Défice de glutationa favorece desenvolvimento de doenças autoimunes

Défice de glutationa favorece desenvolvimento de doenças autoimunes

DIETA E NUTRIÇÃO

  Tupam Editores

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Mais de 100 diferentes tipos de doenças - incluindo artrite reumatoide, diabetes tipo 1 e doença inflamatória intestinal - têm uma componente autoimune que faz com que o sistema imunológico ataque os órgãos, tecidos e células do próprio organismo.

Uma das principais causas deste tipo de doenças é a crescente exposição a toxinas ambientais, que são fatores de stress celular que esgotam as reservas de glutationa, considerado o principal antioxidante do organismo, favorecendo, desta forma, o desenvolvimento de várias patologias de foro autoimune.

Vários estudos já realizados mostraram que doentes que sofrem com patologias autoimunes quase sempre registam baixos níveis de glutationa. Ter níveis ótimos desse antioxidante essencial ajuda a modular as reações do sistema imunológico e a aliviar os distúrbios autoimunes.

A glutationa, considerado o antioxidante mais poderoso do corpo, tem uma intensa ação desintoxicante porque se liga de forma eficaz às toxinas, ajudando a eliminá-las. Também é essencial para a função imunológica e para o controlo da inflamação e do dano oxidativo.

A ação da glutationa modula a proliferação celular e protege as mitocôndrias, que produzem energia para as células. Ajuda igualmente a melhorar a condição física, enquanto aumenta o tónus e a resistência muscular.

A capacidade do organismo de prevenir - e recuperar - de doenças crónicas depende da sua capacidade de produzir e manter altos níveis dessa molécula que sustenta a vida.

A glutationa é sintetizada no corpo a partir dos aminoácidos cisteína, glicina e glutamina. E, enquanto o corpo produz quantidades elevadas deste composto na juventude, os níveis de glutationa diminuem durante o processo de envelhecimento normal.

Existem também vários fatores que contribuem para reduzir os níveis de glutationa no organismo, como medicamentos, poluentes ambientais, desequilíbrios hormonais, falta de sono, obesidade, sedentarismo, má alimentação e uso de álcool.

A glutationa existe no organismo em duas formas diferentes: glutationa reduzida e glutationa oxidada. A glutationa reduzida é a forma que combate ativamente os radicais livres. No entanto, durante este processo, o composto ganha um eletrão extra não pareado e torna-se instável, transformando-se em glutationa oxidada.

Contudo, uma enzima denominada por glutationa redutase desencadeia a conversão de volta à glutationa reduzida e útil ao organismo.

Muitos especialistas em saúde afirmam que a glutationa oxidada deve ser reciclada e voltar à forma de glutationa reduzida para poder proteger contra doenças autoimunes.

E, de facto, estudos já realizados mostraram que a “reciclagem” da glutationa ajuda a regular o sistema imunológico, reduz a resposta autoimune, promove a recuperação dos tecidos e até cura o intestino permeável.

Consulta médica

Para facilitar e promover a reciclagem saudável da glutationa, é preciso, em primeiro lugar, reduzir os fatores de stress que ameaçam os níveis de glutationa, nomeadamente equilibrar os níveis de açúcar no sangue, tratar intolerâncias alimentares, reduzir a exposição a toxinas e pesticidas ambientais, gerir a função adrenal, reequilibrar o microbioma intestinal e adotar uma dieta com alimentos biológicos.

É também importante consultar um médico e/ou nutricionista para pedir aconselhamentos dietéticos credíveis.

Há também suplementos e compostos naturais que melhoram a capacidade de o organismo reciclar a glutationa, nomeadamente o suplemento com N-Acetil-Cisteína (NAC), uma forma biologicamente disponível de cisteína que é rapidamente transformada em glutationa intracelular.

Estudos já realizados concluíram que a ingestão de suplementos de NAC aumentou os níveis de glutationa em células mais velhas e ajudou a reduzir a morte celular.

O ácido alfa lipóico também ajuda a reverter as depleções na glutationa que ocorrem como resultado do stress celular, enquanto o aminoácido glutamina - um precursor da glutationa - pode aumentar os seus níveis.

Cordyceps, um fungo medicinal comumente usado na medicina tradicional chinesa, revelou igualmente proteger as células, ao atuar no ciclo da enzima glutationa.

Outras pesquisas também revelaram que a erva Centella asiatica pode aumentar os níveis de glutationa peroxidase.

Já o extrato de cardo de leite pode aumentar a reciclagem da glutationa e ajudar a melhorar os níveis de glutationa oxidada.

A ingestão de castanha-do-Pará biológica, sardinha, ovos, carne e espinafre pode elevar os níveis de selénio, um mineral antioxidante essencial para a reciclagem da glutationa.

Vários especialistas em saúde referem que a proteína de soro bioativa e orgânica é uma excelente fonte de cisteína, um composto que aumenta a produção e reciclagem de glutationa.

Mulher come salada

Alimentos ricos em enxofre, como brócolos, alho, cebola, couve-de-Bruxelas, couve-flor e couve também ajudam a diminuir o stress oxidativo e aumentar os níveis de glutationa no organismo.

Além disso, alimentos ricos em vitaminas do complexo B - como fígado de vaca, feijão biológico, lentilha e grão de bico - podem ajudar no processo de metilação, essencial para a produção e reciclagem da glutationa.

Alimentos ricos em vitamina C, como laranjas, pimentões e morangos, ajudam a converter a glutationa oxidada de volta à sua forma ativa. E a vitamina E - encontrada no germe de trigo, sementes de girassol e espinafre - preserva enzimas que protegem a glutationa.

Além de proteger contra doenças autoimunes, a glutationa pode ainda ajudar a prevenir diabetes, doenças neurodegenerativas e muitos tipos de cancro.

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
09 de Abril de 2024

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