APNEIA DO SONO, SABE O QUE É?

APNEIA DO SONO, SABE O QUE É?

DOENÇAS E TRATAMENTOS

  Tupam Editores

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Dormir bem é uma necessidade do ser humano, porém, aproximadamente 30% da população adulta mundial tem um sono de má qualidade, caracterizado por interrupções frequentes e despertares noturnos. À condição dá-se o nome de apneia do sono, ou Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), e é um dos distúrbios respiratórios do sono mais comuns.

A apneia do sono consiste na obstrução da via aérea superior durante o sono pelo colapso da língua e palato mole contra a parede posterior da garganta, provocando paragens respiratórias durante pelo menos 10 segundos.

Os doentes costumam ter de cinco a trinta episódios de respiração interrompida por hora, ou mais, e a gravidade da doença está diretamente relacionada ao número de interrupções que ocorrem durante o sono.

Em Portugal, a apneia do sono poderá afetar cerca de 950.000 pessoas, com idades compreendidas entre os 30 e os 69 anos – até 50% nos homens e 23% nas mulheres –, e a maior parte dos pacientes convive com a doença sem saber que a possui.

Geralmente é a companheira ou o companheiro que se apercebe dos sintomas, como o sono agitado, a roncopatia (ressonar) e as paragens respiratórias durante o sono, mais frequentes no homem. Quando é o próprio doente a ser questionado, refere sensação recorrente de asfixia/engasgamento no sono, alterações de humor, sonolência diurna excessiva, acordar cansado e noctúria (urinar várias vezes durante a noite). Na mulher, os sintomas podem ser mais vagos, como fadiga diurna, dores de cabeça matinais e dificuldades de memória e de concentração. No entanto, há casos de doentes com apneia do sono grave sem sintomas.

Para além de se ser do sexo masculino, existem outros fatores de risco que podem favorecer o quadro de apneia do sono como, por exemplo, a idade avançada (a incidência aumenta até cerca dos 70 anos) e a menopausa, no entanto, o mais comum é a obesidade, estando presente em cerca de 60% a 90% dos doentes.

Ter uma garganta estreita, pescoço grosso e cabeça redonda, características que tendem a ocorrer em algumas famílias, também aumentam o risco de apneia. Níveis baixos da hormona tiroideia (hipotiroidismo) ou crescimento excessivo e anormal, devido à produção excessiva de hormonas do crescimento (acromegalia), também podem contribuir para a doença. Às vezes, um AVC também pode causar apneia do sono.

Alguns comportamentos sociais, como a ingestão de bebidas alcoólicas e o tabagismo, assim como o recurso a medicação para dormir, podem contribuir igualmente para a doença.


A apneia do sono associa-se e pode ter impacto em diversas doenças, designadas comorbilidades.


Vários estudos têm constatado que está associada, frequentemente, a outras doenças, podendo provocar algumas complicações nas doenças cardiovasculares (hipertensão arterial, doença cardíaca isquémica, arritmias, AVC), na diabetes e na ansiedade ou depressão, pelo que é importante obter um diagnóstico o mais rápido possível e o respetivo tratamento.

O diagnóstico é baseado em três pilares: o exame físico, a história clínica do paciente e a realização de uma polissonografia, que pode ser feita num laboratório do sono, ou em casa, conforme indicação médica.


Trata-se de um exame realizado numa noite de sono e que regista a respiração, o ritmo cardíaco, a roncopatia e os níveis de oxigénio no sangue. Este exame permite classificar a gravidade da apneia de acordo com o número de paragens respiratórias do doente.

O tratamento visa manter a abertura da via aérea, evitando a sua obstrução. Assim, consegue-se prevenir a apneia (pausa), a queda da oxigenação do sangue e o aumento da pressão arterial, devolvendo ao paciente uma melhoria na sua qualidade de vida.

Em geral, nos casos leves – e em alguns moderados – a doença pode ser tratada com mudanças nos hábitos de vida, como, por exemplo: perder peso; evitar o uso de medicamentos para dormir; praticar atividades físicas; dormir de lado; evitar o consumo de bebidas alcoólicas; reduzir o uso de cigarros algumas horas antes de se deitar; evitar o consumo de comidas mais pesadas antes de dormir; manter a cabeceira da cama elevada entre 15 e 20 cm.

Também pode ser recomendado o uso de aparelhos intraorais, que ajudam a aumentar a passagem do ar pela garganta, ou o tratamento fonoaudiólogo, para fortalecimento da musculatura que mantém a garganta aberta.

Já os casos mais graves podem exigir o uso do CPAP (pressão aérea positiva contínua), um aparelho que promove um bombeamento de ar contínuo durante o período de sono para impedir o fechamento da garganta, evitando a apneia e as suas consequências.

O equipamento possui uma máscara, que é colocada no nariz, e um compressor de ar, que força a entrada do ar dentro do nariz e nas vias aéreas. Essa pressão mantém as vias aéreas abertas e permite que a pessoa durma e respire normalmente durante a noite.

Existem ainda cirurgias para o tratamento da apneia do sono, que são indicadas em casos específicos. O objetivo é corrigir anormalidades que podem ser a causa do comprometimento da respiração, como amígdalas aumentadas, pólipos nasais, desvio do septo nasal e malformações do queixo e do palato mole.

Quando o sono não tem qualidade, o impacto na saúde a qualidade de vida podem ser enormes. Se as suas noites de sono não têm sido adequadas, consulte um especialista em medicina do sono, pois poderá sofrer de apneia do sono sem saber.

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