Ácido aminocapróico

DCI com Advertência na Gravidez DCI com Advertência no Aleitamento DCI com Advertência na Condução
O que é
O ácido aminocapróico ou, mais correctamente, ácido ε-aminocaproico ou ácido 6-aminocaproico é um aminoácido derivado do ácido caproico com um grupo amino no carbono-6.
Usos comuns
O Ácido aminocapróico é um agente antifibrinolítico.
É usado para tratar condições de hemorragias graves, especialmente quando a hemorragia ocorre após cirurgia dentária ou outros tipos de cirurgia.

O Ácido aminocapróico também é prescrito por vezes antes de uma cirurgia para prevenir hemorragias graves em pacientes com problemas de saúde que potenciem as hipóteses de hemorragia.
Tipo
Molécula pequena.
Indicações
O Ácido aminocapróico está indicado para utilização em doentes de todas as idades na hemorragia causada por fibrinólise local ou generalizada, incluindo em hemorragias pós-cirúrgicas em:

– Urologia (cirurgia da bexiga e próstata).
– Ginecologia (cirurgia do colo cervical), em doentes quando o ácido tranexâmico não está disponível ou não é tolerado.
– Obstetrícia (hemorragias pós-parto e pós-aborto) após correcção do defeito de coagulação.
– Cirurgia cardíaca (com ou sem colocação de bypass).
– Gastroenterologia.
– Odontoestomatologia (extrações dentárias em hemofílicos, doentes submetidos a
terapêutica anticoagulante).
– Hemorragias com risco de vida induzidas por trombolíticos (estreptoquinase, etc.).
– Hemorragias associadas a trombocitopenia, púrpura trombopénica, leucemia.
– Hematúria não cirúrgica do tracto urinário inferior (secundárias a cistite, etc.).
– Menstruações intensas, menorragia e metropatias hemorrágicas.
– Edema angioneurótico.
Classificação CFT

4.4.1 : Antifibrinolíticos

Mecanismo de ação
O ácido aminocapróico liga-se reversivelmente ao domínio Kringle do plasminogénio e bloqueia a ligação do plasminogénio à fibrina e à sua activação em plasmina.

Pela não activação da plasmina, há uma redução na fibrinólise. Isso, consequentemente, vai reduzir a quantidade de hemorragia pós cirurgia.

Os níveis plasmáticos elevados de lipoproteína(a) revelaram aumentar o risco de doença vascular.

A lipoproteína 9a) tem duas componentes, a apolipoproteína B-100, ligada a apolipoproteína (a).
O ácido aminocapróico pode alterar a conformação da apolipoproteína(a), mudando as suas propriedades de ligação e potencialmente prevenindo a formação de lipoproteína(a).
Posologia orientativa
Adultos
Via intravenosa: O nível sanguíneo desejado é atingido com uma dose inicial de 4 a 5 g por perfusão intravenosa lenta (durante uma hora), seguida de uma perfusão contínua de 1 g/hora.
Se for necessário prolongar o tratamento, a dose máxima no período de 24 horas não deve exceder normalmente 24 g.

População pediátrica
A segurança e eficácia do EACA em crianças dos 0 a 17 anos não foram ainda estabelecidas. Contudo, foram utilizadas as doses a seguir em doentes com menos de 18 anos:

Via intravenosa: 100 mg/kg ou 3 g/m2 por perfusão intravenosa lenta durante a primeira hora, seguida de uma perfusão contínua a uma taxa de 33,3 mg/kg por hora ou de 1 g/m2 por hora.
A dose total não deve exceder 18 g/m2 (600 mg/kg) em 24 horas.
Administração
Via intravenosa: deve ser administrado numa injecção intravenosa lenta com soro glicosilado, glucosalina ou dextrose.

Não deve ser administrado por via intramuscular, em circunstância alguma, por se tratar de uma solução altamente hipertónica.
Contraindicações
Hipersensibilidade ao Ácido aminocapróico.
O Ácido aminocapróico não deve ser utilizado quando existe evidência de um processo de coagulação intravascular activo.
Efeitos indesejáveis/adversos
Podem ocorrer reacções alérgicas com pouca frequência em doentes tratados com este medicamento (em menos de 1 doente em cada 100, mas em mais de 1 doente em cada 1.000).

Os sintomas de uma reacção alérgica grave podem incluir:
– pieira súbita; dor no peito ou aperto no peito; inchaço das pálpebras, face, lábios e língua; erupção na pele com pápulas ou “urticária” em qualquer parte do corpo
ou colapso.

Pode ter também, com alguma frequência, uma diminuição dos glóbulos brancos, o que pode aumentar o risco de infecção. Os sintomas podem incluir dor de garganta grave com febre alta.
Se qualquer um destes sintomas ocorrer durante a administração, o médico/cirurgião interromperá o tratamento com o medicamento.

Informe o médico e pare de tomar o medicamento se sentir:
– falta de ar súbita ou dificuldade em respirar, tosse súbita sem motivo aparente, dor no peito e dor ao respirar (porque estes podem sugerir um coágulo de sangue nos pulmões), desconforto ou dores anormais nos músculos que duram mais tempo do que era de esperar (porque podem resultar em problemas nos rins e em lesão muscular com potencial risco de vida [rabdomiólise]).

Outros efeitos secundários são:
Frequentes (afectam entre 1 e 10 doentes em cada 100):
– diminuição da tensão arterial; tonturas, zumbidos nos ouvidos; congestão nasal; dor abdominal; diarreia; náuseas; vómitos; dores de cabeça; desconforto; dor ou morte da pele no local de injecção.

Pouco frequentes (afectam entre 1 e 100 doentes em cada 1.000):
– problemas com hemorragia ou coagulação; batimento lento do coração; dificuldade em respirar; comichão na pele, erupção na pele; fraqueza, dor ou desconforto muscular
edema (inchaço).

Raros (afectam entre 1 e 10 doentes em cada 10.000):
– dor nos braços, pernas ou parte inferior das costas, especialmente dor nas barrigas das pernas e calcanhares após exercício; diminuição da visão, olhos lacrimejantes; inflamação muscular.

Muito raros (afectam menos de 1 utilizador em cada 10.000):
– confusão, convulsões, delírio, alucinações, aumento da pressão no cérebro que pode causar dores de cabeça intensas, perturbações visuais, vómitos, tonturas, formigueiros, perda de concentração, acidente vascular cerebral, desmaio.

Frequência desconhecida:
– diminuição do número de plaquetas no sangue com aumento do risco de hemorragia ou formação de nódoas negras, insuficiência renal, urina de cor escura, diminuição da quantidade ou frequência de urina, erupção na pele com manchas vermelhas, planas e pequenas, ejaculação seca.
Advertências
Gravidez
Gravidez:
Gravidez:O Ácido aminocapróico não é recomendado durante a gravidez.
Aleitamento
Aleitamento:
Aleitamento:Tem de ser tomada uma decisão sobre a descontinuação da amamentação ou a descontinuação/abstenção da terapêutica com o Ácido aminocapróico tendo em conta o benefício da amamentação para a criança e o benefício da terapêutica para a mulher.
Condução
Condução:
Condução:No caso de tonturas ou sonolência, não se recomenda a condução de veículos.
Precauções gerais
Efeito trombogénico:
Numerosos estudos clínicos indicam que o Ácido aminocapróico não tem efeito trombogénico. Contudo, deve ser administrado com precaução em casos nos quais se suspeite da presença de trombose ou embolia, e na insuficiência renal.

A inibição da fibrinólise pelo Ácido aminocapróico pode teoricamente resultar em coagulação ou trombose. Contudo, não há evidência clara de que a administração de Ácido aminocapróico fosse responsável pelos poucos casos descritos de coagulação intravascular após o tratamento.

Em vez disso, parece que a dita coagulação intravascular foi provavelmente devida a uma situação clínica pré-existente, isto é, a presença de coagulação intravascular disseminada (CID). Pensa-se que os coágulos extravasculares formados in vivo podem não sofrer lise espontânea como os coágulos normais.

Estabelecimento da causa de hemorragia:
Nos casos em que existem dúvidas, deve esclarecer-se se a etiologia da hemorragia para controlo da qual está a ser utilizado o Ácido aminocapróico é a fibrinólise primária ou a coagulação intravascular disseminada (CID), antes de se administrar o Ácido aminocapróico.

Podem realizar-se os seguintes testes para diferenciar as duas afeções:
Contagem de plaquetas: está geralmente diminuída na CID mas não na fibrinólise primária.

Teste de paracoagulação com protamina: positivo na CID; forma-se um precipitado quando se adiciona uma gota de sulfato de protamina ao plasma “citratado”.
Este teste é negativo na fibrinólise primária.

Teste do coágulo com euglobulina: anormal na fibrinólise primária e normal na CID.
O Ácido aminocapróico não deve ser utilizado na CID sem a administração concomitante de heparina.

Hemorragia do tracto urinário superior:
Em doentes com hemorragia no tracto urinário superior, a administração de ácido aminocapróico produziu obstrução intrarrenal sob a forma de trombose capilar glomerular ou coágulos no bacinete ou ureteres. Portanto, o ácido aminocapróico não deve ser administrado no caso de hematúria com origem no tracto urinário superior a menos que os benefícios previstos excedam os riscos.

Efeitos no músculo esquelético:
Em casos raros, foi descrita fraqueza do músculo esquelético com necrose das fibras musculares após administração prolongada. A manifestação clínica pode variar desde mialgia ligeira com fraqueza e fadiga até miopatia proximal grave com rabdomiólise, mioglobinúria e insuficiência renal aguda.

As enzimas musculares, especialmente a creatina fosfocinase (CPK), estão elevadas.
A CPK deve ser monitorizada em doentes submetidos a tratamento prolongado.
A administração de Ácido aminocapróico deve ser descontinuada caso se observe um aumento da CPK. A condição sofre remissão após suspensão da administração; contudo, a síndrome pode recorrer se a administração de ácido aminocapróico for reiniciada.

Quando ocorre miopatia esquelética, também deve considerar-se a possibilidade de lesão do músculo cardíaco. Foi descrito um caso de lesão cardíaca e hepática no ser humano. O doente recebeu 2 g de Ácido aminocapróico em intervalos de 6 horas até perfazer uma dose total de 26 g. O doente morreu devido a hemorragia vascular cerebral prolongada.
Observaram-se alterações necróticas do coração e fígado na autópsia.

Inibição da actividade da plasmina:
O Ácido aminocapróico inibe o efeito dos activadores do plasminogénio e, num menor grau, a actividade da plasmina. Este medicamento não deve ser administrado sem um diagnóstico definitivo e/ou resultados laboratoriais que indiquem hiperfibrinólise (hiperplasminemia).

Perfusão rápida:
A administração intravenosa rápida deve ser evitada porque pode causar hipotensão, bradicardia e/ou arritmias.

Efeitos neurológicos:
A literatura contém publicações sobre um aumento da incidência de certas deficiências neurológicas como hidrocefalia, isquemia cerebral e vasospasmo cerebral, associadas à utilização de antifibrinolíticos no tratamento da hemorragia subaracnóideia (HSA).
Todos estes acontecimentos também foram descritos como parte da evolução natural da HSA, em consequência de procedimentos de diagnóstico como a angiografia.

Tromboflebite:
A tromboflebite, uma possibilidade com todos os tratamentos intravenosos, deve ser evitada, tomando especial atenção à inserção apropriada da agulha e à sua fixação.

Administração com concentrado de complexo de factor IX ou com concentrados de coagulantes anti-inibidores:
O Ácido aminocapróico não deve ser administrado com concentrado de complexo de factor IX ou com concentrados de coagulantes anti-inibidores, porque esta administração pode aumentar o risco de trombose.
Cuidados com a dieta
Não interfere com alimentos e bebidas.
Resposta à overdose
Procurar atendimento médico de emergência, ou ligar para o Centro de Intoxicações.

Não se conhece tratamento para a sobredosagem, embora haja evidência de que o ácido aminocapróico é eliminado por hemodiálise e pode ser eliminado por diálise peritoneal.

Os estudos farmacocinéticos demonstram que a depuração corporal total de Ácido aminocapróico está muito diminuída em doentes com insuficiência renal aguda.
Terapêutica interrompida
Não tomar uma dose a dobrar para compensar uma dose que se esqueceu de tomar, mas continue a utilizar os injectáveis como habitualmente.
Cuidados no armazenamento
Conservar a temperatura inferior a 25ºC.

Mantenha todos os medicamentos fora do alcance de crianças e animais de estimação.

Não deite fora quaisquer medicamentos na canalização ou no lixo doméstico. Pergunte ao seu médico, enfermeiro ou farmacêutico como deitar fora os medicamentos que já não utiliza. Estas medidas ajudarão a proteger o ambiente.
Espectro de susceptibilidade e tolerância bacteriológica
Sem informação.
Potenciadora do efeito Terapêutico/Tóxico

Ácido aminocapróico + Estrogénios

Observações: n.d.
Interacções: A administração concomitante de fatores da coagulação (Fator IX) e estrogénios pode aumentar o risco de trombose. - Estrogénios
Consultar informação atualizada

Ácido aminocapróico + Testes Laboratoriais/Diagnóstico

Observações: n.d.
Interacções: A administração de ácido aminocapróico pode alterar os resultados dos testes da função plaquetária. - Testes Laboratoriais/Diagnóstico
Potenciadora do efeito Terapêutico/Tóxico

Tecnécio (99mTc) ácido medrónico + Ácido aminocapróico

Observações: n.d.
Interacções: É referida uma acumulação extra-óssea aumentada de marcador radioactivo para compostos contendo ferro, administração aguda de difosfonato, vários fármacos citostáticos imunossupressores, antiácidos contendo alumínio, meios de contraste para raios-X, antibióticos, substâncias anti-inflamatórias, solução injectável de gluconato de cálcio, heparina cálcica e ácido-aminocapróico. - Ácido aminocapróico
Usar com precaução

Tretinoína (ou Ácido retinóico) + Ácido aminocapróico

Observações: n.d.
Interacções: Raramente, foram notificados casos de complicações trombóticas fatais em doentes tratados concomitantemente com ácido all-trans retinóico e fármacos antifibrinolíticos, como o ácido tranexâmico, ácido aminocapróico e a aprotinina. Por conseguinte, a administração concomitantemente do ácido all-trans retinóico com estes fármacos deve ser efetuada com precaução. - Ácido aminocapróico
Identificação dos símbolos utilizados na descrição das Interacções do Ácido aminocapróico
Informação revista e atualizada pela equipa técnica do INDICE.EU em: 11 de Novembro de 2021