COMPORTAMENTOS ADITIVOS E DEPENDÊNCIAS

COMPORTAMENTOS ADITIVOS E DEPENDÊNCIAS

SOCIEDADE E SAÚDE

  Tupam Editores

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Os comportamentos aditivos e as dependências (com ou sem substância) representam um problema de saúde pública. Os termos dizem respeito a padrões de comportamento nos quais uma pessoa se envolve repetidamente numa atividade ou consome uma substância, apesar dos danos potenciais ou reais que isso possa causar.

Também conhecidos como adições e vícios, estes comportamentos tornam-se centrais na vida da pessoa, muitas vezes à custa de outras atividades e responsabilidades.

Os comportamentos aditivos são padrões de comportamento que se caracterizam pela compulsão ou pela necessidade urgente de realizar uma determinada atividade. Exemplos disso incluem o jogo patológico, o uso excessivo da internet, compras compulsivas, entre outros.

Estes comportamentos podem não envolver substâncias, mas têm em comum o facto de criarem uma sensação de satisfação, prazer ou alívio temporário, o que leva a pessoa a repeti-los, apesar das consequências negativas.

Já as dependências estão tradicionalmente associadas ao consumo de substâncias como álcool, tabaco, drogas ilícitas ou medicação e caracterizam-se pela necessidade física e/ou psicológica contínua da substância.

Os dependentes podem desenvolver tolerância – necessitando de quantidades maiores para obter o mesmo efeito –, e dependência – experimentando sintomas de abstinência física ou psicológica quando a substância não está disponível.

Apesar de se saber que estão relacionados com alterações químicas no cérebro, os comportamentos aditivos e as dependências não têm uma causa única. Ao contrário do que ainda se pensa, não resultam da falta de vontade ou da tomada de más decisões ao longo da vida. Na origem destes problemas estão fatores genéticos, ambientais, psicológicos e sociais.

A genética, por exemplo, desempenha um papel significativo no desenvolvimento de comportamentos aditivos e de dependências. As pessoas com um histórico familiar de dependência têm uma maior probabilidade de desenvolver problemas semelhantes.

O contexto social, incluindo a dinâmica familiar, as pressões culturais e a disponibilidade das substâncias, pode predispor para o aparecimento de comportamentos aditivos e de dependências.

Não seria exagero dizer-se que o ambiente em que se vive pode desempenhar um papel crucial no desenvolvimento de comportamentos aditivos e de dependências. Se houver facilidade de acesso a substâncias ou a oportunidades para comportamentos aditivos (como jogos de azar, gaming, acesso irrestrito à internet, etc.), a probabilidade de desenvolver estas patologias aumenta.

Da mesma forma, a existência de traumas de infância como abuso físico, emocional, sexual ou negligência, também são fatores de risco significativos para o desenvolvimento de comportamentos aditivos e dependências. Este tipo de experiências traumáticas podem afetar o desenvolvimento emocional e psicológico, levando a problemas de saúde mental.

Na verdade, as adições afetam severamente a saúde mental, levando a condições como alterações neurológicas, transtornos mentais e deterioração cognitiva, depressão, ansiedade e outros distúrbios psicológicos.

Já os danos físicos podem incluir desde doenças hepáticas a problemas cardiovasculares e variadas doenças crónicas.

As relações pessoais e profissionais também sofrem, resultando em perda de confiança, ruturas nos laços afetivos e diminuição da produtividade no trabalho.

Para uma intervenção e tratamento eficaz é essencial a identificação precoce dos sinais de alerta. Estes podem variar de acordo com o tipo de dependência ou comportamento aditivo, no entanto, existem alguns sinais comuns, como as alterações de humor, o isolamento social e familiar, a negligência de responsabilidades, mudanças nos padrões de sono e alimentação, problemas financeiros, descuido da higiene pessoal e aparência, secretismo e negação ou minimização do problema, e tolerância e sintomas de abstinência.

A observação cuidadosa destes sinais pode facilitar o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. O tratamento médico, muitas vezes acompanhado de terapia cogitivo-comportamental é um dos passos fundamentais na luta contra os comportamentos aditivos e as dependências.

Terapias alternativas, como o mindfulness e a acupuntura, também podem ser complementos valiosos aos métodos convencionais.


Além disso, a construção de uma rede de apoio é essencial. O envolvimento, o apoio e a compreensão da família e amigos é crucial para o sucesso da recuperação.

Na luta contra os comportamentos aditivos e dependências um dos desafios é lidar com as recaídas e resistência ao tratamento, que exige paciência, persistência e uma adaptação constante das estratégias de recuperação.

Para quem luta contra estas patologias, o desafio é manter a sobriedade a longo prazo, e este requer estratégias contínuas que incluem o fortalecimento de habilidades para enfrentar e alterar os hábitos de vida.

O primeiro passo para uma intervenção terapêutica eficaz é a pessoa reconhecer que efetivamente tem um problema e que precisa de ajuda. Não tenha receio de a procurar!

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