SÍNDROME DO CANAL CÁRPICO: SABE O QUE É?

SÍNDROME DO CANAL CÁRPICO: SABE O QUE É?

DOENÇAS E TRATAMENTOS

  Tupam Editores

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Formigueiro, dormência a dor são os principais sintomas de uma das patologias mais comuns ao nível dos punhos e das mãos: a síndrome do canal cárpico. A condição afeta, sobretudo, o polegar, o indicador, o dedo médio e parte do anelar, e a sua evolução leva normalmente à perda de força e destreza manual.

Esta neuropatia compressiva afeta milhares de portugueses. Apesar de poder atingir qualquer pessoa, é mais frequente nas mulheres do que nos homens – com uma relação de cerca de 3:1 –, possivelmente pelo facto de estas terem normalmente canais cárpicos mais estreitos ou ainda devido às alterações hormonais a que estão sujeitas. A síndrome pode afetar uma ou ambas as mãos.

Embora a sua causa concreta seja desconhecida, qualquer circunstância que provoque um estreitamento do canal cárpico – túnel localizado entre os ossos do punho e uma faixa fibrosa à frente desses ossos –, pode resultar em compressão do nervo mediano.


Por exemplo, traumatismos locais, com ou sem fratura ou luxação dos ossos do carpo; quistos ou tumores locais; edema e inflamação dos tendões que passam no túnel do carpo.

A maioria dos casos de compressão do nervo mediano deve-se ao inchaço dos tendões e acontece em pessoas com fatores de risco que predispõem para o desenvolvimento e agravamento do problema com o passar do tempo, ou seja, por ação mecânica, mais frequentemente associada ao uso repetitivo e prolongado das mãos ou dedos e flexão e extensão marcada do pulso, como na utilização do computador ou do telemóvel; obesidade; doenças metabólicas, como a diabetes; desequilíbrios hormonais, como os relacionados com as hormonas da tiroide; doenças inflamatórias, como a artrite reumatoide ou a gota; e até retenção de líquidos, como pode acontecer na gravidez e em muitas outras situações.

As manifestações clínicas da síndrome do canal cárpico podem incluir dor, sensação de queimadura, formigueiro ou entorpecimento dos dedos; dificuldade em agarrar ou segurar canetas, talheres e outros objetos e dificuldade para fechar a mão com força.

Inicialmente, os sintomas podem ser apenas ligeiros e esporádicos, surgindo de noite. As pessoas acordam frequentemente com uma sensação de formigueiro e precisam de sacudir as mãos para recuperar a sensibilidade normal, podendo ocorrer dores no punho que irradiam para a mão ou para o antebraço.

O paciente não deve ficar à espera que o problema se resolva por si só durante muito tempo. É verdade que as manifestações podem desaparecer com a mesma rapidez com que surgiram, no entanto, deve procurar ajuda caso as mesmas não diminuam e não estejam a melhorar ao fim de, no máximo, 3 ou 4 dias. Situações destas podem evoluir muito facilmente para quadros muito mais difíceis de resolver, pelo que é de todo o interesse consultar um especialista para obter um diagnóstico.

A ortopedia, particularmente a sub-especialidade de punho e mão, é a mais indicada para diagnosticar e tratar a patologia. O teste de referência para o diagnóstico é o teste de Durkan ou Phalen modificado, e consiste na aplicação de pressão direta sobre o túnel do carpo ao mesmo tempo que se dobra o punho. A existência da síndrome irá provocar dormência e formigueiro nos dedos. Além deste, pode-se usar também o teste de Tinel, que tenta igualmente reproduzir as queixas do paciente através de pequenos toques dados na zona da pele que se encontra por cima do túnel do carpo e do nervo mediano.

Se estes testes não forem conclusivos, podem ser realizados outros exames, como um estudo de condução nervosa ou um eletromiograma. O primeiro serve para medir a velocidade de condução do nervo, enquanto o segundo mede a atividade elétrica dos músculos circundantes. Embora sejam exames um pouco desconfortáveis, demoram apenas cerca de 30 minutos.

Dependendo da gravidade de cada caso, o tratamento pode ir da simples toma de medicação até a uma intervenção cirúrgica. O objetivo é, obviamente, eliminar a compressão do nervo mediano.

Na maior parte dos casos, começa-se por tentar contrariar posições associadas à manifestação dos sintomas com a alteração da atividade (se possível), utilizam-se dispositivos de imobilização do pulso e do polegar, e fazem-se correções da postura e alterações ambientais. Podem ainda ser aconselhados exercícios, aplicação de calor e a toma de medicamentos de venda livre para alíviar a dor e a inflamação.

As injeções locais de corticosteroides são geralmente a hipótese seguinte a considerar, com intervalos entre tratamentos e durações de tratamento a determinar caso a caso. Em muitos casos consegue-se uma resolução definitiva do problema.

Nos casos mais graves e recorrentes, a solução passa pela descompressão cirúrgica do túnel do carpo. Esta pode ser feita por cirurgia aberta, com uma incisão maior, ou através de pequenas incisões. Requer um período de inatividade de cerca de um mês e pode, ou não, necessitar de reabilitação posterior com fisioterapia. Embora a resolução completa dos sintomas possa levar alguns meses, a taxa de sucesso da cirurgia é de cerca de 90%.

Autor:
Tupam Editores

Data Publicação:
14 de outubro de 2025

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SÍNDROME TRATAMENTO DOR

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