REMÉDIOS NATURAIS: CONSTIPAÇÕES, RESFRIADOS

REMÉDIOS NATURAIS: CONSTIPAÇÕES, RESFRIADOS

TRATAMENTOS NATURAIS

  Tupam Editores

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Atchim… Atchiiiim!! É a manifestação mais universal da infeção por um dos vírus mais vulgares e contagiosos que existem: o rhinovirus.

O rinovírus é um tipo de vírus com mais de 100 diferentes variedades e que representa a mais frequente causa de constipação, também conhecida por resfriado. Ainda que na maioria dos casos se trate de uma infeção ligeira e autolimitada, é a doença mais comum na nossa espécie, tendo custos elevados e uma repercussão económica indireta enorme, que se traduz no absentismo escolar infantil ou juvenil, e laboral entre os adultos.

As constipações são infeções das vias aéreas superiores, atingindo especialmente o nariz e garganta que, contrariamente ao que se pensa, podem ocorrer em qualquer altura do ano, embora em maior número durante o outono e o inverno, independentemente da localização geográfica.

Sabe-se, contudo, que a temperatura ambiente não influencia a frequência da infeção nem a gravidade do quadro clínico e, contrariamente à crença popular, a "corrente de ar", o tempo frio, chuvoso e húmido, ou a falta de um agasalho, não afetam a nossa resistência à infeção ao rinovírus. A maior frequência de resfriados nestas estações deve-se antes ao facto de os vírus que os causam estarem mais ativos nessa altura.

Além disso, nas épocas frias as pessoas concentram-se mais em casa, muitas vezes em divisões mal arejadas, facilitando o contágio. Igualmente, o ar seco, pelo uso dos sistemas de aquecimento, ou a exposição a ar muito frio no exterior conduzem a uma inflamação da mucosa do nariz, facilitando o desenvolvimento da infeção.

A constipação é uma das razões mais comuns pela qual os doentes visitam o médico – o número de casos de constipação em todo o mundo ascende a 12 biliões por ano. Trata-se de uma doença altamente contagiosa que se transmite através das gotículas de saliva ou expetoração libertadas pelo doente quando tosse ou espirra. Outro grande veículo de transmissão são as mãos contaminadas quando o doente se assoa.

A constipação vulgar é uma infeção benigna que desaparece espontaneamente, cuja sintomatologia dura cerca de sete a dez dias – embora possa persistir por três semanas –, e que afeta mais as crianças (seis vezes/ano) do que os adultos (quatro vezes/ano).

Os sintomas ocorrem dentro de 10 a 12 horas após a infeção e têm início com uma dor ligeira ou sensação de garganta arranhada, seguida por secreções nasais aquosas e nariz entupido, olhos lacrimejantes, espirros e tosse. O pico da doença ocorre no segundo ou terceiro dia. As secreções nasais pioram e podem tornar-se mais espessas e com aspeto amarelado/esverdeado. Esta descarga mucopurulenta é comum e não indica necessariamente a presença de bactérias, com a introdução de antibióticos no tratamento.

Outros sintomas da constipação incluem o mal estar, fadiga, dor de cabeça, rouquidão, dores articulares, pressão no ouvido, febre e dores musculares. Uma tosse seca pode desenvolver-se e persistir até à segunda semana de sintomas, às vezes mais tempo. A febre (abaixo de 38,5°C) é comum em crianças, mas rara nos adultos.

Não existe um tratamento específico para a constipação nem está recomendada a toma de antibiótico, uma vez que é uma doença provocada por vírus e não por bactérias (às quais se destinaria este medicamento). O objetivo é, antes, aliviar os sintomas e prevenir complicações, enquanto o sistema imunitário do organismo combate a infeção.

Para além do repouso, evitar mudanças de temperatura, ambientes frios ou correntes de ar, existem uma série de "remédios" naturais a que os doentes podem recorrer, sem sair de casa, para ajudar a diminuir o desconforto à medida que a doença segue o seu curso natural.

Os remédios naturais… também conhecidos por "mezinhas da avó"

Pode-se afirmar que o hábito de recorrer às virtudes terapêuticas de certos vegetais é uma das primeiras manifestações do antiquíssimo esforço do homem para compreender e utilizar a natureza a favor de uma das suas mais antigas preocupações – a que é originada pela doença e do sofrimento daí resultante.

É, de facto, admirável que, em todos os continentes, todas as civilizações tenham desenvolvido, a par da domesticação e da cultura das plantas para extração de alimento, a pesquisa das suas virtudes curativas e que este conjunto de conhecimentos tenha subsistido durante milénios, aprofundando-se e diversificando-se, até aos nossos dias.

No que diz respeito à prevenção da doença, tanto o alho, de que adiante se falará, como o gengibre têm sido estudados pelas suas capacidades de reforço do sistema imunitário. O chá de gengibre com mel e limão é milagroso no que diz respeito à prevenção dos resfriados.

A receita é simples! Água, 4 ou 5 rodelas de gengibre, limão (cascas ou rodelas), duas colheres de sobremesa de mel, e cravinho (opcional).

Colocar a água a ferver, e quando esta começar a levantar as bolinhas antes da fervura juntar as rodelas do gengibre e algumas tiras de casca de limão. Deixar ferver apenas uns segundos, e abafar durante 10 minutos.

Colocar numa chávena e juntar duas colheres de mel. Pode optar-se por colocar uma rodela de limão já na chávena, em vez da casca na fervura. Para quem aprecie o sabor, também se podem juntar 2 ou 3 cravinhos. Deve beber-se bem quente, de preferência antes de ir para a cama.

Vêm de longe também as fórmulas para ajudar a curar a tosse, as dores de garganta e a rouquidão que acompanham os resfriados.

O chá de casca de cebola é um exemplo. Basta ferver água com a casca de cebola e deixar repousar durante 5 minutos. Depois de se retirarem as cascas de cebola adoçar o chá com mel (ou açucar mascavado). É conveniente beber duas a três chávenas deste chá por dia que, apesar de não ser muito saboroso, é muito eficaz.

Para o mesmo efeito pode também recorrer-se ao xarope de cenoura. Os ingredientes são ½ cenoura, 4 colheres de sopa de açucar amarelo e 2 colheres de sobremesa de mel. Após lavar muito bem a cenoura, descasca-se e corta-se às rodelas (o mais fino que se conseguir). De seguida colocar o açucar e o mel e deixar repousar durante 24 horas.

No dias seguintes tomar o líquido resultante, duas vezes por dia. Por ser doce e de sabor agradável, este xarope é muito apreciado pelas crianças.

Em moldes semelhantes pode optar-se também pelo xarope de alho. Os povos sumérios já utilizavam o alho (Allium sativum) como remédio há cerca de 3 mil anos, existindo registos de seu emprego na assepsia de feridas em combatentes de guerras, por médicos gregos da Antiguidade.

A preparação deste xarope passa por juntar 150 ml de água com 200 g de açucar e deixar ferver até formar uma mistura homogénea. Descascar e espremer o alho e aos poucos ir acrescentando 80 g de alho (aproximadamente duas cabeças). Deixar ferver por mais 10 minutos. Depois de esfriar, coar e acondicionar num recipiente de vidro. Beber 2 a 3 colheres de sopa da mistura por dia.

Outro xarope, mais agradável, a que se pode recorrer é o xarope de mel e limão – a dupla imbatível. A receita é fácil e de confiança: 5 limões espremidos, 3 colheres de sopa de mel, 1 dente de alho amassado, e 1 pauzinho de canela.

Depois, é só bater os ingredientes (menos a canela) no liquidificador até obter a consistência desejada. Adicionar, então, a canela e armazenar num recipiente com tampa, mantendo a solução no frigorífico. A ingestão deve ser de uma colher de sopa, três vezes ao dia.

Um outro tratamento caseiro é a canja de galinha, conhecida como "a penicilina dos judeus" porque já no século XII, o filósofo e médico judeu Maimónidas a prescrevia para a asma, alergias, gripes e constipações. Ao que parece, a tradição popular da canja de galinha para ajudar na convalescença de gripes e constipações mantém-se até hoje.

O caldinho gorduroso com carne de galinha e massa, ou arroz, tem um efeito descongestionante no que diz respeito ao muco nasal e abranda a atividade de alguns glóbulos brancos, que são os responsáveis pelos sintomas da constipação. Para além de ajudar a hidratar o organismo, a canja fornece proteínas que ajudam o corpo a restabelecer-se.

A inalação de vapores de eucalipto é outra ideia excelente para combater a constipação. Os ingredientes são duas chávenas (chá) de eucalipto e um litro de água. Devem colocar-se as folhas de eucalipto num tacho com água e levar ao lume. Deixar ferver e, de seguida, desligar o lume.

Depois de deitar a água num recipiente tipo alguidar, cobrir a cabeça com uma toalha turca e inalar o vapor da solução durante cerca de 15 minutos. Este tratamento deve ser feito duas vezes por dia, até que os sintomas da constipação sejam atenuados.

A vitamina C, nome químico ácido ascórbico, é outro remédio popular para o resfriado comum. Vários estudos revelam, no entanto, que não previne a constipação na maioria dos adultos, embora os que a tomam regularmente pareçam ter resfriados mais curtos e sintomas mais brandos. O nutriente, que melhora o sistema imunológico, pode ser obtido especialmente em frutas como a laranja, quivi, acerola, goiaba e bagas de goji.

Os remédios caseiros têm sido utilizados pelos seres humanos desde tempos imemoriais, não só para prevenir e curar uma série de doenças, restituindo a saúde, mas também para melhorar a aparência, remover manchas, repelir insetos ou cuidar de plantas, entre muitos outros usos.

As receitas não têm conta, e o facto de se manterem até hoje expressam os seus benefícios e eficácia. Mas serão sempre a solução? Nesse caso, para que servem os medicamentos?

Tratamento Natural vs Tratamento Farmacêutico

Por vezes esquecemos, ou desconhecemos, os benefícios que a natureza tem para nos oferecer. É o caso de alguns dos antibióticos naturais mencionados anteriormente (alho, cebola, limão, mel e gengibre).

Para além da sua eficácia, não irritam nem estimulam artificialmente o organismo, ajudando antes a equilibrá-lo respeitando o período necessário de cura. Estão sempre acessíveis, são fáceis de preparar, baratos, não têm efeitos secundários, a curto ou longo prazo, possuem propriedades antisséticas, antibacterianas, antimicrobianas, bactericidas, cicatrizantes, expetorantes e ajudam a reforçar o sistema imunitário, razão pela qual previnem doenças e curam infeções, gripes e resfriados.

Ainda assim, muitas pessoas, pelas mais diversas razões, optam pelo tratamento com fármacos sintéticos. Estão disponíveis no mercado, uma série de medicamentos sem receita médica para tratar os sintomas da constipação comum, e que inclui descongestionantes, anti-histamínicos, antitússicos, expetorantes e analgésicos.

Os produtos que contêm apenas uma substância ou princípio ativo são preferíveis aos medicamentos com múltiplas substâncias devido ao menor custo, menor risco de interação com outros medicamentos e menos efeitos colaterais. Além disso, a utilização de produtos com vários componentes faz com que muitas vezes se estejam a ingerir substâncias orientadas para sintomas que não existem.

Para a febre e mal-estar geral estão indicados medicamentos como o paracetamol, ácido acetilsalicílico ou anti-inflamatórios não esteroides (AINE´s).

Quando o corrimento nasal é muito intenso e se verificarem queixas oculares, são indicados os anti-histamínicos em comprimidos, que também poderão ser utilizados no tratamento da congestão nasal. Se o corrimento nasal for espesso e difícil de expulsar, deverá ser usado soro fisiológico para lavagens frequentes. Já os vasoconstritores nasais devem ser evitados por causarem, após um descongestionamento temporário, um efeito contrário de vasodilatação com aumento da obstrução nasal.

Para a tosse seca, poderá ser usado um antitússico, mas se for acompanhada de expetoração deve optar-se por um mucolítico e expetorante. Os medicamentos anti-inflamatórios, pastilhas com analgésicos locais e rebuçados emolientes, podem ajudar nas dores de garganta, rouquidão e afonia. Manter uma boa hidratação também é importante, pelo que a abundante ingestão de líquidos é fortemente recomendável.

Independentemente do tipo de tratamento escolhido – natural ou farmacológico –, convém salientar que não existe tratamento curativo ou para travar a constipação, ou resfriado comum. Com a medicação pretende-se aliviar a sintomatologia e prevenir possíveis complicações, enquanto o sistema imunitário do organismo combate a infeção que se instalou.

E, tal como são necessários cuidados com a toma de medicamentos sintéticos, também com os naturais sucede o mesmo. Apesar de todos os benefícios que estão associados а este tipo de medicina alternativa, é importante fazer algumas ressalvas.

Algumas pessoas ficam tão compenetradas em encontrar cura para as suas doenças na natureza que, muitas vezes, abrem mão da assistência médica, tentando tratar-se somente com plantas. Os especialistas no assunto reconhecem que algumas misturas são benéficas para а saúde е ajudam а combater os sintomas das doenças, porém não substituem uma visita ao médico ou а realização de exames, principalmente se os sintomas persistirem.

Quando uma simples constipação se complica

Aos primeiros sintomas o doente poderá automedicar-se seguindo os conselhos aqui deixados; todavia, se a situação não melhorar, ou pelo contrário se agravar, deve procurar imediatamente o médico, pois pode significar que surgiram complicações, cuja gravidade terá de ser avaliada, e instituída a terapêutica adequada a cada caso.

Deve contactar-se o médico em caso de: febre alta durante mais de 24 horas ou febre recorrente depois de ter cessado durante mais de 24 horas; um ruído vibratório arquejante ou áspero ao inspirar; tosse com sangue, tosse que dure mais de uma semana ou que produza expetoração espessa e verde amarelada, de cheiro desagradável; sentir dor intensa ao engolir; ter dificuldade em respirar ou falta de ar; ou se tiver existido um curto período de melhoria seguido de agravamento, especialmente com náuseas ou vómitos, dor peitoral ou febre alta.

Refira-se que um resfriado comum pode propiciar complicações bacterianas secundárias infecciosas, classicamente compreendidas na tríade sinusite-conjuntivite-otite. A inflamação dos tecidos provocada pelo rinovírus pode alterar a drenagem das secreções dos seios da face, facilitando a ocorrência de sinusite bacteriana aguda. Ao contrário do resfriado não complicado, essas formas da doença precisam de tratamento específico com antibióticos.

Para evitar que se chegue a este cenário há que implementar estratégias de prevenção já que, afinal, o provérbio dizia "Mais vale prevenir que remediar…". Existem algumas medidas básicas de higiene que podem ajudar a diminuir o risco de se ficar constipado, ou engripado e, se já se estiver infetado, de impedir o contágio aos familiares mais próximos.

Como primeira medida, é fundamental lavar as mãos com frequência – é uma das vias de contacto frequente entre as pessoas; evitar, na medida do possível, tocar nos olhos, boca ou nariz, de forma a impedir a transmissão dos vírus que eventualmente transporte nas mãos; limitar o contacto com pessoas que estejam doentes, principalmente nos primeiros dias da infeção; limitar a exposição ao tabaco, pois o fumo provoca danos nas mucosas e promove o desenvolvimento de um meio favorável à proliferação de vírus causadores de constipações; tentar reduzir o nível de stress, pois está provado que este reduz as nossas defesas naturais contra os germes mais frequentes.

Ter uma dieta equilibrada, dormir o suficiente, e praticar exercício físico de forma moderada são mais algumas estratégias para evitar contrair um resfriado mas, se mesmo assim já não for a tempo, não se esqueça que a doença é uma oportunidade para dar um tempo de descanso, parar, e quem sabe, alterar alguns padrões de vida, por isso não desperdice essa oportunidade.

Não se revolte com algo que não pode mudar e em vez disso aproveite o descanso imposto pelo corpo. E respire!

Ver mais:
CONSTIPAÇÃO, GRIPE E TOSSE, TRATAMENTO E CUIDADOS
GRIPE
GRIPE, A AMEAÇA SAZONAL


Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
09 de Abril de 2024

Referências Externas:

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