
FOBIA SOCIAL, MAIS DO QUE TIMIDEZ
DOENÇAS E TRATAMENTOS
Tupam Editores
A interação social é o alicerce da formação de comunidades, grupos, amizades e famílias. Criar laços e construir relacionamentos faz parte do nosso dia-a-dia e é a partir dele que vivemos em sociedade. Mas, e quando essa interação necessária para a sobrevivência é barrada pelo medo?
O Transtorno de Ansiedade Social, também conhecido como fobia social, é uma condição caracterizada pelo medo excessivo e persistente de situações sociais em que pode ser avaliado ou julgado por outras pessoas, como falar em público, conhecer novas pessoas, ir a entrevistas de emprego ou, simplesmente, fazer perguntas a um funcionário de uma loja.

O medo de enfrentar situações sociais pode ser tão intenso que afeta o trabalho, a escola ou as atividades quotidianas e pode levar as pessoas, em casos extremos, a evitar locais ou acontecimentos que causam angústia ou geram sentimentos de constrangimento.
A fobia social afeta tanto homens quanto mulheres, mas os estudos indicam que as mulheres são ligeiramente mais propensas a desenvolver o distúrbio. Afeta milhões de pessoas em todo o mundo e varia em gravidade de leve a incapacitante. Aqueles que sofrem de fobia social frequentemente antecipam situações sociais com intensa ansiedade, muitas vezes semanas ou até meses antes do evento.
As causas desta fobia ainda não estão totalmente esclarecidas, no entanto, alguns fatores podem aumentar a probabilidade de a pessoa a desenvolver, como: experiência passada traumatizante em público; antecedentes familiares; maus tratos na infância; falta de habilidades sociais; experiências negativas em situações sociais; mudança de trabalho, escola ou casa. Todas as situações mencionadas diminuem a confiança da pessoa, fazendo com que duvide das próprias capacidades de desempenhar qualquer função em público.
A fobia social gera uma reação de luta ou fuga no organismo.
Isto significa que a pessoa que sofre se vê, ainda que de forma inconsciente, perante uma ameaça. Por essa razão, a condição suscita vários sinais e sintomas no corpo, que podem ser divididos em físicos, emocionais e comportamentais.
Fisicamente, os indivíduos podem experimentar sudorese excessiva, tremores, taquicardia, falta de ar, tensão muscular, dor de barriga, diarreia, rubor no rosto, tonturas e náuseas ao enfrentar situações sociais.
Emocionalmente, a fobia social é marcada por um medo avassalador de ser observado ou julgado negativamente. Esse medo pode levar a sentimentos de inadequação, vergonha e baixa autoestima.
Comportamentalmente, a fobia social manifesta-se na evitação de situações sociais. Os comportamentos comuns em pessoas com a fobia podem incluir:
Esquiva ou fuga de situações sociais – evitar encontros, festas ou reuniões de trabalho, ou até participar desses ambientes, mas ir embora por não tolerar a ansiedade ou os pensamentos catastróficos e a sensação de não pertencer ao local;
Dificuldade em interagir com outras pessoas – evitar conversas ou manter contacto visual, ter dificuldade de responder a perguntas e não ter habilidades sociais desenvolvidas e ser incapaz de desenvolver falas;

Isolamento social – preferir ficar sozinho para evitar a ansiedade social. Por vezes a pessoa com o transtorno também procura refúgio no álcool ou outras drogas para “aguentar” a ansiedade social ou para “se soltar mais”, o que pode levar ao uso abusivo e trazer mais riscos ao indivíduo.
O diagnóstico do transtorno é feito por profissionais de saúde mental através de avaliações clínicas que incluem entrevistas e questionários. É essencial que este seja preciso para se poder iniciar o tratamento adequado.
Importa referir que, sem tratamento a ansiedade social pode piorar com o tempo e, em casos extremos, levar ao isolamento e à depressão.
O tratamento do transtorno geralmente envolve uma combinação de terapia psicológica e medicação, adaptada às necessidades individuais de cada paciente.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é reconhecida como uma das abordagens mais eficazes. Esta envolve trabalhar com o indivíduo para identificar e desafiar os pensamentos negativos e distorcidos relacionados às situações sociais. Através da exposição gradual, o terapeuta ajuda o cliente a enfrentar aos poucos as situações temidas, permitindo que este adquira habilidades de enfrentamento e reduza o medo e a ansiedade associadas à interação social.

São ainda utilizadas técnicas de relaxamento, treinamento em habilidades sociais e estratégias de modificação de comportamento para ajudar o indivíduo a lidar de forma mais adaptativa com a ansiedade social.
Em algumas situações, pode haver necessidade de prescrever medicamentos para tratar a condição. Medicamentos antidepressivos, betabloqueadores ou benzodiazepinas poderão ser eficazes, mas devem ser receitados pelo médico assistente. Considerando os potenciais efeitos colaterais e interações medicamentosas, qualquer tratamento medicamentoso deverá ser supervisionado por um profissional de saúde qualificado.
Caso se tenha identificado com este transtorno ou tem dúvidas, e não sabe por onde começar o seu tratamento marque uma consulta com o seu médico assistente. Estará a dar o primeiro passo para vencer os seus medos.