TRICOTILOMANIA, QUE MANIA É ESTA?

TRICOTILOMANIA, QUE MANIA É ESTA?

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  Tupam Editores

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Difícil de pronunciar, a tricotilomania (trico = cabelo; tilo = puxar) é um transtorno psicológico mais conhecido pelos seus sintomas do que pelo seu nome.


Sabe de que se trata?


Descrita pela primeira vez na Grécia antiga, a tricotilomania é uma perturbação que se caracteriza pelo facto de a pessoa arrancar, recorrentemente, cabelos ou pelos de qualquer zona do corpo. Os locais mais comuns são o couro cabeludo, as sobrancelhas e as pestanas, e os menos comuns as regiões axilar, facial, púbica e peri-retal. Os locais de onde o cabelo é arrancado podem variar com o tempo.

No geral, os indivíduos usam as mãos para arrancar os cabelos/pelos, mas também podem utilizar uma pinça, por exemplo.


O ato de arrancar pode ser considerado automático quando a pessoa está abstraída e não ciente do que está a fazer, mas também pode ocorrer quando está exclusivamente concentrada no ato de arrancar os cabelos/pelos.

A perturbação, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, parece começar a manifestar-se na adolescência, atingindo o seu pico por volta dos 13 anos; já na idade adulta a condição é consideravelmente mais comum nas mulheres dos que nos homens, mas o estigma que lhe está associado faz com que esteja, no geral, subdiagnosticada.

Não existe uma causa específica para a tricotilomania, sendo considerada um transtorno multifatorial associado a fatores como experiência de vida, influências biológicas, comportamentais, genéticas e hereditárias.

As pessoas com a desordem também podem apresentar outras condições, como depressão, stress, baixa autoestima e transtorno de ansiedade generalizada. Isto acontece porque essa prática pode ser uma maneira de enfrentar ou aliviar, mesmo que de forma momentânea, situações desafiadoras ao longo da vida.

A predisposição genética é outra das causas da tricotilomania. Indivíduos que possuem familiares próximos com transtornos parecidos, como o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), têm maior probabilidade de desenvolver a condição.

Alguns estudos sugerem que disfunções no sistema dopaminérgico também podem ter alguma relação com a condição, já que a dopamina, um neurotransmissor que ajuda no controle dos impulsos, pode estar desregulada, o que contribui para a prática. No entanto, as principais causas desta desordem psicológica são as vivências stressantes e traumáticas, e o arrancar dos cabelos surge como uma forma de lidar com o desconforto emocional.

Os indivíduos com tricotilomania fazem repetidas tentativas para reduzir ou parar o ato de arrancar o cabelo. Isto porque o transtorno pode gerar impactos significativos tanto na saúde física quanto emocional, e afetar consideravelmente a sua qualidade de vida e bem-estar.

A prática pode desencadear infeções na área afetada ou no couro cabeludo, além de provocar sérios danos aos folículos pilosos, em muitos casos, de forma permanente, o que pode levar a um quadro de alopecia irreversível.

Em pessoas com um quadro grave de tricotilomania, pode ocorrer ainda a tricofagia, pois, em alguns casos, há a ingestão de fios arrancados, levando ao acúmulo de cabelo no estômago, o que provoca um comprometimento do sistema gastrointestinal grave, que exige cirurgia.

Existe ainda o risco de desenvolvimento de outras condições, como ansiedade e depressão, isolamento social e a dificuldade de manter relacionamentos sociais e profissionais, que podem surgir pela autocrítica e a dificuldade de falar sobre o problema ou a possibilidade de julgamento por terceiros.

O diagnóstico da tricotilomania é realizado por profissionais de saúde mental, através de uma avaliação detalhada do indivíduo. Isso envolve uma entrevista para entender os sintomas, histórico médico e psicossocial, e para fazer a exclusão de outras condições médicas que possam causar a perda de cabelo.

Após a avaliação, é fornecido um diagnóstico formal e desenvolvido um plano de tratamento personalizado para ajudar o indivíduo a gerir os seus sintomas, melhorar a qualidade de vida e manter um acompanhamento da sua condição.

Normalmente, a abordagem é multidisciplinar e combina sessões de terapia, medicamentos e práticas de relaxamento e mindfulness.

Um dos tratamentos mais importantes no processo é a Terapia Cognitivo-Comportamental, que ajuda o doente a identificar gatilhos mentais e situações que desencadeiam o comportamento. O profissional vai ajudar a desenvolver estratégias para lidar com as emoções e com situações de stress e ansiedade.

Nos casos mais graves também pode ser necessário o uso de medicamentos, como antidepressivos ou ansiolíticos – sempre sob orientação médica.

Este tipo de fármacos ajuda a regular os níveis de serotonina, a diminuir comportamentos compulsivos e a controlar a ansiedade.

A prática de mindfulness e atividades de relaxamento também contribui para a redução da ansiedade e do stress, além de melhorar a consciência corporal, permitindo que a pessoa perceba e interrompa o ato de arrancar os fios antes que isso aconteça.

O prognóstico é melhor quanto mais precocemente a doença for diagnosticada e o tratamento iniciado. É importante que o indivíduo tenha em mente que o processo de recuperação é gradual, pelo que deve ser paciente e não desistir.

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
03 de Junho de 2025

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