Como o próprio nome sugere, a disforia é uma sensação oposta à euforia, correspondendo a uma certa tristeza ou depressão pós-sexo, que acomete algumas mulheres e homens após o clímax de um orgasmo e que tem sido estudada principalmente em mulheres.
Em geral, as relações sexuais são seguidas por uma sensação de relaxamento e bem-estar, mas para um bom número de pessoas nem sempre foi assim. Há quem seja tomado por um sentimento de vergonha, tristeza e ansiedade, sem qualquer motivo aparente, após atingir o orgasmo, o que é designado por disforia pós-sexo, também frequentemente referida como depressão pós-sexo.
A atividade sexual é algo natural, constituindo uma estratégia de sobrevivência da espécie. Porém, ainda hoje, falar de orgasmo publicamente, continua a causar um certo constrangimento para a maioria das pessoas. Para melhor entender o que é o orgasmo, a ciência diz-nos que vai muito para além de sexo em si mesmo e que para atingir o ápice do prazer tem de haver uma combinação dos aspetos físico e psíquico.
Pode parecer algo complexo e difícil de atingir, mas a prática torna-se mais simples a partir do momento em que possamos entender o que se passa no nosso corpo durante esse momento de pleno êxtase, ficando consequentemente mais fácil conduzi-lo no caminho certo. O orgasmo é apenas uma das quatro etapas da resposta sexual humana, que está entre o desejo, excitação, orgasmo e resolução.
Tal como sucede com uma grande parte dos estudos sobre sexualidade, este modelo clássico é baseado na resposta sexual masculina e, embora essas etapas não se restrinjam aos homens, as mulheres podem apresentar uma resposta diferente; além de sentirem uma interferência maior do ambiente na resposta sexual da excitação, a etapa decisiva para atingir o orgasmo, ajuda a entender a sua prevalência em Portugal onde se estima que afete cerca de 56% das mulheres em idade adulta e que se traduz por alterações em qualquer uma das fases do ciclo de resposta sexual da mulher ou por perturbações dolorosas associadas ao ato sexual.
Quando a mulher tem uma preocupação muito grande com algo para resolver no dia, com o filho que pode acordar, com as contas para pagar ou de outra natureza, isso pode fazer com que ela desvie a atenção do foco e do momento da atividade sexual. Outra preocupação muito frequente que pode desviar o foco do prazer é a insegurança com o seu próprio corpo durante o ato sexual, que afeta mais as mulheres do que os homens, velhos resquícios da nossa cultura machista, centrada no prazer masculino.
A química do orgasmo dá-se no Sistema Nervoso Central (SNC), localizado no cérebro, que vai libertar os principais neurotransmissores ligados ao prazer sexual, sendo por isso comum referir-se que “o cérebro é o nosso maior órgão sexual”, não apenas cérebro físico, mas também a mente em si mesma, isto é o psicológico, com particular destaque para a oxitocina, serotonina e a dopamina, a primeira, ligada ao amor e ao prazer, a segunda pela sua relação com a sensação de bem-estar enquanto a última se relaciona com o relaxamento.
Estas hormonas, conjuntamente com a endorfina, que atua no alívio da dor e tem função analgésica, são responsáveis pelo aumento da temperatura corporal e pela sensação de relaxamento após o orgasmo, além de outras. Variando de pessoa para pessoa, quando se chega o clímax, é libertada uma certa quantidade dessas hormonas no organismo, fazendo com que haja quem chore de prazer ou quem tenha crises de riso, o que é natural. Além dos neurotransmissores, algumas outras hormonas como estrogénios, progesterona, prolactina, testosterona, também influenciam a resposta sexual.
Ao longo do tempo, o corpo e o prazer femininos têm sido pouco estudados, sendo mais comum ler sobre a sexualidade e o orgasmo das mulheres em revistas femininas do que receber informações da ciência. Contudo, aos poucos, os cientistas têm vindo a derrubar alguns clichês sobre o orgasmo feminino e estão começando a estudá-lo melhor e a desvendar as suas conclusões, que geralmente contradizem as das publicações populares.
Na disforia pós-sexo, algumas pessoas, sem distinção de género, podem ficar irritadas e agir de forma abusiva fisicamente ou verbalmente, em vez de compartilharem um momento que supostamente deveria ser de prazer mútuo com o parceiro. Até há pouco, a maioria dos estudos sobre a disforia pós-sexo era focada no sexo feminino. No entanto, pesquisas recentes mostram que entre 33% e 46% das mulheres já passaram por isso pelo menos uma vez na vida, enquanto 5% a 10% afirma ter apresentado os sintomas várias vezes durante os últimos 30 dias.
Na verdade, até há pouco existia a crença de que a condição acometia apenas mulheres, mas um estudo recente levado a cabo pela Universidade de Queensland, Austrália, em entrevistas a mais de 1200 homens de diferentes países, revelou que também eles sofrem com os mesmos sintomas. Segundo os autores do estudo, a experiência dos homens logo após as relações sexuais é “muito mais variada, complexa e com nuances do que se imaginava anteriormente”, resultando da combinação de vários fatores como stresse psicológico ou outras disfunções sexuais ou hormonais, fatores culturais ou produto de uma educação sexual muito opressiva, entre outros.
Seja qual for a razão, os especialistas recomendam que ao apresentar qualquer sintoma, as pessoas devem procurar um médico, pois há diferentes tipos de tratamento para a disforia pós-sexo. A prática de sexo tem de ser uma relação de bem-estar e prazer e quando isso não acontece, é altura de consultar um médico.
As preferências dos homens, quando falamos das caraterísticas que mais desejam nas mulheres que pretendem para suas companheiras e confidentes, são amplamente diversificadas e subjetivas.
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