Terapia com inibidor da farnesiltransferase aumenta sobrevida de crianças com progeria

Terapia com inibidor da farnesiltransferase aumenta sobrevida de crianças com progeria

DOENÇAS E TRATAMENTOS

  Tupam Editores

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Sem opções de tratamento aprovadas, as crianças com progeria, uma doença rara de origem genética caraterizada por envelhecimento precoce e acelerado, morrem de doença cardíaca com uma idade média de 14 anos.

A palavra progeria tem origem nos étimos gregos progeras, “pro”, significa precoce e “geras” envelhecimento.

Estima-se que esta patologia afete uma entre 4 a 8 milhões de crianças e o seu diagnóstico é realizado pela observação de vários sintomas, que começam a evidenciar-se entre os seis e doze meses de idade, quando se instala a perceção de que a criança não consegue ganhar peso e se verificam alterações cutâneas.

Um novo estudo, publicado no Journal of American Medical Association (JAMA), revela que o lonafarnib, um inibidor da farnesiltransferase (FTI), ajudou a prolongar a sobrevida em crianças com Síndrome de Hutchinson-Gilford ou progeria, uma doença muito rara e fatal, que causa um envelhecimento precoce.

As crianças com progeria vivem em média até aos 14,5 anos e morrem vítimas de doenças cardíacas tipicamente associadas à velhice. Os investigadores do Boston Children’s Hospital e da Brown University, nos Estados Unidos, acompanharam mais de 250 crianças de vários continentes para demonstrar uma ligação entre o tratamento com lonafarnib e uma sobrevida prolongada.

A progeria é provocada por uma mutação genética, que resulta no excesso de uma proteína denominada progerina. A acumulação de progerina no interior de uma célula é tipicamente observada no envelhecimento normal, mas a taxa de acumulação é altamente acelerada na progeria, causando danos celulares progressivos, o que tem como resultado doença cardíaca aterosclerótica.

Originalmente desenvolvido como uma potencial terapêutica para o cancro, o lonafarnib inibe a farnesiltransferase, uma enzima que facilita a produção de progerina. A FTI impede que a proteína mutante se incorpore na parede celular onde provoca muitos dos seus danos.

No ensaio clínico, 27 crianças com progeria receberam lonafanib oral (150 mg/m2), duas vezes ao dia, em regime de monoterapia. O braço de controlo deste estudo consistiu em crianças com progeria, com idade, sexo e continente de residência semelhantes aos dos doentes tratados que não fizeram parte do ensaio clínico e, portanto, não receberam lonafarnib.

Os resultados demonstraram que o tratamento isolado com lonafarnib, comparando com a ausência de tratamento, foi associado a uma taxa de mortalidade significativamente menor (3,7 por cento vs. 33,3 por cento), após uma mediana de 2,2 anos de seguimento.

O estudo foi financiado pela The Progeria Research Foundation (PRF), uma organização sem fins lucrativos.

"O meu laboratório fez algumas das investigações originais sobre modelos celulares e de ratos que mostraram o potencial benefício desta classe de medicamentos para a progeria", afirma Francis S. Collins, diretor do National Institutes of Health.

“Foi encorajador ver esses resultados traduzidos num ensaio clínico. E, mais ainda, demonstrar a eficácia dos tratamentos nesta pequena população de crianças com esta doença fatal rara é um grande desafio. Assim, estou especialmente entusiasmado com estas descobertas mais recentes”, acrescenta Collins.

"Este estudo, publicado no JAMA, mostra, pela primeira vez, que podemos começar a travar o processo de envelhecimento rápido nas crianças com progeria", confirma Leslie Gordon, co-fundadora e diretora médica da PRF, e principal autora do estudo.

"Estes resultados dão novas promessas e geram otimismo para a comunidade da progeria", afirma.

Até ao momento, a PRF financiou quatro ensaios clínicos e centenas de estudos científicos destinados a descobrir novos tratamentos e a cura para crianças com progeria. Estudos anteriores patrocinados pela PRF associaram o lonafarnib a melhorias nos desfechos clínicos associados à aterosclerose e ao acidente vascular cerebral, duas características da progeria.

Considerando unicamente os casos registados em todo o mundo, a progeria ocorre numa em cada 20 milhões de pessoas, com cerca de 110 crianças identificadas através do Registo International da Progeria da PRF (www.progeriaresearch.org/international-progeria-registry/), estimando-se no entanto a existência de mais de 250 não diagnosticadas em todo o mundo. A PRF procura encontrar e ajudar todas as crianças com progeria.

“Na PRF, estamos a trabalhar de forma incansável para financiar novos avanços científicos para crianças que vivem com a progeria. Este estudo mostra que os ensaios clínicos realizados hoje são a nossa melhor esperança de salvar estas crianças no futuro”, refere Meryl Fink, presidente e diretora executiva da PRF.

“Com base nos resultados promissores desse estudo com o lonafarnib, temos uma sensação de urgência mais forte do que nunca. O marco de hoje assinala um novo começo para estas crianças e as suas famílias. Todos os dias e todos os momentos contam. O objetivo da PRF é encontrar a cura para a progeria e este estudo dá mais um passo na direção dessa meta”, conclui a responsável.

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