Investigadores do Hospital Universitário da Basileia, na Suíça, conseguiram desenvolver cartilagens a partir do uso de células tronco, um feito que poderá melhorar a vida de milhões de pessoas, eliminando a necessidade de implantes metálicos.

Os cientistas criaram uma cartilagem articular estável produzida a partir de células-tronco adultas originárias da medula óssea, induzindo processos moleculares específicos que ocorrem durante a formação da cartilagem embrionária.

Determinadas células-tronco mesenquimais da medula óssea de adultos são consideradas extremamente promissoras para a regeneração do tecido esquelético. Essas células-tronco adultas geralmente dão origem ao tecido cartilaginoso que, mais tarde, transforma-se naturalmente em tecido ósseo.

Contudo, mesmo que essas células-tronco sejam induzidas para se diferenciarem em células cartilaginosas, elas amadurecem espontaneamente num estado chamado "hipertrófico", levando finalmente à formação de tecido ósseo, explicaram os cientistas.

O processo é muito parecido com o que ocorre após uma fratura, mas tem impedido a progressão dos esforços para a criação especificamente de cartilagem.

Agora, a equipa liderada pela cientista Paola Occhetta resolveu esse problema inibindo a via de sinalização de uma proteína conhecida como proteína morfogenética óssea (PMO).

O bloqueio de recetores PMO específicos, mesmo que apenas por um tempo limitado, foi suficiente para manter o tecido cartilaginoso estável, tanto no laboratório como em cobaias.

A nova técnica abre portas à possibilidade de regenerar a cartilagem articular e de criar modelos baseados em células-tronco para o desenvolvimento de cartilagens para condições específicas.

É o que os pesquisadores chamam de "engenharia de desenvolvimento", quando processos naturais são imitados para controlar o desenvolvimento e a especificação de células-tronco e progenitoras adultas.

O estudo foi publicado na revista científica PNAS.