ALIMENTOS COM CALORIAS NEGATIVAS, EXISTEM MESMO?

ALIMENTOS COM CALORIAS NEGATIVAS, EXISTEM MESMO?

DIETA E NUTRIÇÃO

  Tupam Editores

0

Como consumidores, as calorias dos alimentos preocupam-nos. São, aliás, um dos primeiros elementos que verificamos nos rótulos para determinar se o que estamos a pensar comer é saudável ou não. Num mundo onde as calorias são frequentemente vistas como inimigas, considerar que alguns alimentos podem ajudar no processo de emagrecimento pode surpreender.

O que acontece é que alguns alimentos, para serem digeridos, precisam de mais energia do que aquela que oferecem, sendo conhecidos como alimentos com calorias negativas. No fundo, a teoria das calorias negativas diz que existem alimentos com tão poucas calorias que, durante o processo de metabolização, o organismo gasta mais energia para os digerir e processar do que aquela que eles realmente fornecem.

Quando se ingere um alimento, o organismo gasta uma determinada quantidade de energia para processar todos os nutrientes e vitaminas existentes nesse alimento. Por exemplo, se esse alimento fosse uma maçã, que fornece 50 calorias (kcal), a teoria diz que o organismo pode gastar mais calorias para digerir a maçã do que as 50 calorias que foram, inicialmente, fornecidas pela mesma. Isto daria origem a um défice de calorias, promotor de perda de peso.

A ideia na base desta teoria diz que certos alimentos, em vez de fornecer, retiram calorias do organismo, porque o obrigam a gastar energia (calorias) extra para os digerir.

Assim, a inclusão de alimentos com calorias negativas na dieta pode ajudar a emagrecer.


São vários os alimentos que possuem calorias negativas. Nas frutas o destaque vai para o ananás, ameixa, amora, framboesa, laranja, limão, maçã, manga, melancia, melão, morango, nectarina, pêssego e tangerina.

Entre os hortículas o aipo, agrião, alface, espargo, beterraba, beringela, brócolos, cebola, cenoura, chicória, couve, couve-flor, curgete, espinafre, nabo, pepino, pimenta-vermelha, pimento, salsa, rabanete, repolho e tomate são considerados alimentos de calorias negativas.

Há muitas razões pelas quais se devem privilegiar estes alimentos em detrimento de outros. Antes de mais, devido ao reduzido valor calórico que apresentam, facilitam a ocorrência de um balanço energético negativo no final do dia e a perda de peso, pois ao substituir alimentos mais calóricos por estes, reduz-se o consumo total de calorias.

Depois, estes alimentos são ricos em fibras, promovendo uma maior saciedade e a regularidade do trânsito intestinal, além de promoverem um elevado aporte de vitaminas e minerais importantes para o equilíbrio metabólico e a desintoxicação do organismo.

Uma análise mais detalhada a esta questão permite concluir que o potencial efeito das calorias negativas de alguns alimentos está, de certa forma, relacionado com o “efeito térmico dos alimentos”. Este efeito térmico consiste nas calorias que o nosso organismo despende, sob a forma de calor, durante a digestão, absorção, transporte e armazenamento dos nutrientes desse alimento.

A este nível são as proteínas que dão “mais trabalho” ao organismo ao consumirem 20% a 30% do seu valor calórico neste processo, seguidas dos hidratos de carbono (5% a 10%) e das gorduras (0 a 5%). Também os alimentos ricos em fibras (hortofrutícolas e alimentos integrais) têm um efeito térmico superior, por exigirem um maior gasto energético durante a mastigação, digestão e absorção dos nutrientes.

Por outro lado, existem alimentos como o pimento, malagueta, café, chás e, eventualmente, o gengibre, que possuem elevado efeito térmico porque têm, na sua composição, substâncias com efeito estimulante no aumento da temperatura corporal (termogénese) e do metabolismo basal, promovendo um maior gasto energético em repouso. 

Mas esta perspectiva da termogénese também não deve ser levada ao extremo.

Tenha em mente que embora os alimentos com calorias negativas possam ser úteis como parte de uma estratégia de perda de peso, é improvável que perca peso apenas a consumir estes alimentos. Além disso, uma dieta alimentar que contenha apenas este tipo de alimentos não é considerada equilibrada, podendo levar a deficiências nutricionais.

Apesar de serem ricos em fibras, água e alguns micronutrientes, são pobres em calorias, proteínas, gorduras saudáveis e outros nutrientes essenciais, tornando a dieta inadequada para atender às necessidades nutricionais a longo prazo.

A verdade é que cada indivíduo é único e pode ter necessidades diferentes, preferências alimentares e condições de saúde, pelo que quanto mais variada for a alimentação, mais saudável será.

A teoria das calorias negativas não deverá ser aproveitada para fazer uma dieta apenas à base de uma lista limitada de alimentos e, por consequência, restritiva e pobre. Para manter um peso corporal adequado (e até para prevenir o desenvolvimento de doenças crónicas) devem-se ingerir diariamente produtos hortícolas e fruta, mas sempre mantendo um plano alimentar completo, variado e equilibrado, juntamente com a prática de exercício físico regular.

0 Comentários