
SÍNDROME DO NINHO VAZIO, QUANDO OS FILHOS PARTEM
MENTE E RELACIONAMENTOS
Tupam Editores
O silêncio ensurdecedor de um quarto vazio. A cama feita que já ninguém desfaz. A rotina que, de repente, parece ter perdido todo o sentido. Se se identifica com estas sensações, provavelmente está a sofrer de síndrome do ninho vazio.
A síndrome do ninho vazio não é apenas um termo da psicologia – é uma experiência real e intensa que afeta profundamente a saúde mental e bem-estar emocional dos afetados.

O problema surge porque alguns pais têm a sua vida muito centrada na educação dos filhos e lidam mal com a mudança ou com a ideia de separação dos mesmos, sentindo que o seu propósito de vida se desvaneceu e que há uma perda afetiva importante nas suas vidas.
A maior parte das vezes a síndrome do ninho vazio está ligada à dificuldade de adaptação às transições do ciclo de vida.
Os principais sinais são a sensação de vazio e de perda, tristeza, saudades do(s) filho(s), preocupação excessiva com a sua segurança, choro frequente, pensamentos negativos, autocrítica, cansaço sem causa aparente, distúrbios do sono, diminuição da libido, alterações de humor, menor vontade de socializar e de fazer atividades que dão prazer, pensar que a vida não tem sentido, sentir-se inútil e incompleto.
Pode ainda aparecer o sentimento de culpa, juntamente com a autocobrança e o pensamento de que se poderia ter aproveitado mais a presença do filho desde a infância. Há até quem experimente uma espécie de luto, podendo passar por várias fases semelhantes às enfrentadas quando alguém próximo morre.
A duração da síndrome varia de pessoa para pessoa.
Para alguns, o sentimento de perda pode diminuir em semanas ou meses, mas para outros a tristeza pode persistir durante anos, dependendo do grau de maturidade emocional e do apoio recebido.
As mulheres costumam ser mais afetadas, por diversos motivos. O impacto maior pode acontecer com as mães que assumiram a responsabilidade integral pelos filhos e anularam os próprios planos e sonhos. Mas, além das questões sociais, as características biológicas também podem predispor a uma maior propensão para a síndrome. Geralmente, os filhos saem de casa num período de grande vulnerabilidade biológica da mulher, ou seja, na menopausa, e tudo se potencializa.
Mas os homens também podem sofrer com a saída dos filhos do lar, e se a vida conjugal não vai bem, o casal pode ter uma dificuldade maior para se adaptar à nova rotina.

A verdade é que, apesar de desafiadora para muitos pais, essa fase pode ser uma oportunidade de renovação pessoal.
É fundamental encarar a partida dos filhos como uma parte natural da vida, fazer uma boa gestão das emoções mais negativas e aceitar que elas irão passar. Perceber que as emoções negativas são apenas um sinal de uma mudança, de transformação, mas que podem ser transformadas, criando outras ocupações, hobbies, propósitos e objetivos na vida.
Com mais tempo livre, os pais podem voltar a investir em atividades que haviam deixado de lado, seja praticando desporto, explorando novos interesses ou dedicando mais atenção ao parceiro. A reconexão consigo mesmo é outra forma de enfrentar o vazio emocional.
Convém que o casal se mantenha ocupado. Descubram o que os faz felizes, desde danças de salão, hidroginástica, ou um curso na universidade sénior, fazer trabalho de voluntariado, ou jardinagem. Há muito por onde ocupar o tempo livre.

A nova liberdade proporcionada pela ausência dos filhos também permite aos pais o tempo necessário para viagens e outras aventuras.
É uma ótima oportunidade para realizar sonhos de longa data ou apenas descansar e renovar as energias.
Possivelmente terão amizades antigas com as quais gostavam de continuar e desenvolver amizade, ou até fazer parte de grupos ou associações, por interesses que possuam.
Se os sintomas da síndrome do ninho vazio forem mais persistentes e profundos, poderá ser indicado um acompanhamento profissional. Terapias individuais ou em grupo, onde é possível partilhar experiências com outros pais, podem proporcionar alívio e ajudar a superar esse período difícil.
Os filhos também podem ajudar a ultrapassar a fase, mantendo a comunicação regular e expressando apreço e gratidão pelo apoio dos pais. É igualmente importante tranquilizá-los quanto à sua segurança e bem-estar.
Se os seus filhos estão prestes a sair de casa e as emoções já afloram, saiba que a melhor maneira de passar por essa etapa sem tanto stress é preparar-se previamente. Tenha em mente que a vida não acaba com a saída dos filhos de casa, ela é composta por vários interesses e os pais terão bastante tempo para usufruir da liberdade que agora receiam.