Um relatório solicitado pela Comissão Europeia à Agência Europeia de Químicos (ECHA) recomenda a proibição do chumbo em munições de caça e o uso de alternativas menos tóxicas, uma vez que este metal põe um risco tanto a saúde humana como o ambiente.

A ECHA estima que todos os anos cerca de 14 mil toneladas de munições de chumbo sejam dispersas fora das zonas húmidas na União Europeia. O resultado poderá ser entre 1 a 2 milhões de aves a morrer envenenadas todos os anos na Europa. Só em Espanha, onde 86 por cento do território é cinegético, o chumbo usado para caçar 20 milhões de peças por ano origina cerca de seis mil toneladas de emissões.

Mas não são apenas as aves que sofrem. As munições que ficam no terreno após uma caçada ainda podem ser ingeridas por aves como gansos e cisnes, que engolem pequenas pedras para auxiliar na digestão. E mesmo que as aves não as ingiram, o chumbo dessas munições pode penetrar no solo e contaminar as linhas de água, pondo em risco todo o ecossistema e a saúde pública.

Para quem consome carne de caça, o risco é mais direto: a carne de caça na UE contém, em média, 12 a 31 vezes mais chumbo do que o máximo permitido para a carne proveniente de explorações agropecuárias – valores preocupantes para um metal que pode causar problemas neurológicos.

O relatório adverte ainda que o chumbo se fratura em fragmentos tão pequenos e que estes se espalham de tal maneira pelo corpo do animal abatido que é impossível retirá-los todos, assim, se a munição tiver chumbo, a carne terá sempre chumbo, por mais cuidado que se tenha na sua preparação.

Os relatórios da ECHA concluem ainda que existem alternativas ao chumbo que permitirão um impacto muito menor na saúde e no ambiente sem prejuízo económico.

Perante os perigos enumerados, a agência recomenda à Comissão Europeia que se implementem restrições ou mesmo proibições do uso do metal.

Segundo a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) a proibição do chumbo é urgente e vai contribuir para a conservação da natureza e reduzir os riscos para a saúde pública e preservação do solo e recursos hídricos. É, portanto, essencial a existência de mais recursos para fiscalização e vigilância.