Trombose associada ao cancro é causa de morbilidade e mortalidade negligenciada

Trombose associada ao cancro é causa de morbilidade e mortalidade negligenciada

DOENÇAS E TRATAMENTOS

  Tupam Editores

5

Com a presença de especialistas e entidades da área da saúde, foi apresentado na penúltima semana de novembro, em Lisboa, pelo Grupo de Estudos de Cancro e Trombose (GESCAT), o “White Book”, um programa que visa reduzir o impacto negativo da trombose associada ao cancro (CAT).

Para o GESCAT, é determinante tomar medidas para reduzir a morbilidade e mortalidade dos doentes com trombose associada ao cancro, contribuindo, desta forma, para aumentar a sobrevida, a qualidade de vida e reduzir os custos para o sistema de saúde e para a sociedade.

A falta de consciencialização e informação relativa ao impacto da trombose nos doentes oncológicos é o principal obstáculo a ultrapassar, alerta o GESCAT.

Os dados do Eurostat mostram que, na União Europeia, o cancro constitui a principal causa de morte (Eurostat Statistics Explained, May 2017) e a Comissão Europeia estabeleceu como objetivo a redução da mortalidade associada às doenças oncológicas em 15 por cento até 2020.

“O cancro é uma doença com muitos aspetos a considerar. Esses aspetos relacionam-se com o tratamento, com a própria doença e com implicações nas atividades da vida diária. Um dos aspetos mais importantes é a possibilidade de desenvolver um coágulo de sangue. Esta condição é conhecida como trombose associada ao cancro (CAT)”, explica a entidade.

Apesar da CAT constituir uma das principais causas de morte por cancro, após o próprio cancro, e constituir um gasto económico significativo (os custos do tratamento dos doentes com trombose e cancro são significativamente superiores aos dos restantes doentes oncológicos e a sua qualidade de vida inferior), a sua prevenção e tratamento adequado são muitas vezes negligenciadas devido à falta de consciencialização sobre a sua gravidade.

“Sabe-se hoje que as questões relacionadas com trombose e cancro são um problema importante em saúde pública, que se prevê tornar ainda mais relevante no futuro, pelo que se impõe uma reflexão sobre a forma de o abordar, em termos clínicos e económicos. A mensagem “investir para salvar e mais tarde poupar” assume particular importância, particularmente no contexto atual de pressão sobre os serviços de saúde para redução de custos”, afirma Sérgio Barroso, médico oncologista e presidente do GESCAT.

Neste sentido, O GESCAT entendeu que era urgente chamar a atenção das entidades responsáveis, profissionais de saúde e sociedade em geral para se conseguir melhorar a prevenção e o diagnóstico precoce e assegurar um tratamento eficaz e seguro da CAT em todos os doentes oncológicos, de forma a reduzir a morbilidade e a mortalidade.

Nesse sentido, foi lançado no passado dia 21 de novembro, na Embaixada da Dinamarca, o White Book sobre a “Trombose Associada ao Cancro”, cujo conteúdo reúne um plano de ação que visa aumentar a consciência sobre a situação e reduzir a morbilidade e mortalidade dos doentes oncológicos com esta patologia, através da prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado.

Este mesmo White Book já tinha sido apresentado na Embaixada Dinamarquesa em Bruxelas e no Parlamento Europeu, respetivamente a 12 e 13 de outubro de 2016.

O objetivo desta iniciativa da GESCAT foi fazer a apresentação do White Book português e promover uma discussão do plano de ação proposto, envolvendo as principais sociedades científicas ligadas a este tema, e os representantes da área política, económica e social do sector.

“É urgente aumentar a prescrição de tromboprofilaxia nos doentes com cancro. A doença oncológica constitui um fator de risco independente e relevante para o tromboembolismo venoso (TEV), fundamentalmente porque altera o normal equilíbrio do sistema de coagulação do organismo, desviando-o no sentido “pró-coagulante”, indica o Sérgio Barroso.

Sabe-se hoje que o TEV associado ao cancro é cada vez mais prevalente, estimando-se que cerca de 1/5 de todos os doentes oncológicos terão o diagnóstico de TEV durante a evolução da sua doença”, explica o presidente do GESCAT.

Assim, e especificamente para esta população de doentes, as guidelines internacionais e nacionais são inequívocas e unânimes ao classificar as HBPM como tratamento de primeira linha, devendo ser administradas em monoterapia entre três a seis meses.

Sobre esta questão, Sérgio Barroso esclarece que “devido ao elevado risco de recorrência, o tratamento do tromboembolismo venoso no doente com cancro deve ser prolongado ao longo de vários meses e este facto aumenta os custos, afeta de forma adversa a qualidade de vida e aumenta a probabilidade de adiamento e redução da eficácia do tratamento médico dirigido à doença oncológica (como a quimioterapia).

“A prevenção da trombose associada ao cancro reduz custos com a doença, melhora os resultados e diminui as mortes associadas a esta doença. Os profissionais de saúde responsáveis pelo tratamento do cancro devem proceder à avaliação frequente do risco de TEV especifico para cada doente, tipo de tumor e tratamento utilizado”, acrescenta.

“A trombose associada ao cancro, apesar de constituir uma das principais causas de morbidade e mortalidade dos doentes oncológicos, não recebe a atenção suficiente por parte das entidades responsáveis, profissionais de saúde e sociedade em geral. É necessário aumentar a sensibilização de todos os grupos de interesse relativamente ao impacto do TEV associado ao cancro e à necessidade de disponibilizar um diagnóstico precoce, prevenção adequada e tratamento eficaz aos doentes oncológicos com TEV”, considera o responsável.

“Os profissionais de saúde devem estar conscientes para o facto do TEV constituir uma possível complicação do cancro e do seu tratamento. Os responsáveis políticos devem ser esclarecidos sobre o custo económico e de saúde pública do TEV associado ao cancro e de como a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento eficaz da trombose associada a cancro pode salvar vidas e poupar recursos”, conclui Sérgio Barroso.

TRATAMENTOS PARA A DOR CIÁTICA

DOENÇAS E TRATAMENTOS

TRATAMENTOS PARA A DOR CIÁTICA

A dor ciática ou mais vulgarmente designada somente por ciática, é um sinal de perturbação da função do maior nervo do corpo humano, o nervo ciático, que pode tornar-se incapacitante e causar muito so...
HIPOTENSÃO ARTERIAL

DOENÇAS E TRATAMENTOS

HIPOTENSÃO ARTERIAL

Popularmente referida como tensão baixa, os profissionais de saúde designam a hipotensão, como a condição que é caraterizada por níveis de pressão arterial abaixo de 9 por 6.
UMA HOMENAGEM AO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

SOCIEDADE E SAÚDE

UMA HOMENAGEM AO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

O Dia Internacional da Mulher, data dedicada à celebração das conquistas e contribuições das mulheres ao longo da história, bem como à consciencialização sobre as desigualdades de género e à promoção...
BACTERICIDA, BACTERIOSTÁTICO OU BACTERIOLÍTICO?

MEDICINA E MEDICAMENTOS

BACTERICIDA, BACTERIOSTÁTICO OU BACTERIOLÍTICO?

Os produtos que atuam no combate a bactérias são classificados como antibacterianos e geralmente são divididos entre bactericidas, bacteriostáticos e bacteriolíticos.
0 Comentários