Não deve haver pausa mais desejada do que as férias. Depois de longos meses de trabalho, a cumprir horários, obrigações, horas perdidas no trânsito e correrias diárias, as férias são uma oportunidade para desligar, relaxar e recarregar baterias. Mas, tal como as férias são o momento mais desejado, há outro momento que gostaria de se adiar o mais possível – o do regresso ao trabalho.

A transição nem sempre é fácil, havendo até quem sofra de síndrome pós-férias. Entre os especialistas não existe consenso na altura de definir ou classificar esta síndrome, porém, nenhum deles a define como uma patologia e alguns chegam mesmo a negar a possibilidade de se sofrer de depressão pós-férias.

Mas, quer se trate ou não de uma perturbação, a verdade é que algumas pessoas têm dificuldade em interiorizar esta mudança após as férias. E é exatamente por isso que se deve refletir sobre a origem deste mal-estar.

As causas subjacentes à condição variam de pessoa para pessoa e consoante a situação, embora se possam identificar algumas tendências comuns, incluindo uma transição abrupta da rotina de férias (mais relaxante) para a de trabalho (com pressão de prazos ou objetivos).

As causas podem não estar inclusivamente relacionadas com a rotina do trabalho, mas sim com o trabalho em si. Um mau ambiente no trabalho, ou mesmo o facto de a pessoa não se sentir realizada, torna o regresso muito mais doloroso e difícil.

Na maior parte dos casos, os efeitos psicológicos acabam por ter consequências físicas que incluem: insónias ou dificuldade em adormecer; apatia; falta de motivação no trabalho; diminuição da produtividade; dores de cabeça e dores abdominais; mau humor, com eventuais mudanças drásticas e falta de energia no trabalho, mas também nas tarefas domésticas quotidianas. Os casos mais graves envolvem tremores, episódios de ansiedade e até palpitações, sendo aconselhável consultar um especialista.

Voltar à rotina e deixar para trás os dias de descanso pode ser um desafio, mas há algumas estratégias que pode implementar para facilitar o reinício. E começam ainda antes de partir de férias.

Uma delas é deixar o trabalho organizado para evitar ter muitas tarefas acumuladas quando tiver de voltar. Esta organização não só facilita o regresso, como lhe vai permitir aproveitar os dias de descanso com outra tranquilidade, já que não estará a pensar nas tarefas que deixou por fazer e que terá de tratar logo no recomeço.

Quando se vai de férias para fora de casa, deve-se evitar regressar apenas no dia anterior a retomar o trabalho, para que a mudança não seja tão violenta.

Os horários e as rotinas devem ser ajustados progressivamente: alguns dias antes, comece a organizar-se e às tarefas da casa, de modo a que a transição seja o mais suave possível.

Evite retomar o trabalho a uma segunda-feira. Se for possível, regresse a meio da semana, pois assim são apenas dois ou três dias até uma nova pausa, o fim-de-semana, e o impacto da mudança será menor.

No primeiro dia de trabalho, levante-se um pouco mais cedo do que o necessário para ter tempo para cuidar de si, tomar o pequeno-almoço sem pressa e sair de casa sem stress.

Uma vez no local de trabalho, informe-se sobre o que aconteceu enquanto esteve fora. Se a sua empresa não fechou, provavelmente houve acontecimentos, reuniões e decisões das quais deve estar a par. Assim, converse com os colegas de trabalho para se inteirar de tudo o que aconteceu de relevante na sua ausência.

Organize a sua agenda e defina prioridades. Não queira resolver todos os assuntos pendentes logo no primeiro dia – corre o risco de ficar ansioso, frustrado e cansado. Como se costuma dizer: “devagar se vai ao longe”. Tente voltar progressivamente à vida normal evitando grandes esforços logo nos primeiros dias e nem pense levar trabalho para casa.

Permita-se o tempo necessário para cuidar de si.

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Lá porque as férias terminaram, não significa que o tempo que dedica a si mesmo deva terminar. Retome as atividades que lhe dão prazer, como a ida ao ginásio ou o jogging no fim da tarde.

Prolongue o espírito das férias: faça um jantar com os amigos e partilhe as fotografias e os melhores momentos. Falar sobre as férias irá despertar a sensação positiva das melhores memórias que criou nesse período, trazendo emoções positivas para o quotidiano de trabalho.

Não esqueça o descanso. Momentos de pausa e descanso não fazem apenas parte das rotinas de férias. Garanta que mantém este hábito depois de regressar ao trabalho, por exemplo, programando uma “escapadela” de fim-de-semana algumas semanas depois de regressar.

Tenha em mente que o primeiro dia de trabalho é o que custa mais. Evite estar sempre a pensar que as férias acabaram. Em vez disso canalize as suas energias renovadas para uma nova atividade, seja no emprego ou fora dele. Além disso, para o ano vai ter mais férias! Porque não começar já a planeá-las? Pode ser uma boa motivação.