NOMOFOBIA, O NOVO MAL DO MILÉNIO

NOMOFOBIA, O NOVO MAL DO MILÉNIO

MENTE E RELACIONAMENTOS

  Tupam Editores

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Há quem tenha aracnofobia, ou medo de aranhas, quem sofra com acrofobia, ou medo de alturas, ou agorafobia, medo de espaços abertos ou multidões, e com nomofobia, conhece alguém?

Considerada o mal do milénio, a nomofobia – uma abreviatura da expressão inglesa “No Mobile Phobia” –, caracteriza-se por um receio exagerado e inexplicável de ficar sem telemóvel para comunicar, seja por falta de bateria, rede ou por ter perdido o dispositivo, e é uma forma relativamente nova de perturbação de ansiedade.

Hoje em dia, a maioria das pessoas não consegue “viver” sem o telemóvel e utilizamo-lo para tudo e mais alguma coisa. Para além da forte necessidade de acompanhar o que está a acontecer noutros locais ou com outras pessoas, há sempre uma desculpa para ter o telemóvel por perto.

Mas tal comportamento não indica necessariamente que alguém está obcecado, afinal, os telemóveis tornam as nossas vidas muito mais fáceis.

Aliás, tudo o que fazemos está ligado a este pequeno aparelho eletrónico, desde a nossa organização de vida pessoal, como contas de banco, documentos, lista de afazeres e desejos, até à vida profissional, compromissos do dia, reuniões, materiais de trabalho. Há até quem diga que a vida está dentro do telemóvel, o que não deixa de ser uma verdade.


Mas até que ponto o uso do telemóvel é inofensivo para o ser humano?


A nomofobia é considerada um transtorno da sociedade virtual e digital contemporânea. Embora a Organização Mundial de Saúde ainda não a tenha classificado como uma patologia mental, os peritos alertam para a crescente dependência dos dispositivos.

Na verdade, esta dependência tem consequências graves para a saúde mental e física, a curto e a longo prazo, dos seus utilizadores.

As pessoas com nomofobia são obcecadas pelos seus telemóveis e não os largam o dia todo. Tendem a estar constantemente online e passam a favorecer os relacionamentos online em detrimento daqueles da vida real.

Tal como a maioria dos vícios, usar o telemóvel torna-se mais importante do que a própria saúde, os relacionamentos, encontrar-se com amigos e familiares ou até mesmo concentrar-se no trabalho. Torna-se uma prioridade na vida da pessoa.

Outro sintoma típico é o medo de uma bateria descarregada e de não a poder carregar, principalmente quando a pessoa não está em casa.

Um viciado sentir-se-ia frustrado, stressado ou ansioso sem um carregador e uma tomada.


Cada ação é determinada, de alguma forma, pela posse de um telemóvel (por exemplo, um viciado utiliza-o mesmo durante as compras ou no ginásio). Tendem a dormir com o telemóvel ao lado, verificando compulsivamente as notificações, as redes sociais, as mensagens e os e-mails.

Ficam irritados quando os dados móveis terminam ou quando têm de permanecer em locais que não possuam conexão wi-fi.

As consequências psicológicas mais comuns da nomofobia são ansiedade, depressão ou isolamento – quando as relações online substituem as da vida real. Mas também existem consequências físicas como, por exemplo, dores de cabeça, dores de estômago, desconforto ocular, devido à sobre-exposição aos ecrãs, ou dores nos pulsos e no pescoço, causadas por uma posição inadequada, aumento da pressão arterial, palpitações, mãos trêmulas, intensificação de sensações de pânico ou falta de ar.

Acredita-se que a nomofobia possa estar interligada com outros distúrbios psicológicos. Pessoas com tendência para desenvolver ou até mesmo que já convivem com a ansiedade ou transtorno do pânico, por exemplo, têm mais facilidade em ser afetadas pela condição, pois sentem-se muito ansiosas ou com medo excessivo de ficarem sem o telemóvel.

No entanto, mesmo podendo estar ligada a outros transtornos, as causas da nomofobia serão únicas para cada indivíduo, pois cada pessoa possui uma vivência, um organismo e uma experiência de vida.

Não existe uma cura específica para a condição, mas algumas abordagens e estratégias podem ajudar a gerir e superar o problema.

Por exemplo, pode ser útil fazer “desintoxicações digitais” periodicamente. Isso envolve períodos em que a pessoa se desliga completamente do telemóvel para se dedicar a atividades offline.

Definir limites saudáveis para o uso dos dispositivos móveis pode ajudar a reduzir a dependência e a ansiedade. Isso inclui períodos sem o telemóvel, especialmente antes de dormir, e limitar o tempo gasto nas redes sociais.

Isso pode contribuir para reduzir a ansiedade. Também pode ser benéfico procurar o suporte de amigos, familiares ou grupos de apoio. Partilhar preocupações e trabalhar em conjunto para estabelecer hábitos mais saudáveis pode ter um impacto positivo.

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem terapêutica que pode ser eficaz no tratamento de ansiedades e das fobias. Ajuda a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento disfuncionais relacionados com o uso do telemóvel.

Todas as estratégias apresentadas, em especial a TCC, deverão ser acompanhadas por um psicólogo. A ajuda profissional irá motivar o nomofóbico e ajudar a gerir o uso do telemóvel de forma inteligente e saudável.

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