Trióxido de arsénio

DCI com Advertência na Gravidez DCI com Advertência no Aleitamento
O que é
O Trióxido de arsénio é um agente quimiomoterapêutico de função idiopática usado para tratar a leucemia que não responde a agentes de primeira linha.

Suspeita-se que o trissulfureto de arsénio induz as células de cancro a sofrer apoptose.

Devido à natureza tóxica do arsénio, este fármaco carrega riscos significativos para a saúde.

A enzima tioredoxina redutase foi recentemente identificada como um alvo para o Trióxido de arsénio.
Usos comuns
Trióxido de arsénio é utilizado em doentes adultos com leucemia promielocítica aguda (APL) cuja doença não respondeu a outras terapêuticas.

A APL constitui um tipo de leucemia mielóide única, uma doença na qual ocorrem glóbulos brancos anormais e hemorragia anormal e nódoas negras.
Tipo
Molécula pequena.
Indicações
Trióxido de arsénio está indicado na indução da remissão e consolidação em doentes adultos com leucemia promielocítica aguda (APL) recidivante/refratária, caracterizada pela presença da translocação t(15;17) e/ou pela presença do gene da leucemia promielocítica/receptor alfa do ácido retinoico (PML/RAR- alfa).

O tratamento anterior deverá ter incluído um retinóide e quimioterapia.
Classificação CFT

16.1.9 : Outros citotóxicos

Mecanismo de ação
O mecanismo de acção de Trióxido de arsénio não se encontra totalmente estabelecido.

O trióxido de arsénio provoca, in vitro, alterações morfológicas e fragmentação do ácido desoxirribonucleico (ADN) características da apoptose das células de leucemia promielocítica humana NB4.

O trióxido de arsénio também provoca danos ou a degradação da proteína de fusão PML/RAR-alfa.
Posologia orientativa
Regime para o tratamento de indução:
Trióxido de arsénio deve ser administrado por via intravenosa numa dose fixa de 0,15 mg/kg/dia, administrada diariamente, até se atingir a remissão da medula óssea (menos de 5% de blastos presentes na medula óssea celular sem evidência de células leucémicas).

Se a remissão da medula óssea não tiver ocorrido até ao dia 50, a administração da dose tem de ser descontinuada.

Regime de consolidação:
O tratamento de consolidação deve iniciar-se 3 a 4 semanas após o final da terapêutica de indução.

Trióxido de arsénio deve ser administrado por via intravenosa numa dose de 0,15 mg/kg/dia, num total de 25 doses, administradas 5 dias por semana, seguido por 2 dias de interrupção, repetido durante 5 semanas.
Administração
Via intravenosa.

Trióxido de arsénio deve ser administrado sob a supervisão de um médico com experiência no tratamento de leucemias agudas.

Trióxido de arsénio deve ser administrado por via intravenosa ao longo de 1-2 horas.

A perfusão poderá prolongar-se por 4 horas, caso sejam observadas reacções vasomotoras.

Não é necessária a colocação de um cateter venoso central.

Os doentes têm de ser hospitalizados no início do tratamento devido a sintomas da doença e para assegurar uma monitorização adequada.
Contraindicações
Hipersensibilidade conhecida ao trióxido de arsénio.
Efeitos indesejáveis/adversos
Informe imediatamente o médico ou enfermeiro se sentir os seguintes efeitos secundários, pois estes podem ser sinais de uma doença grave chamada “síndrome de diferenciação” que pode ser fatal:
- dificuldade em respirar
- tosse
- dor no peito
- febre

Informe imediatamente o médico ou enfermeiro se sentir um ou mais dos seguintes efeitos secundários, pois estes podem ser sinais de reacção alérgica:
- dificuldade em respirar
- febre
- aumento súbito de peso
- retenção de água
- desmaios
- palpitações (fortes batimentos do coração que consegue sentir no peito)

Durante o tratamento com Trióxido de arsénio, poderá sentir algumas das seguintes reacções:

Muito frequentes: podem afectar mais de 1 em cada 10 pessoas
- fadiga (cansaço), dor, febre, dor de cabeça
- náuseas, vómitos, diarreia
- tonturas, dores musculares, entorpecimento ou formigueiros
- erupção na pele ou comichão
- aumento do açúcar no sangue, edema (inchaço devido ao excesso de líquido)
- falta de ar, ritmo do coração acelerado, alterações no traçado do ECG do coração
- diminuição do potássio ou do magnésio no sangue, alterações nos testes da função hepática incluindo a presença de bilirrubina ou de gama-glutamiltransferase em excesso no sangue

Efeitos secundários frequentes: podem afectar até 1 em cada 10 pessoas
- diminuição da contagem de células sanguíneas (plaquetas, glóbulos vermelhos e/ou brancos), aumento dos glóbulos brancos
- arrepios, aumento de peso
- febre devido a uma infecção e baixos níveis de glóbulos brancos, infecção por herpes zoster
- dor no peito, hemorragia no pulmão, hipoxia (baixo nível de oxigénio), acumulação de líquido em redor do coração ou do pulmão, diminuição da pressão arterial, alteração do ritmo do coração
- desmaios, dor nas articulações ou nos ossos, inflamação dos vasos sanguíneos
- aumento do sódio ou do magnésio, cetonas no sangue e urina (cetoacidose), alterações nos testes da função renal, insuficiência renal
- dores de estômago (abdominais)
- vermelhidão da pele, cara inchada, visão desfocada

Desconhecido: a frequência não pode ser calculada a partir dos dados disponíveis.
- infecção pulmonar, infecção no sangue
- inflamação dos pulmões que pode causar dores no peito e falta de ar, insuficiência cardíaca desidratação, confusão
Advertências
Gravidez
Gravidez:
Gravidez:Não utilizar durante a gravidez.
Aleitamento
Aleitamento:
Aleitamento:A amamentação tem de ser suspensa antes e durante a sua administração.
Precauções gerais
Fale com o médico, farmacêutico ou enfermeiro antes de utilizar Trióxido de arsénio o médico tomará as seguintes precauções:
- Serão realizadas análises para verificar a quantidade de potássio, magnésio, cálcio e creatinina no sangue antes da sua primeira dose de Trióxido de arsénio.

- Deve também efectuar um registo eléctrico do coração (electrocardiograma, ECG) antes da sua primeira dose.

- As análises sanguíneas (potássio e cálcio) devem ser repetidas durante o seu tratamento com Trióxido de arsénio.

- Para além disso, fará electrocardiogramas duas vezes por semana.

- Se correr o risco de ter um certo tipo de ritmo do coração anormal (p.ex. torsades de pointes ou prolongamento QTc), o seu coração será monitorizado continuamente.

- Deverá informar o médico se tiver compromisso renal ou afecção hepática.

Trióxido de arsénio não é recomendado em crianças com menos de 18 anos de idade.
Cuidados com a dieta
Não há restrições de alimentos ou de bebidas enquanto estiver a receber Trióxido de arsénio.
Resposta à overdose
Procurar atendimento médico de emergência, ou ligue para o Centro de intoxicações.

Caso surjam sintomas sugestivos de uma toxicidade aguda grave ao arsénio (p.ex. convulsões, fraqueza muscular e confusão), Trióxido de arsénio deve ser imediatamente suspendido e pode considerar-se a instituição de uma terapêutica com agentes quelantes com penicilamina numa dose diária ≤ 1 g por dia.

A duração do tratamento com penicilamina deve ser avaliada tendo em consideração os valores laboratoriais de arsénio na urina.

Em doentes que não possam tomar medicação oral pode considerar-se a administração intramuscular de uma dose de 3 mg/kg de dimercaprol, de 4 em 4 horas, até ao desaparecimento de qualquer toxicidade com risco de vida imediato.

Em seguida, poderá administrar-se penicilamina numa dose diária de <1 g por dia.

Em presença de coagulopatia, recomenda-se a administração oral do agente quelante, succímero do ácido dimercaptosuccínico (DCI), 10 mg/kg ou 350 mg/m2, de 8 em 8 horas, durante 5 dias e de 12 em 12 horas, durante 2 semanas.

Em doentes com uma sobredosagem aguda grave de arsénio deve considerar-se a diálise.
Terapêutica interrompida
Este medicamento é administrado em meio hospitalar.
Cuidados no armazenamento
Não congelar.
Após a diluição, se não for utilizado imediatamente, os tempos de conservação e condições antes da utilização são da responsabilidade do seu médico e normalmente não deverão ser superiores a 24 horas, a 2°C – 8°C, a menos que a diluição tenha ocorrido em ambiente estéril.
Este medicamento não pode ser utilizado no caso de verificar partículas suspensas ou se a solução apresentar descoloração.

Este medicamento é armazenado em meio hospitalar.
Espectro de susceptibilidade e tolerância bacteriológica
Sem informação.
Usar com precaução

Trióxido de arsénio + Diuréticos

Observações: Não foram formalmente avaliadas as interações farmacocinéticas entre o Trióxido de arsénio e outros medicamentos terapêuticos. É previsível a ocorrência de um prolongamento QT/QTc durante o tratamento com Trióxido de arsénio e têm sido referidos casos de torsade de pointes e bloqueio cardíaco completo. Não é conhecida a influência do Trióxido de arsénio na eficácia de outros medicamentos antileucémicos.
Interacções: Nos doentes que se encontram medicados ou que estiveram medicados com medicamentos que provocam hipocaliemia ou hipomagnesiemia, tais como diuréticos ou anfotericina B, o risco de ocorrência de torsade de pointes poderá ser mais elevado. - Diuréticos
Usar com precaução

Trióxido de arsénio + Anfotericina B

Observações: Não foram formalmente avaliadas as interações farmacocinéticas entre o Trióxido de arsénio e outros medicamentos terapêuticos. É previsível a ocorrência de um prolongamento QT/QTc durante o tratamento com Trióxido de arsénio e têm sido referidos casos de torsade de pointes e bloqueio cardíaco completo. Não é conhecida a influência do Trióxido de arsénio na eficácia de outros medicamentos antileucémicos.
Interacções: Nos doentes que se encontram medicados ou que estiveram medicados com medicamentos que provocam hipocaliemia ou hipomagnesiemia, tais como diuréticos ou anfotericina B, o risco de ocorrência de torsade de pointes poderá ser mais elevado. - Anfotericina B
Usar com precaução

Trióxido de arsénio + Macrólidos

Observações: Não foram formalmente avaliadas as interações farmacocinéticas entre o Trióxido de arsénio e outros medicamentos terapêuticos. É previsível a ocorrência de um prolongamento QT/QTc durante o tratamento com Trióxido de arsénio e têm sido referidos casos de torsade de pointes e bloqueio cardíaco completo. Não é conhecida a influência do Trióxido de arsénio na eficácia de outros medicamentos antileucémicos.
Interacções: Deverão tomar-se precauções quando o Trióxido de arsénio é co-administrado com outros medicamentos que reconhecidamente provocam um prolongamento do intervalo QT/QTc, tais como os antibióticos macrólidos, o antipsicótico tioridazina, ou medicamentos que causam hipocaliemia ou hipomagnesiemia. - Macrólidos
Usar com precaução

Trióxido de arsénio + Tioridazina

Observações: Não foram formalmente avaliadas as interações farmacocinéticas entre o Trióxido de arsénio e outros medicamentos terapêuticos. É previsível a ocorrência de um prolongamento QT/QTc durante o tratamento com Trióxido de arsénio e têm sido referidos casos de torsade de pointes e bloqueio cardíaco completo. Não é conhecida a influência do Trióxido de arsénio na eficácia de outros medicamentos antileucémicos.
Interacções: Deverão tomar-se precauções quando o Trióxido de arsénio é co-administrado com outros medicamentos que reconhecidamente provocam um prolongamento do intervalo QT/QTc, tais como os antibióticos macrólidos, o antipsicótico tioridazina, ou medicamentos que causam hipocaliemia ou hipomagnesiemia. - Tioridazina
Contraindicado

Ziprasidona + Trióxido de arsénio

Observações: Não existem estudos realizados em crianças sobre a interacção da ziprasidona com outros medicamentos.
Interacções: Não foram desenvolvidos estudos farmacocinéticos e farmacodinâmicos entre ziprasidona e outros fármacos que prolongam o intervalo QT. Não pode ser excluído um efeito aditivo da ziprasidona com estes fármacos, pelo que, a ziprasidona não deverá ser administrada concomitantemente com medicamentos que prolongam o intervalo QT, tais como, antiarrítmicos de classe IA e III, trióxido de arsénio, halofantrina, acetato de levometadil, mesoridazina, tioridazina, pimozida, sparfloxacina, gatifloxacina, moxifloxacina, mesilato de dolasetrona, mefloquina, sertindol ou cisaprida. - Trióxido de arsénio
Usar com precaução

Fosnetupitant + Palonossetrom + Trióxido de arsénio

Observações: n.d.
Interacções: interacções farmacodinâmicas Fosnetupitant + Palonossetrom contém um antagonista do receptor da 5-HT3, o palonossetrom, que pode aumentar o prolongamento do intervalo QT. Por conseguinte, deve proceder-se com cautela no caso de utilização concomitante com medicamentos que aumentam o intervalo QT, incluindo, entre outros: a levofloxacina, amitriptilina, alfuzosina, azitromicina, trióxido de arsénio. - Trióxido de arsénio
Identificação dos símbolos utilizados na descrição das Interacções do Trióxido de arsénio
Informação revista e atualizada pela equipa técnica do INDICE.EU em: 28 de Janeiro de 2022