bacias hidográficas dos rios Minho, Lima, Cávado, Ave e Douro.

O que terá contribuído para a sua rápida aclimatação e adaptação? Que tipo de aves são os Bico de lacre?

Identificação e características do Bico de lacre

De pequeno porte, o Bico de lacre mede cerca de 10-13 centímetros de comprimento, 12 a 14 centímetros de envergadura, e pesa entre 7 a 10 gramas.

Possui cor acastanhada no dorso e acinzentado no peito, um bico vermelho vivo e uma risca, também vermelha, ao redor dos olhos. Ambos os sexos são parecidos, mas os machos possuem um tom mais avermelhado no peito e a base inferior da cauda preta.

Calmos e coloniais, gostam de viver em comunidade, não se importando com a presença de outras espécies, desde que sejam do mesmo porte.

Alimentam-se frequentemente aos pares ou em bandos, sobretudo de pequenos grãos e sementes, consumindo muito raramente insetos – o que acontece principalmente durante o período reprodutivo, quando necessitam de uma maior quantidade de proteína. Apesar de não serem competitivos quando o assunto é comida, podem causar grandes estragos às plantações de arroz.

Entre nós estão presentes numa grande variedade de meios, que vão desde habitats associados a zonas húmidas, como caniçais e outra vegetação que bordeja as linhas de água, assim como a arrozais e outros meios agrícolas.

O sucesso da sua distribuição nos vários locais do país fica a dever-se à existência de biótopos com algumas condições ambientais similares aos das regiões de origem (por ex. temperatura, humidade, vegetação, disponibilidade de alimento e locais de nidificação).

A relação entre os Bico de lacre é de monogamia, ou seja, costumam permanecer unidos para toda a vida. A união dos pares não acontece apenas para criar os filhos – que vêem juntos deixar o ninho.

Apresentando maturidade sexual aos 10 meses, a ave nidifica praticamente ao longo de todo o ano, o que também terá contribuído para o rápido sucesso da sua expansão no país. O território de nidificação, limita-se à área em redor do ninho.

Os ninhos são ovais ou esféricos e construídos a partir de feno, penas, algodão e outros materiais macios no meio da vegetação, no interior dos arbustos e árvores, mas também em plantas herbáceas. Muitas vezes também são construídos no chão, no meio das ervas.

Uma curiosidade a respeito destas aves é que criam ninhos menores sobre o verdadeiro ninho, com a intenção de despistar os predadores e desviar a sua atenção dos verdadeiros ovos.

Os Bico de lacre têm várias posturas anuais. Cada postura é composta normalmente por 4 a 6 ovos. O casal incuba os ovos durante 13 dias até ao nascimento dos filhotes, que permanecem no ninho entre 17 a 21 dias.

Estes apresentam plumagem incompleta e apesar da cor vermelha ao redor dos olhos e no bico, característica da espécie, possuem uma coloração muito fraca. Só se alimentam sozinhos três semanas após saírem dos ovos, tendo um desenvolvimento lento, em comparação com outras espécies.

Cerca de 40 dias depois da primeira leva de filhotes, o macho e a fêmea já estão preparados para tomar conta de outro ninho.

Estima-se que um casal de Bico de lacre produza de quatro a cinco ninhadas por época reprodutiva e, justamente, por apresentarem um ciclo reprodutivo razoavelmente curto, são capazes de obter entre 15 e 20 crias por ano. Mais uma razão que explica o elevado número de espécimes.

Se nunca viu um Bico de lacre, e ficou curioso, saiba que é fácil observá-los na natureza.

Onde observar a espécie em Portugal

Grande parte do conhecimento adquirido sobre a avifauna de um local advém de observadores de aves, por acumularem imagens em vídeo, fotografias e/ou gravação de cantos de aves.

As aves podem ser observadas a qualquer hora do dia, em todas as estações do ano, nas horas vagas, finais de semana e até à noite, quando se pode observar aves noturnas como as corujas, por exemplo.

Porém, os melhores horários para a prática da observação de aves é pela manhã (entre as 6h e 10h) e no final da tarde (entre as 15h e 18h), pois, tal como os seres humanos, as aves procuram uma temperatura ambiente mais amena.

Dias chuvosos ou nublados não interferem na atividade das aves, mas ventanias muito fortes e frequentes podem inibir a atividade da maioria das espécies.

Considerado um dos melhores destinos da Europa para a observação de aves, Portugal, apesar de possuir um território relativamente reduzido, é um país com uma excelente concentração de diferentes habitats.

Os novatos na experiência de Birdwatching – uma atividade que pode ser praticada por todos (crianças, jovens e adultos) mesmo não tendo o equipamento ou conhecimentos adequados –, devem dar primazia ao bem-estar da ave.

O seu habitat deve ficar tal e qual como foi encontrado. O habitat é vital para as aves, pelo que todas as atividades devem respeitá-lo e não provocar dano algum. É importante manter sempre uma distância adequada de ninhos, arenas de exibição (onde algumas espécies executam performances próprias de seu comportamento reprodutivo) e locais de alimentação.

O observador deve evitar falar alto, rir, fumar ou usar perfumes muito fortes, pois os animais percebem, pelo cheiro, a presença de estranhos no seu ambiente. Seguindo estas regras poderá desfrutar da avifauna e da natureza em todo o seu esplendor.

No caso do Bico de lacre, quase todas as zonas húmidas costeiras são boas para o observar. Entre Douro e Minho pode ser avistado no estuário do Cávado e no estuário do Lima, mas também se avista em Guimarães.

Pouco abundante na região de Trás-os-Montes, a espécie ocorre essencialmente nas zonas de menor altitude, podendo ser visto ao longo do rio Douro e também no vale do Tâmega, até à zona de Chaves.

No Litoral centro a referência vai para a lagoa de Óbidos, onde inicialmente terá sido introduzido. Adicionalmente observa-se na ria de Aveiro e no baixo Mondego, nas lagoas de Quiaios e, por vezes, na lagoa da Ervedeira.

Na Beira interior é pouco abundante, mas pode ser visto nas zonas de menor altitude na Beira Baixa e mais localmente na Beira Alta (já foi visto na lagoa da Urgeiriça, na cidade de Viseu e também no rio Mondego, junto a Celorico da Beira).

É comum nas zonas baixas da região de Lisboa e vale do Tejo. Os locais onde a espécie é mais abundante e fácil de encontrar são o estuário do Tejo e o paul do Boquilobo. Também é possível vê-lo no paul da Barroca, na lagoa de Albufeira, na várzea de Loures e no vale do Sorraia junto a Coruche.

No Alentejo é fácil de observar junto à costa, nomeadamente no estuário do Sado, na Lagoa de Santo André e na Ribeira de Moínhos. Mais para o interior, pode ser visto junto à lagoa dos Patos, na zona de Elvas e, ocasionalmente, junto à barragem da Póvoa.

É possível ainda observá-lo um pouco por todo o litoral algarvio, em especial junto às zonas húmidas. Os locais onde é mais frequente são o paul de Lagos, a ria de Alvor, as Salinas de Odiáxere, o estuário do Arade, a lagoa das Dunas Douradas e a Boca do Rio.

Locais não faltam em Portugal para observar esta bela ave… mas nunca é demais reforçar a ideia de cuidado com os ecossistemas e seus habitantes, afinal, cuidar da natureza também é cuidar do homem. Não o esqueça!

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
28 de Novembro de 2024

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ANIMAL CLIMA

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