
CRIANÇAS SOBREDOTADAS, COMO IDENTIFICAR?
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Tupam Editores
Certamente já ouviu falar de crianças sobredotadas. A sobredotação é o conceito utilizado para classificar pessoas e crianças que apresentam um elevado nível de inteligência e altas habilidades. Por exemplo, com apenas 5 anos Wolfgang Amadeus Mozart já escrevia os próprios concertos, Albert Einstein demonstrou o Teorema de Pitágoras a um tio aos 7 anos e Isaac Newton, em vez de brincar com legos, fez um moinho solar e um quadrante solar de pedra, hoje exposto na Sociedade Real de Londres.
Estes são alguns dos génios mais conhecidos da história da humanidade, mas eles não são os únicos, há muitos outros por aí. Em Portugal, entre 15 a 20% das crianças podem ser sobredotadas, mas só entre 3 a 5% estão identificadas como sobredotadas ou talentosas em determinada área.
Consegue identificar uma criança sobredotada?

Um dos métodos mais utilizados para esse efeito é o teste de Quociente de Inteligência, popularmente conhecido como teste de QI. Nessas simulações, quanto melhor for o seu desempenho, mais inteligente será considerada.
Existe uma média de pontuação para categorizar esse tipo de pessoa – considera-se sobredotada quando a pontuação fica acima de 140; quando esse número ultrapassa 180, a criança já pode ser classificada como um génio.
Contrariamente ao que se possa pensar, as capacidades elevadas nem sempre são fáceis de reconhecer. De facto, o comportamento das crianças com altas capacidades pode, por vezes, ser confundido com perturbações de défice de atenção, problemas relacionais ou mesmo comportamentos impertinentes para com os professores.
Em geral, estas crianças tendem a manifestar um espírito crítico. Revelam tendência para questionar afirmações ou realidades do seu contexto. Gostam de investigar temas que lhes interessam, mas, por vezes, podem parecer arrogantes ou impertinentes, aos olhos de alguns professores ou outros adultos.
Sentem-se especialmente atraídas por temas abstratos e transcendentes. A astronomia, a origem do universo ou a vida após a morte são exemplos de conversas que podem ter com os seus pais desde muito cedo.

Podem chegar a tornar-se obsessivas em relação a assuntos que lhes interessam. São crianças curiosas, observadoras e gostam de interagir com pessoas mais velhas. Sentem que as crianças da sua idade não lhes oferecem relações de interesse, sendo comum terem tendência para conversar com outros adultos. Muitas delas têm um espírito de liderança.
Reconhecer as características das crianças com altas capacidades favorece um diagnóstico precoce, assim como a adaptação da criança ao seu ambiente. A maior parte apresenta traços bem marcantes que começam a evidenciar-se logo nos primeiros anos de vida.
Possuir uma capacidade de aprendizagem superior à das restantes crianças da turma é uma dessas características. Convém referir que as capacidades elevadas não implicam um desempenho elevado em todas as disciplinas escolares ou áreas. A criança pode destacar-se em algumas áreas e apresentar dificuldades noutras.
Estas crianças também apresentam um desenvolvimento precoce e mais rico da linguagem e compreendem bem o material escrito ou lido. A aprendizagem é autónoma – compreendem tudo mais rapidamente e, muitas vezes, não necessitam de grande supervisão por parte dos adultos.

Possuem grande capacidade de concentração e apresentam um elevado nível de perseverança e de empenho nas tarefas que lhe interessam, assim como elevada criatividade e imaginação.
Os seus desenhos tendem a destacar-se pelo seu realismo. Por vezes, tendem a incluir simbolismo e raciocínios que seriam atribuídos a crianças mais velhas.
A hipersensibilidade é outra característica das crianças com altas capacidades. Algumas podem ser emocionalmente intensas. Têm interesse em vários assuntos, assim como hobbies e passatempos e participam em várias atividades. Aborrecem-se facilmente com a rotina.
São crianças que seguem as normas e as regras, têm opiniões sobre o certo e o errado, gostam de emitir juízos e são intolerantes para com as infrações dos outros. Possuem o sentido de justiça. Preocupam-se com os outros e com os problemas sociais.
Têm gosto por desafios e persistência e adaptabilidade perante dificuldades inesperadas. Resolvem os seus próprios problemas e têm uma forma de pensar muito independente. São agradáveis e simpáticas, gostam de pessoas e fazem muitos amigos com facilidade.
Muitas pessoas acreditam que uma criança sobredotada não precisa de apoios pois, devido aos seus privilégios intelectuais ou criativos, tem recursos suficientes para se desenvolver sozinha, no entanto, muitos sobredotados apresentam um desempenho mediocre. Isto acontece porque estas crianças precisam de ser envolvidas num ambiente favorável ao desenvolvimento do seu potencial.

Não tendo um acompanhamento adequado podem vir a ter problemas de insucesso escolar e de inadaptação social, a desenvolver comportamentos de baixa auto-estima e isolamento, que podem degenerar em marginalidade.
Se identificar no seu filho várias das características acima numeradas, deve procurar um profissional para ajudar a criança a ter o melhor acompanhamento, direcionando-a para as áreas e projetos que mais gosta, ajudando a tirar o maior proveito nos estudos.