PRIMEIRO TRANSPLANTE FACIAL EM FRANÇA

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Uma francesa de 38 anos vai receber uma cara nova pelas mãos de dois cirurgiões que arriscaram fazer o primeiro transplante facial da história médica

O primeiro transplante do rosto, embora parcial, foi realizado por uma equipa de médicos franceses que conseguiu reconstituir o nariz, queixo e lábios de uma mulher de 38 anos, recentemente atacada por um cão que lhe desfigurou a face.

Na intervenção participaram dois cirurgiões, Jean-Michel Dubernard, especialista de Lyon, e Bernard Devauchelle, do hospital de Amiens, que conseguiram extrair de um doador em estado de morte cerebral, tecidos subcutâneos, veias, arterias e músculos da cara.

O resultado, garantem os especialistas, vai ser uma nova imagem que não vai ser igual à do doador nem semelhante ao rosto que a paciente tinha antes do ataque, sendo mais um "rosto híbrido".

Até ao momento, a doente, que pediu o anonimato, "está em excelente estado" segundo adianta um comunicado emitido pelo hospital, acrescentado que o "transplante está normal". Como medida para o organismo não rejeitar o transplante, a doente será obrigada a tomar imunosupressores durante toda a vida como ocorre em qualquer transplante de um outro órgão.

Trata-se de uma intervenção de alto risco, tanto sob o ponto de vista médico como psicológico, pois pode haver rejeição, mesmo com a administração dos fármacos, ou "os vasos sanguíneos podem ainda obstruir-se", alertou o cirugião britânico Iain Hutchison em declarações à BBC online. Por outro lado, os efeitos psicológicos quando a mulher for confrontada com a sua nova imagem são imprevísiveis, uma das razões apontadas para este tipo de intervenção não ser realizada.

Há ainda quem levante também questões éticas, pois "os órgãos terão de vir de um doador cujo coração continue a funcionar" como relembra aquele cirurgião. Hutchison considera complicado qualquer familiar com um doente nos cuidados intensivos decidir que o ventilador seja desligado e o rosto da pessoa seja removido, havendo sempre "a possibilidade do doador continuar a respirar".

Contudo, o especialista da organização humanitária Saving Faces congratulou-se com o êxito dos seus colegas franceses na intervenção, reconhecendo que é o primeiro transplante facial a usar pele de outra pessoa.

Actualmente, no caso de pessoas desfiguradas, são utilizados enxertos de pele de outras partes do corpo o que dá origem a texturas e cores diferentes no rosto. Por isso, os especialistas aconselham, para este tipo de casos, optar pelo transplante de pele de um dador, apesar das implicações éticas e psicológicas.

Estas questões éticas são a razão principal pela qual as técnicas inerentes a este tipo de intervenção não têm avançado muito, embora já há vários anos seja possível o transplante facial.

É uma intervenção inovadora e que pode representar uma segunda oportunidade para muitas pessoas desfiguradas como no caso da paciente francesa que, não apenas vai recuperar a sua auto-estima como uma nova imagem, podendo ter uma melhor qualidade de vida, uma vez que a falta do nariz e dos lábios impossibilitava-a de comer ou falar normalmente.

O velório também deixa de ser realizado na casa da família, onde antes o corpo ficava exposto e era visitado pelos entes queridos, pois a presença do morto em casa é cada vez menos tolerada, tanto por questões de higiene quanto por falta de condições psicológicas de vivenciar a situação.

É perfeitamente percetível que, na cultura ocidental, a partir da segunda metade do século XX, a morte passa a ser interdita, embaraçosa, um "tabu", algo a que o homem pós-moderno tenta fugir, a fim de não lidar com ela, passando progressivamente a ocupar o lugar do antigo tabu sexual.

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
09 de Abril de 2024

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