Até dez mil casos de cancro por ano podem ser prevenidos no Brasil com o aumento da prática de atividade física, afirmam cientistas do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade de São Paulo.

A estimativa foi realizada em parceria com equipas de cientistas das universidades de Harvard (Estados Unidos), Cambridge (Reino Unido) e Queensland (Austrália).

Mais de 400 mil novos casos de cancro são diagnosticados por ano no Brasil. A atividade física pode reduzir o risco de doenças oncológicas através de diversos mecanismos biológicos, como a redução da adiposidade, redução de fatores pró-inflamatórios, redução da insulina, da resistência à insulina e de fatores de crescimento semelhantes à insulina, redução de hormonas sexuais e melhoria da função imune.

“A redução da adiposidade também teria um efeito nos demais mecanismos citados e, portanto, seria o principal mediador dessa relação entre atividade física e cancro”, explicou o cientista Leandro Fórnias Machado de Rezende, que cita os cancros da mama (pós-menopausa) e cólon como sendo os mais frequentemente diagnosticados no Brasil e que são sabidamente influenciados pela prática de atividade física.

O estudo mostrou que aproximadamente metade da população brasileira não cumpre a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de praticar pelo menos 150 minutos de atividade física por semana. Essa proporção é maior entre as mulheres (51 por cento) do que entre os homens (43 por cento).

Com base nesses dados e numa extensa revisão da literatura científica, bem como nos indicadores de incidência de cancro publicados pelo Instituto Nacional do Cancro e pela Agência Internacional de Investigação sobre Cancro, foi possível estimar diferentes cenários de prevenção do cancro por meio da atividade física, afirmou Leandro Rezende.

Até 8,6 mil casos de cancro em mulheres e 1,7 mil casos de cancro em homens poderiam ser evitados por ano com o aumento da prática de atividade física por parte da população.