A combinação de três fármacos diferentes poderá ser um melhor tratamento do que a quimioterapia no cancro do cólon avançado, concluiu um estudo publicado na revista Annals of Oncology.

A quimioterapia é muito pouco eficaz em cancro do cólon metastizado com uma mutação genética conhecida como BRAF V600E. Esta mutação acelera o desenvolvimento do cancro e está presente em até 15 por cento dos casos. Os pacientes nesta situação podem sobreviver apenas uns meses.

Os cientistas de várias instituições de investigação conduziram a fase III de um ensaio clínico conhecido como BEACON CRC, que contou com a participação de 665 pacientes com cancro do cólon avançado.

A equipa pretendia avaliar a eficácia de uma combinação de três fármacos, dois dos quais atuam sobre as células cancerígenas (cetuximab e binimetinib) e outro sobre o gene BRAF (encorafenib) em pacientes que não tinham respondido a um ou dois tratamentos anteriores.

Os participantes foram divididos em três grupos: 224 dos pacientes receberam a combinação tripla dos fármacos encorafenib, cetuximab e binimetinib; 220 pacientes receberam uma combinação dupla de encorafenib e cetuximab e o terceiro grupo, o de controlo, recebeu o fármaco de quimioterapia irinotecano, ou ácido folínico, fluorouracil e irinotecano (FOLFIRI) e cetuximab.

Os dados apurados mostraram que o tratamento convencional ofereceu um índice geral de sobrevivência de 5,4 meses, enquanto o tratamento triplo dos fármacos sem quimioterapia proporcionou uma sobrevivência mediana de nove meses. O tratamento que incluía uma combinação dupla ofereceu uma sobrevivência mediana de 8,4 meses.

O índice de respostas demonstrou uma melhoria de 26 por cento com o tratamento triplo, contra apenas dois por cento no regime convencional.

Esta descoberta é bastante animadora, pois desde há muito que os cientistas procuram atuar sobre o cancro do cólon com mutação no gene BRAF, e oferece o potencial de substituir a quimioterapia naquele tipo de doentes, afirmaram os autores do estudo.