CRUDIVORISMO, BENEFÍCIOS E RISCOS DO “COMER CRU”

CRUDIVORISMO, BENEFÍCIOS E RISCOS DO “COMER CRU”

DIETA E NUTRIÇÃO

  Tupam Editores

0

Nos últimos 20 anos têm surgido várias mudanças no universo da alimentação e da nutrição. Basta juntar um grupo de amigos num jantar para perceber que cada um deles segue um regime alimentar específico: uns são vegetarianos, outros comem carne, peixe e outros alimentos de origem animal, mas evitam o glúten, e até há aqueles que seguem o crudivorismo.

O crudivorismo, também conhecido como dieta crudívora, alimentação viva ou “raw food”, é uma abordagem alimentar que dá prioridade ao consumo de alimentos crus, sem processamento ou cozimento, com o objetivo de preservar ao máximo os seus nutrientes.

Apesar de a premissa implicar que todos os alimentos devem ser consumidos sem serem cozinhados, a dieta crudívora permite que estes sejam cozinhados (ou aquecidos) até uma temperatura máxima de 48 graus, para garantir que as vitaminas, minerais, antioxidantes e fibras neles presentes sejam mantidas intactas.

Para colocar este tipo de dieta em prática devem seguir-se algumas diretrizes básicas, como: optar por alimentos crus, como frutas, leguminosas germinadas, verduras, legumes; incluir fontes de proteínas como nozes, sementes e algas, além de gorduras saudáveis, como óleo de coco e abacate; evitar alimentos processados, refinados e cozidos, incluindo açúcar, farinha branca e carnes vermelhas. A rotina alimentar deve ser regular, comendo a cada 3 a 4 horas.

Importa referir que o crudivorismo é uma prática individual que pode ser adaptada de acordo com as necessidades nutricionais e preferências de cada um. E apesar de ser considerada uma dieta que tem muitos benefícios para o corpo, mente e saúde, não se deve mudar drasticamente a alimentação sem consultar um médico ou nutricionista para orientação.

De entre os vários benefícios, destaca-se o facto de melhorar a digestão. Os alimentos crus são mais ricos em enzimas, que ajudam na digestão dos alimentos e na absorção dos nutrientes, o que pode resultar em menos inchaço, obstipação e outros problemas digestivos.

Sendo baseada em alimentos mais saudáveis e menos calóricos do que a dieta convencional, a dieta crua pode ajudar na perda de peso. A sua riqueza em fibras desempenha um papel essencial na regulação do apetite. As fibras aumentam a sensação de saciedade, retardando o esvaziamento do estômago e reduzindo a vontade de comer ao longo do dia.

Outra das vantagens do crudivorismo é a sua capacidade de reduzir os níveis de colesterol LDL (mau colesterol). Isso fica a dever-se ao baixo consumo de açúcares refinados, alimentos ultraprocessados e gorduras saturadas, comuns nas dietas convencionais.

Fortalece o sistema imunológico. Os alimentos crus são ricos em antioxidantes – compostos bioativos que combatem os radicais livres responsáveis pelo envelhecimento celular –, e fitoquímicos que ajudam a fortalecer o sistema imunológico e previnem doenças.

Esses antioxidantes também ajudam a proteger a pele e os órgãos internos do envelhecimento precoce e de doenças relacionadas à idade, aumentando a longevidade.

Ao consumir alimentos ricos em nutrientes, o corpo tem mais energia para realizar as atividades do dia-a-dia. Isso pode ser especialmente útil para pessoas que sofrem de fadiga ou exaustão.

A pele também sai a ganhar. Os alimentos crus são ricos em vitaminas e minerais, como vitamina C e zinco, que ajudam a melhorar a aparência.

Pode parecer estranho, mas o crudivorismo também ajuda a combater o stress. A dieta crua pode reduzir o stress, pois os alimentos crus são ricos em nutrientes que ajudam a equilibrar os níveis das hormonas do stress no corpo.

Apesar de todas as vantagens deste tipo de dieta, também existem alguns pontos discutíveis, como a dificuldade de ganhar força e massa muscular e de manter a imunidade, o que influencia diretamente na capacidade de recuperação de doenças.

Evitar alimentos ultraprocessados e limitar o consumo de sódio e gorduras, diminui as probabilidades de desenvolver doenças cardíacas, excesso de peso, etc, no entanto, não existem estudos suficientes que comprovem a eficácia total da dieta crua no combate a doenças crónicas, como obesidade ou diabetes.

Além disso, o crudivorismo reduz a variedade de alimentos consumidos. Isso significa que há menor ingestão de proteínas, hidratos de carbono e algumas vitaminas, como B12 e D.


De referir ainda que alguns alimentos podem ser tóxicos se ingeridos sem cozimento, como o feijão e a mandioca.

Existem igualmente alguns riscos de intoxicação alimentar. Os alimentos crus podem estar contaminados com bactérias ou parasitas, que costumam ser eliminados no cozimento. Portanto, o crudivorismo pode não ser uma boa dieta para pessoas imunossuprimidas, por exemplo.

Antes de adotar o crudivorismo de forma radical, deve consultar um nutricionista para garantir que está a suprir as suas necessidades nutricionais. O profissional irá ajudá-lo a planear as refeições de forma equilibrada, evitando carências de vitaminas ou minerais essenciais. Em casos de condições especiais de saúde, será avaliada a viabilidade de adotar uma alimentação baseada no crudivorismo.

0 Comentários