Milrinona

DCI com Advertência na Gravidez DCI com Advertência no Aleitamento DCI com Advertência na Insuficiência Renal
O que é
A Milrinona é um agente cardiotónico inotrópico positivo com propriedades vasodilatadoras.
Inibe a actividade de fosfodiesterase de AMPc no miocárdio e no músculo liso vascular.
A Milrinona é um derivado de amrinona e tem 20-30 vezes a potência de ionotrópicos de amrinona.
Usos comuns
Este medicamento está indicado no tratamento a curto prazo, via intravenosa, da falência cardíaca, incluindo situações de baixo débito, no pós-cirurgia cardíaca.
Tipo
Molécula pequena.
História
Sem informação.
Indicações
A milrinona está indicada no tratamento a curto prazo via I.V. da falência cardíaca, incluindo situações de baixo débito, no pós-cirurgia cardíaca.

Na população pediátrica está indicado no tratamento a curto prazo (até 35 horas) da falência cardíaca congestiva grave que não responde à terapêutica de manutenção convencional (glicosidos, diuréticos, vasodilatadores e/ou inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA)), e no tratamento a curto prazo (até 35 horas) de doentes pediátricos com falência cardíaca aguda, incluindo estados de débito baixos após cirurgia cardíaca.
Classificação CFT

3.1.2 : Outros cardiotónicos

Mecanismo De Acção
Os estudos em tecidos isolados do miocárdio e vasculares demonstraram que a milrinona é um agente inotrópico positivo e vasodilatador directo.

Em modelos experimentais com insuficiência cardíaca, a milrinona actua como um inotrópico positivo e agente vasodilatador, com fraca actividade cronotrópica.

O mecanismo predominante de acção da milrinona é a inibição específica da isoenzima AMP fosfodiesterase, de baixo peso molecular, inibido pelo GMP cíclico (fração II, PDE III ou CGI-PDE) que é predominante nos tecidos miocárdico e vascular.

O aumento subsequente da concentração do cAMP provoca, no miócito, uma disponibilidade aumentado do cálcio ionizado durante a sístole, com rápida captação de cálcio durante a diástole e, no músculo liso provoca um decréscimo do cálcio disponível.

A milrinona não aumenta a sensibilidade das proteínas miofibrilhares ao cálcio.

A milrinona não interage com os receptores beta-adrenérgicos, nem inibe a actividade da adenosina trifosfatase sódio-potássio, como os digitálicos.

A sua actividade inotrópica é preservada na presença de concentração inotrópicas de dopamina ou ubeína.

A milrinona potencia a actividade inotrópica dos agonistas beta adrenérgicas.

Os efeitos vasorelaxantes da milrinona são atenuados pela ubeína.

Estudos farmacodinâmicos em doentes com insuficiência ventricular demonstram o efeito directo na contratibilidade, i.e., um efeito inotrópico positivo, e um efeito vasodilatador directo.

A ausência de acção sobre o sistema simpático também contribui para o resultado vasodilatador global dos doentes tratados.

Tanto os efeitos inotrópicos como os vasodilatadores foram observados em concentrações plasmáticas de milrinona, de 100-300 ng/ml.

Em doentes com doença isquémica do miocárdio, as doses de carga de lactato de milrinona produzem rápidas melhorias significativas no débito cardíaco, pressão capilar pulmonar, e resistência vascular sistémica com ligeiras alterações na taxa cardíaca (aumento) e pressão arterial sistémica média (decréscimo).

As doses estudadas foram de 12,5 – 125 microgramas/ kg, administradas a 100 microgramas/seg.

Estas melhorias hemodinâmicas ocorrem sem aumentos significativos no consumo de oxigénio do miocárdio.

A milrinona diminui a resistência vascular pulmonar.

Para além disso, para aumentar a contratilidade do miocárdio, a milrinona melhora a função diastólica, como é comprovado pela melhoria da dilatação ventricular esquerda durante a diástole.
Posologia Orientativa
Dose de carga: 50 microgramas/kg, administrar lentamente durante 10 minutos.

Dose de manutenção: 0,375 a 0,75microgramas/kg/min.
A velocidade média da perfusão deve ser ajustada de acordo com a resposta hemodinâmica e clínica.

A posologia não deverá exceder a dose diária de 1,13 mg/kg.
Administração
Administração intravenosa.
Contra-Indicações
Hipersensibilidade à Milrinona.
Hipovolémia grave.
Efeitos Indesejáveis/Adversos
Doenças do sangue e do sistema linfático:
Pouco frequentes: Trombocitopénia*
Desconhecido: redução da contagem dos glóbulos vermelhos e/ou da concntração da hemoglobina.
*Nos lactentes e crianças o risco de trombocitopénia aumentou significativamente com a duração da perfusão. Os dados clínicos sugerem que a trombocitopenia relacionada com a milrinona é mais frequente nas crianças do que nos adultos.

Doenças do sistema imunitário:
Muito raros: choque anafiláctico.

Doenças do metabolismo e da nutrição:
Pouco frequentes: hipocaliémia.

Doenças do sistema nervoso:
Frequentes: cefaleias.
Pouco frequentes: tremor.

Cardiopatias:
Frequentes: actividade ectópica ventricular; taquicardia ventricular mantida ou não mantida; arritmias supraventriculares; hipotensão.
Pouco frequentes: fibrilhação ventricular; angina / dor no peito.
Muito raros: Torsades de pointes.

A incidência, quer de arritmia supraventricular, quer de arritmia ventricular, não está relacionada com a dose nem com o nível plasmático da milrinona. As arritmias que representam perigo para a vida estão muitas vezes associadas a certos factores subjacentes, tais como arritmias pré-existentes, alterações metabólicas (ex: hipocaliémia), níveis de digoxina anormais e cateterizações. Os dados clínicos sugerem que as arritmias relacionadas com a milrinona são menos comuns nas crianças do que nos adultos.

Doenças respiratórias, torácicas e do mediastino:
Muito raros: Broncospasmo.

Afecções hepatobiliares:
Pouco frequentes: alteração dos testes da função hepática.

Afecções dos tecidos cutâneos e subcutâneos:
Muito raros: reacções cutâneas (ex: erupção cutânea).

Perturbações gerais e alterações no local de administração:
reacção no local da perfusão.

População pediátrica:
Doenças do sistema nervoso:
Desconhecido: hemorragia intraventricular.

Afecções congénitas, familiares e genéticas:
Desconhecido: canal arterial permeável***.

*** As consequências críticas do canal arterial permeável estão relacionadas com a associação de uma circuulação pulmonar excessiva com um consequente edema pulmonar e hemorragia e perfusão reduzida do órgão com uma consequente hemorragia intraventricular e enterocolite necrozante com um resultado possivelmente fatal como descrito na literatura.
Advertências
Insuf. Renal
Insuf. Renal
Insuf. Renal:Reduzir dose e monitorizar resposta.
Gravidez
Gravidez
Gravidez:A milrinona só deve ser utilizada se o benefício justificar o risco potencial para o feto.
Aleitamento
Aleitamento
Aleitamento:Deve tomar-se a decisão de descontinuar o aleitamento ou o tratamento com milrinona tendo em consideração o benefício do aleitamento para a criança e o benefício do tratamento para a mulher.
Precauções Gerais
Deve manter-se uma monitorização cuidada durante o tratamento com milrinona incluindo pressão arterial, frequência cardíaca, estado clínico, electrocardiograma, equilíbrio hídrico, electrólitos e função renal (i.e. creatinina sérica).

Em doentes com doença valvular obstrutiva grave, aórtica ou pulmonar, ou estenose subaórtica hipertrófica, a milrinona não deve ser utilizada em alternativa à remoção cirúrgica da obstrução.

Tal como com outros medicamentos com propriedades inotrópicas/vasodilatadoras, nestas condições pode agravar-se a obstrução do fluxo.

A utilização de agentes inotrópicos positivos como a milrinona durante a fase aguda de um enfarte do miocárdio, pode provocar um aumento indesejável do consumo de oxigénio ao nível do miocárdio (MVO2).

Apesar da milrinona não ter aumentado o MVO2 em doentes com insuficiência cardíaca crónica, a sua utilização na fase aguda do enfarte do miocárdio deve ser encarada com elevada precaução.

Devido à sua acção vasodilatadora, a milrinona pode causar hipotensão pelo que deve tomar-se precaução quando a milrinona é administrada a doentes previamente hipotensos.

Em doentes apresentando uma diminuição excessiva na pressão arterial após a administração de milrinona, o tratamento deve ser interrompido até que o efeito hipotensivo esteja ultrapassado, retomando-o, se necessário, numa taxa de perfusão inferior.

Foram observadas arritmias supraventriculares e ventriculares na população de risco elevado tratada com milrinona.

Nalguns doentes, observou-se um aumento da ectopia ventricular, incluindo a taquicardia ventricular não mantida.

Dado que a tendência para arritmias, presente na insuficiência cardíaca, pode aumentar devido a vários fármacos ou à associação de fármacos, os doentes tratados com milrinona devem ser cuidadosamente monitorizados durante as perfusões.

Nos doentes com flutter auricular ou fibrilhação, a milrinona pode aumentar a resposta ventricular.

Nestes doentes deve considerar-se, em primeiro lugar, a utilização de digitálicos ou outros agentes que prolonguem o tempo de condução do nódulo aurículo-ventricular visto a milrinona provocar um ligeiro aumento na condução do nódulo autículo-ventricular.

Se se suspeitar que a terapêutica com diuréticos potentes causou diminuição significativa na pressão de enchimento cardíaco, deve administrar-se milrinona cuidadosamente, fazer monitorização da pressão arterial, do débito cardíaco e da sintomatologia clínica.

Durante o tratamento com milrinona devem monitorizar-se cuidadosamente as alterações dos electrólitos e fluidos, bem como a creatinina sérica.

Se houver melhoria no débito cardíaco que conduza a aumento da diurese, pode ser necessário reduzir a dose do diurético. A perda de potássio devida a diurese excessiva pode predispor os doentes que se encontrem a fazer digitálicos a arritmia.

Assim, deve corrigir-se a hipocaliémia por reposição de potássio antes ou durante a administração de milrinona.

Em caso de insuficiência cardíaca pode ocorrer, frequentemente, diminuição da hemoglobina, incluindo anemia.

Devido ao risco de ocorrência de trombocitopénia ou anemia, deve monitorizar-se os respectivos parâmetros laboratoriais nos doentes com diminuição da contagem das plaquetas ou diminuição de hemoglobina.

Não há experiência em ensaios clínicos controlados com perfusões de milrinona durante períodos superiores a 48 horas.

Foram notificados casos de reacções no local de injecção, com terapêutica intravenosa de milrinona. O local de injecção deve ser cuidadosamente monitorizado para evitar um possível extravasamento.

Idosos: não existem recomendações especiais nos doentes idosos. Não foram observados efeitos relacionados com a idade na incidência de reacções adversas.

Estudos controlados de farmacocinética não revelaram quaisquer efeitos relacionados com a idade na distribuição e eliminação da milrinona.

Em doentes com insuficiência renal grave, a dose deve ser ajustada.

Este medicamento contém 47 mg de glucose por ml de solução. Esta informação deve ser tida em consideração em doentes com diabetes mellitus.

População pediátrica:
Para além das precauções e advertências descritas para os adultos deverá ter-se em consideração o seguinte:
Nos recém-nascidos, após cirurgia de coração aberto e durante o tratamento, a monitorização deverá incluir o ritmo e a frequência cardíaca, a pressão arterial sistémica através de cateter arterial umbilical ou cateter periférico, pressão venosa central, indicador cardíaco, débito cardíaco, resistência vascular sistémica, pressão da artéria pulmonar, e pressão arterial.

Os valores laboratoriais que devem ser monitorizados são a contagem de plaquetas, potássio sérico, função hepática e função renal.

A frequência da avaliação é determinada pelos valores da linha de base, sendo necessário avaliar a resposta dos recém-nascidos às alterações da terapêutica.

A literatura revelou que nos doentes pediátricos com alteração da função renal se observou uma alteração marcada na depuração da milrinona e efeitos secundários clinicamente significativos, mas como ainda não é claro quando é que a depuração da creatinina é específica para se fazer ajuste de doses nos doentes pediátricos, não se recomenda o uso de milrinona nesta população.

Na população pediátrica só se deve iniciar a milrinona se o doente estiver hemodinamicamente estável.
Deve ter-se atenção nos recém-nascidos com factores de risco de hemorrageia intraventricular (prematuros, com baixo peso corporal) uma vez que a milrinona pode induzir trombocitopenia.

Nos estudo clínicos em doentes pediátricos, o risco de trombocitopenia aumentou significativamente com a duração da perfusão.

Os dados clínicos sugerem que a trombocitopenia relacionada com a milrinona é mais comum nas crianças do que nos adultos.

Nos estudos clínicos a milrinona pareceu retardar o fecho do canal arterial na população pediátrica. Portanto, se o uso de milrinona for indicado em lactentes prematuros ou de termo com risco de/ou com canal arterial permeável, deve avaliar-se os benefícios da terapêutica contra os potenciais riscos.
Cuidados com a Dieta
Sem informação.
Terapêutica Interrompida
Não tome uma dose a dobrar para compensar uma dose que se esqueceu de tomar.
Cuidados no Armazenamento
Conservar a temperatura inferior a 25ºC. Conservar na embalagem de origem, para proteger da luz.

Manter este medicamento fora da vista e do alcance das crianças.

Não deite fora quaisquer medicamentos na canalização ou no lixo doméstico. Pergunte ao seu farmacêutico como deitar fora os medicamentos que já não utiliza. Estas medidas ajudarão a proteger o ambiente.
Espectro de susceptibilidade e Tolerância Bacteriológica
Sem informação.
Não recomendado/Evitar

Milrinona Furosemida

Observações: n.d.
Interacções: Quando se administra furosemida na mesma linha de perfusão da milrinona, forma-se um precipitado. Por isso, não se deve administrar furosemida ou bumetanida nas linhas de perfusão que contenham milrinona. - Furosemida
Potenciadora do efeito Terapêutico/Tóxico

Anagrelida Milrinona

Observações: Foram conduzidos estudos farmacocinéticos e/ou farmacodinâmicos limitados para investigar possíveis interações entre o anagrelida e outros medicamentos. Só foram realizados estudos de interacção em adultos.
Interacções: A anagrelida é um inibidor da PDE III. Os efeitos de medicamentos com propriedades similares, tais como os inotrópos milrinona, enoximona, amrinona, olprinona e cilostazol, podem ser exacerbados pelo anagrelida. - Milrinona
Contraindicado

Milrinona Bicarbonato de sódio

Observações: n.d.
Interacções: A milrinona não deve ser diluída em perfusão I.V. de bicarbonato de sódio. - Bicarbonato de sódio
Usar com precaução

Milrinona Glicósideos digitálicos

Observações: n.d.
Interacções: As alterações dos eletrólitos e dos fluidos, assim como os níveis de creatinina sérica, devem ser cuidadosamente monitorizadas durante o tratamento com milrinona. A melhoria do débito cardíaco e, consequentemente, da diurese, pode requerer uma redução na dose do diurético. A perda de potássio devido a uma diurese excessiva pode predispor os doentes tratados com digitálicos a terem arritmias. Assim, a hipocaliémia deve ser corrigida com suplementos de potássio antes ou durante o Tratamento com milrinona. A administração concomitante de agentes inotrópicos aumenta os efeitos inotrópicos positivos. - Glicósideos digitálicos
Sem efeito descrito

Digoxina Milrinona

Observações: n.d.
Interacções: A milrinona não altera as concentrações séricas da digoxina no estado de equilíbrio. - Milrinona
Identificação dos símbolos utilizados na descrição das Interacções da Milrinona
Informe o seu Médico ou Farmacêutico se estiver a tomar ou tiver tomado recentemente outros medicamentos, incluindo medicamentos obtidos sem receita médica (OTC), Produtos de Saúde, Suplementos Alimentares ou Fitoterapêuticos.

Apesar de os estudos em animais não terem revelado qualquer evidência de efeitos nefastos à saúde do feto induzidos pelo medicamento ou efeitos deletérios na função reprodutiva, a segurança da milrinona na gravidez não foi ainda estabelecida.
A milrinona só deve ser utilizada se o benefício justificar o risco potencial para o feto.

Não existem dados conclusivos acerca da excreção da milrinona no leite materno.
Deve tomar-se a decisão de descontinuar o aleitamento ou o tratamento com milrinona tendo em consideração o benefício do aleitamento para a criança e o benefício do tratamento para a mulher.
Informação revista e actualizada pela equipa técnica do INDICE.EU em: 21 de Fevereiro de 2023