FURÕES

FURÕES

OUTRAS ESPÉCIES

  Tupam Editores

3

O mundo dos animais de companhia é cada vez mais diversificado. Quando se trata de acolher em casa um animal com o qual se pode criar um vínculo emocional, são inúmeros os que se podem comportar como excelentes companhias.

Dono de uma personalidade incrível, simpático, agitado e curioso – talvez a sua característica mais marcante e a que mais chama a atenção – o furão já está entre os animais de companhia que os portugueses consideram mais amoroso. É muito brincalhão e amistoso, e as crianças adoram-no, razão por que interessa conhecê-lo melhor.

Cientificamente denominado por Mustela putorius furo, o furão doméstico, tal como outros pequenos mamíferos, tem vindo a ganhar popularidade como animal de companhia.

Nos Estados Unidos estima-se em 8 milhões o número de furões sendo o terceiro animal mais comum nos lares, logo a seguir ao cão e ao gato. Entre nós já se tornou legal possuir um furão desde que registado no Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e quando longe de áreas cinegéticas.

A tradução do seu nome pode ser entendida como “Ladrão malcheiroso”: o termo latino furo significa ladrão, e putorius deriva de putor, que significa mau odor, descrevendo acertadamente o cheiro que estes animais ocasionalmente exalam.

Pertencente à ordem Carnívora e família Mustelidae – que também inclui a doninha, o texugo e a lontra, entre outros –, a espécie foi domesticada há mais de 2000 anos. Rápido, ágil, bom trepador e nadador, era antigamente utilizado para caçar pequenos esquilos e coelhos. Por essa razão, em casa, devem ser mantidos longe destes animais e de outros pequenos roedores pois tentarão caçá-los e matá-los.

Já com cães e gatos podem conviver harmoniosamente. Aliás, de certa forma, adotar um furão é semelhante a dividir a casa com um gato ou um cão. É no entanto um animal que precisa de presença e dedicação diárias.

O furão como animal de companhia: alojamento e alimentação

Pernas curtas, um corpo muito alongado e um focinho em forma de cunha com dentes afiados, são as características físicas comuns entre os furões.

Com uma esperança média de vida de 5 a 8 anos, os machos são duas vezes maiores que as fêmeas (o macho pesa entre 800g e 3kg, e a fêmea pesará apenas 700g a 1,2kg). Outras diferenças dizem respeito à cor ou aparência e tamanho do pelo.

O furão pode ter uma infinidade de cores, isto porque não existem furões iguais em todo o mundo. Podem encontrar-se várias tonalidades como o branco, champanhe, preto, chocolate, canela ou tricolor. Além disso, existem alguns padrões muito concretos como o Standard, Siamês, Marmorizado, Uniforme, ou Panda, entre outros. O tamanho do pelo será varável no inverno e no verão.

Os furões mudam a pelagem naturalmente no outono e na primavera, revelando alopecia sazonal, principalmente na cauda ou base da cauda. A pelagem de verão é mais curta e a de inverno mais densa. À medida que envelhecem a pelagem vai-se tornando menos densa.

São uma excelente companhia, pois adotam facilmente o ritmo e os horários do dono. Enquanto este não está em casa aproveitam para dormir mas quando regressa despertam, disponibilizando-se para brincar sem parar.

Enquanto sozinho em casa, para sua própria segurança, o furão deve ser mantido fechado em gaiola. Eles não se sentirão incomodados com o facto, desde que tenham diariamente a oportunidade de sair para se exercitarem e brincarem algumas horas por dia ou mesmo dar um passeio pelo parque.

A gaiola deve ser de construção sólida, à prova de fugas, e ampla para que seja possível criar zonas distintas para alimentação, descanso e eliminação de dejetos, que devem estar afastadas entre si.

Quando soltar o furão em casa deve assegurar-se de que o local está preparado para prevenir brincadeiras perigosas. As cadeiras de baloiço e reclináveis são especialmente perigosas para estes animais curiosos, que gostam de pesquisar os mecanismos de baloiço, podendo prender-se e sofrer lesões graves.

Deve remover todos os objetos de borracha (incluindo sapatos) e impedir o seu acesso a fios de eletricidade, e tapar todos os orifícios com um pedaço de madeira resistente. Os furões gostam de se enfiar em locais escuros e estreitos. Se a cabeça conseguir passar, então todo o corpo passará, mesmo que tal pareça impossível.

Quanto à alimentação, os furões são animais carnívoros necessitando de bastante proteína e gordura na sua dieta. Devem ser alimentados com ração própria à qual se pode acrescentar carne de vaca e de galinha. Como alternativa, pode recorrer-se à ração para gatos (sem peixe ou verduras).

Ter em atenção que uma ração de fraca qualidade, com ingredientes vegetais, leva o furão, a longo prazo, a desenvolver pelagem de fraca qualidade, pancreatite, insulinoma, cálculos urinários, problemas dermatológicos, de reprodução e de desenvolvimento, entre outros.

Apesar de apreciarem bastante as guloseimas e frutos secos, estes devem ser evitados, uma vez que o seu sistema digestivo pode não conseguir processá-los. Também não devem ingerir frutas, legumes, verduras ou leite.

Comida adequada e água limpa e fresca devem estar sempre disponíveis, porque os furões não toleram jejuns prolongados.

Comportamento e caráter

Os furões são adoráveis animais de estimação, inquietos e cheios de energia, fruto das 14 a 18 horas que passam a dormir diariamente.

Muito inteligentes e sociáveis estes animais aceitam, geralmente, outros membros da sua espécie e inclusivamente gatos sem nenhum problema. Adoram brincar e dormir uns com os outros para se manterem quentes.

O furão detesta a solidão e sentir-se-á muito feliz por ter outro membro na família com quem passar o tempo. Se estiver sozinho convém dar-lhe alguns brinquedos, carinho e bastante atenção diária.

Apesar de infundados, existem alguns mitos sobre o comportamento agressivo do furão. Estes podem ser maravilhosos animais de estimação para as crianças, contudo, estas tratam-nos muitas vezes como brinquedos, por se assemelharem a peluches, e tentam abraçá-los com força, o que pode sufocar o animal, provocando uma tentativa de fuga em pânico, possivelmente gerando arranhões ou mesmo algumas mordidelas, em situações extremas.

Assim, recomenda-se observar de perto a convivência entre os animais e as crianças muito pequenas com vista à proteção de ambos. Com o passar dos anos devem ser ensinadas a cuidar e a segurar o furão, como qualquer outro animal doméstico.

A extrema curiosidade dos animais leva-os a interessar-se por tudo o que há em casa, logo esta deve ser “à prova de furão”, para evitar que este, apesar de parecer robusto, fique preso entre ou debaixo das coisas e se magoe.

Fornos ligados, produtos de limpeza, janelas e tomadas elétricas também são ameaças para o animal.

Dóceis, tranquilos e brincalhões, gostam de roubar objetos e escondê-los em lugares inusitados. Encenam lutas e perseguições e saltam para trás, para a frente e para os lados com os dentes arreganhados e um olhar bastante feroz.

Ao faze-lo estão a convidar os humanos, com os quais gostam bastante de interagir, ou outros animais, para a brincadeira. Se saltar com eles ficarão felizes. Para mostrar a sua felicidade podem inchar a cauda e fazer uns grunhidos, e alguns até abanam o rabo!

Aspetos médicos e legais

Tal como o cão, o gato ou o coelho, o furão precisa de ir ao veterinário com uma certa regularidade para, desde jovem, receber as vacinas pertinentes.

Os furões devem ser vacinados contra a raiva (após os oito meses de idade) e a esgana, sendo esta última mais importante e verdadeiramente indispensável. Quanto à vacina da esgana, uma vez que é administrada em três doses, o veterinário irá decidir as datas de vacinação. A primeira deverá ser às 8 semanas, a segunda dose será 3 semanas após a primeira e a última passadas outras 3 semanas. Anualmente, deverá ser feito um reforço desta vacina. Ambas as doenças são potencialmente mortais, mas em Portugal a raiva está considerada extinta.

Para além do controle das pulgas e do vermífugo, que deve ser feito duas vezes por ano, também é importante pensar na castração, uma prática que permite uma melhor condição da sua saúde, uma diminuição de uma possível agressividade e o aparecimento de doenças derivadas do cio, como por exemplo a anemia, no caso das fêmeas.

Os furões podem ser infetados pelo vírus da gripe humana, pelo que deve haver cuidado quando se estiver engripado para não contagiar o animal. Também são propícios a desenvolver otites.

Os cuidados de higiene requerem o corte das unhas, limpeza de ouvidos, escovagem do pelo, que muda duas vezes por ano, e um banho ocasional (no máximo uma vez por mês).

Se pensa que aumentando o número de banhos elimina o cheiro almiscarado característico da espécie, que incomoda os narizes mais sensíveis, desengane-se. Os perfumes para gatos também não são aconselhados pois o furão é um animal muito sensível, e pode ganhar alergias. Caso os utilize, só irão disfarçar o cheiro durante algumas horas, tornando-se depois ainda mais forte.

Para bem da saúde do animal o melhor é aconselhar-se com o veterinário que, de preferência, deve ser especialista na espécie.

No que respeita aos aspetos legais é importante saber que em Portugal existem leis contraditórias sobre a legalidade do furão. Segundo o Ministério da Agricultura é possível ter um furão legal desde que sejam cumpridos dois requisitos:

– ao abrigo do Decreto-lei 211, de 3 de Setembro de 2009, pela Portaria 7, de 2010, os furões são permitidos como animais de companhia, desde que registados no ICNF;

– não circular com o furão junto a zonas de caça, uma vez que aqui impõe-se a legislação cinegética em que a presença do furão é uma infração.

Assim, para evitar confusões, aconselha-se os donos a transportarem com o animal o comprovativo do registo, o Regulamento 998/2003 da Comunidade Europeia e o n.º 16 da Portaria 7/2010 para explicarem a situação aos agentes de autoridade, em caso de abordagem.

Os potenciais proprietários não podem deixar de se informar de que forma podem legalizar o seu exótico animal de estimação a fim de poderem desfrutar plenamente de sua companhia.

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
02 de Julho de 2024

Referências Externas:

Prebióticos podem ser prejudiciais para os equinos

Outras Espécies

Prebióticos podem ser prejudiciais para os equinos

Os prebióticos foram introduzidos na alimentação dos cavalos por se acreditar que eram benéficos, mas afinal, estes suplementos alimentares não são tão benéficos quanto se pensava.
MAUS-TRATOS A ANIMAIS SÃO CRIME PÚBLICO

OUTROS TEMAS

MAUS-TRATOS A ANIMAIS SÃO CRIME PÚBLICO

Os detentores de animais de companhia, não podem provocar dor ou exercer maus-tratos que resultem em sofrimento, abandono ou morte, estando legalmente obrigados a assegurar o respeito por cada espécie...
0 Comentários