HIPOCONDRIA

HIPOCONDRIA

DOENÇAS E TRATAMENTOS

  Tupam Editores

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Hipocondria é uma perturbação em que a pessoa apresenta com frequência queixa de sintomas físicos e está particularmente preocupada porque acredita convictamente que eles correspondem a doença grave.

De forma mais concreta, trata-se de um receio mórbido referente às funções do organismo ou ao estado de saúde em geral, quer do ponto de vista mental ou físico, dando lugar a queixas que são comunicadas a outras pessoas, constituindo uma fobia às doenças, a que são apontadas diversas causas possíveis. Muito embora alguns estudiosos considerem o transtorno como um quadro clínico autónomo, a maioria prefere designá-la como sendo um subproduto de outras perturbações, como a depressão e a esquizofrenia.

De acordo com a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com Saúde (CID-11) da Organização Mundial da Saúde, em vigor desde 1 de janeiro de 2022, a hipocondria é considerada uma desordem da área dos transtornos obsessivo-compulsivos ou relacionados (6B23), sendo caraterizada por preocupação ou medo persistente sobre a possibilidade de ter uma ou mais doenças graves, progressivas ou com risco de vida.

Essa preocupação é acompanhada por: 1) comportamentos repetitivos e excessivos relacionados com a saúde, como verificar repetidamente o corpo em busca de evidências de doença, gastar muito tempo na procura de informações sobre a doença que teme, procurar segurança repetidamente através da marcação de várias consultas; ou 2) comportamento evasivo mal dissimulado no sentido de evitar consultas médicas, sintomas estes que resultam em sofrimento ou prejuízo significativo no funcionamento pessoal, familiar, social, educacional, ocupacional ou em outras importantes áreas de atividade.

Do ponto de vista terapêutico, a patologia tem suscitado os mais variados tipos de intervenção, nem sempre correspondendo às espectativas, o que geralmente tem levado a prognósticos reservados, devido principalmente a fatores culturais, muito relevantes neste tipo de doença. Em alguns povos ou culturas, o papel que em determinadas alturas é atribuído a certas doenças, pode contribuir para gerar receios específicos nas pessoas em relação à doença que é popularmente mais discutida. Hoje, a internet e as redes sociais, podem acelerar e amplificar a divulgação das informações sobre as enfermidades, o que constitui uma fonte acrescida de preocupação.

Por outro lado, é importante conhecer previamente o historial de saúde da pessoa bem como a sua eventual relação com familiares próximos portadores de doença grave, com os quais se possa ter identificado no seu sofrimento, muito embora na base da hipocondria não esteja normalmente uma perturbação física bem definida. Apesar das causas ainda serem desconhecidas, existem fatores que podem estar envolvidos e contribuir para o seu desenvolvimento nomeadamente a existência de uma história de abuso físico, doença grave na infância, reduzida capacidade de exprimir emoções, presença da patologia em causa em familiar próximo ou elementos genéticos.

Apesar do tratamento da hipocondria se mostrar difícil, devido ao facto do paciente estar convencido de que padece de algo muito grave, provavelmente a terapia cognitivo-comportamental é um dos melhores e mais eficazes métodos a adotar pois é focada em eliminar as condutas prejudiciais, substituindo-as por padrões de comportamento mais saudáveis, o que aliado a uma boa relação com o médico estimula uma potencial cura.

A terapia cognitivo-comportamental é uma abordagem da psicoterapia baseada na combinação de conceitos da psicologia do comportamento radical, com teorias cognitivas, tendo por objetivo identificar padrões de comportamento, pensamento, crenças e hábitos que estão na origem dos problemas, aplicando, a partir daí, técnicas para alterar essas perceções de forma positiva através de condicionamento mental, levando as pessoas a aprender a olhar para a realidade de forma mais pragmática e impedindo que os seus níveis de ansiedade se manifestem.

Um dos principais objetivos de um médico é ajudar o paciente a viver e funcionar da maneira mais normal possível, ainda que as manifestações da doença persistam, bem como alterar a forma de pensar e reagir, que estão na origem dos sintomas. Para esse efeito, é indispensável o recurso a medidas de acompanhamento e suporte, com manutenção de um contacto regular e estabelecimento de uma boa relação médico-doente, a toma de fármacos específicos para controle da depressão e ansiedade e sessões programadas de psicoterapia.

Não são conhecidas formas de prevenir a hipocondria, mas o tratamento adequado do problema desde cedo, faz com que a recuperação seja melhor, mais fácil e os impactos na vida quotidiana sejam menores. As pessoas acometidas por este transtorno tendem a automedicar-se para procurar alívio de alguns dos sintomas, porém a automedicação é frequentemente desprovida de adequada orientação, habitualmente influenciada por amigos ou familiares, o que pode originar riscos acrescidos para a saúde e causar efeitos indesejados que agravam a doença, além de poder mascarar uma doença mais grave, quando é administrada por um período prolongado.

Por isso, a prática da automedicação deve ser desestimulada pois os medicamentos podem ser benéficos quando devidamente prescritos e sob orientação médica, mas podem ser muito prejudiciais quando usados indiscriminadamente.

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
23 de Dezembro de 2024

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