Uma equipa de investigadores das universidades de Oslo, na Noruega, e de Monash, na Austrália, descobriram que as perturbações sentidas por muitas pessoas depois de comerem alimentos que contêm trigo podem surgir devido à sensibilidade ao frutano, e não ao glúten, como comummente se acredita.

Num artigo publicado na Gastroenterology, o grupo descreve as experiências realizadas, onde os voluntários foram convidados a comer alimentos com e sem frutano e glúten. Para os investigadores, ter sensibilidade ao glúten tornou-se numa espécie de tendência.

O frutano é um tipo de carboidrato encontrado no trigo e noutros alimentos, como cebolas, alho e alguns vegetais. Pesquisas anteriores encontraram uma possível ligação entre o frutano e os sintomas da síndrome do intestino irritável; assim, os investigadores perguntaram-se se tal poderia estar por detrás de outros problemas digestivos menos problemáticos.

Foram recrutadas 59 pessoas autodiagnosticadas com intolerância ao glúten: cada participante recebeu barras de muesli para comer ao longo de várias semanas e foi convidado a descrever os sintomas. Algumas barras continham glúten, outras frutano e outros nem um nem outro.

De seguida, os cientistas analisaram os registos mantidos pelos voluntários e descobriram que estes experimentavam os sintomas apenas ao comer as barras com frutano, sentindo-se bem quando comiam os controlos e as barras com glúten.

Estes resultados sugerem que é o frutano e não o glúten que causa problemas generalizados no intestino. Esta é uma distinção importante porque algumas pesquisas recentes descobriram que as pessoas que se colocam numa dieta livre de glúten podem estar em maior risco de desenvolver diabetes tipo 2.