
OTOPLASTIA INFANTIL, O FIM DAS ORELHAS DE ABANO
DOENÇAS E TRATAMENTOS
Tupam Editores
A parte social da vida das crianças já é normalmente desafiadora, e o bullying é um dos grandes problemas em escolas de todo o mundo, principalmente hoje em dia com a grande influência das redes sociais. Infelizmente, um dos focos de perseguição acaba por ser a estética, e aqueles que possuem orelhas proeminentes, popularmente chamadas “orelhas de abano”, são frequentemente alvo de comentários e piadinhas por parte dos colegas.

As orelhas proeminentes representam a deformidade congénita mais comum do pavilhão auricular, atingindo cerca de 5% da população.
A necessidade de corrigir esta deformidade das orelhas não tem a ver com o sentido de estética da criança, mas sim pelos efeitos do bullying durante os anos formativos, que pode levar a baixa autoestima, déficit no desempenho escolar e diversos problemas psicológicos que podem acompanhá-la até à vida adulta.
A cirurgia que melhora a forma, posição ou proporção da orelha denomina-se otoplastia. Esta cirurgia permite corrigir um defeito na estrutura da orelha que está presente na altura do nascimento e que se torna visível com o desenvolvimento, mas também pode, por exemplo, tratar defeitos nas orelhas provocados por lesões. O procedimento proporciona equilíbrio e proporção entre o rosto e as orelhas e tem efeitos muito benéficos na autoimagem e autoconfiança das crianças.
Importa referir que para ser considerada como um problema cirúrgico, a orelha deve ter mais de 2 centímetros de distância do crânio. Um número menor que isso é considerado um desvio que provavelmente se ajustará conforme a criança se vai desenvolvendo.

Para a cirurgia, são bons candidatos crianças saudáveis (sem nenhuma patologia grave ou infeções crónicas nos ouvidos não tratadas) a partir dos 5/6 anos de idade ou quando a cartilagem do ouvido é estável o suficiente para poder ser corrigida. A criança deve ser cooperante, capaz de seguir instruções e de comunicar aquilo que está a sentir.
Para muitos pais pode ser assustador submeter um filho tão jovem a uma cirurgia, mas o procedimento é pouco invasivo e simples de executar. É realizado com o paciente sob anestesia local ou geral e tem a duração de 45 a 60 minutos. Dependendo dos casos, o doente pode ter alta no próprio dia ou ter um internamento de curta duração.

A otoplastia consiste na criação de uma dobra na cartilagem auricular (ante-hélix) através de incisões na zona posterior do pavilhão auricular (parte de trás da orelha).
Esta remodelação da cartilagem permite criar um ângulo mais fechado entre a cabeça e a orelha. Se a dobra na cartilagem auricular existir, mas for demasiado pequena, o cirurgião pode aumentá-la.
As cicatrizes resultantes são pouco percetíveis, pois situam-se na zona posterior da orelha.
Durante o período de recuperação, a criança precisará de cuidados especiais. Será necessário usar uma faixa compressiva ao redor da cabeça durante algumas semanas, a fim de manter as orelhas no lugar e auxiliar na cicatrização. É normal que as orelhas fiquem inchadas e doloridas nos primeiros dias após a cirurgia, mas isso vai diminuindo gradualmente ao longo do tempo. Devem-se evitar atividades físicas intensas e proteger as orelhas de impactos durante este tempo.
O cirurgião plástico dará instruções detalhadas sobre como cuidar das orelhas da criança no pós-operatório, incluindo curativos e medicamentos para aliviar os desconfortos.
Embora os resultados possam ser notados logo, é importante ter em mente que o inchaço e a vermelhidão podem demorar algumas semanas a desaparecer. Além da melhorar a qualidade de vida, realizar esta cirurgia na infância ou início da adolescência, garante uma recuperação mais rápida, pois a cartilagem nessa idade é bem mais maleável e o organismo jovem produz células mais rapidamente, o que torna a cicatrização melhor do que nos adultos.
Ainda assim, os pais devem estar cientes de que, como em qualquer intervenção cirúrgica, existem riscos e complicações associados à otoplastia. Embora seja considerada uma cirurgia segura, podem ocorrer complicações como infeção, sangramento excessivo, reações adversas à anestesia ou assimetria resultante da cirurgia.
É importante que os pais discutam exaustivamente esses riscos com o cirurgião plástico antes de tomar uma decisão sobre a otoplastia para os seus filhos. Para minimizar os riscos e garantir um resultado seguro e satisfatório é fundamental escolher um cirurgião plástico experiente e qualificado.
É igualmente fundamental oferecer apoio emocional e preparar a criança para a cirurgia. Os pais devem conversar com ela de forma clara e tranquilizadora e explicar-lhe o que esperar – reforçando a importância da melhoria estética e funcional –, encorajando-a a fazer perguntas e expressar as suas dúvidas e preocupações, para que compreenda todo o processo.
Com os cuidados adequados antes, durante e após a cirurgia, a otoplastia terá um impacto positivo duradouro na vida da criança.
Se está a considerar a cirurgia plástica para o seu filho, informe-se bem sobre o assunto.
Afinal, o que se pretende é o seu bem-estar e que ele possa crescer da melhor maneira possível.