Flutuações de colesterol ligadas a aumento do risco de demência
Adultos mais velhos cujos níveis de colesterol flutuam de ano para ano podem ter um risco maior de demência e declínio cognitivo em comparação com pessoas cujos níveis de colesterol permanecem mais estáveis, apurou um novo estudo realizado por investigadores da Universidade Monash, em Melbourne, Austrália.
O risco foi maior entre pessoas cujo colesterol ficava cada vez mais instável à medida que aumentava do que naquelas cujas flutuações diminuíram de forma constante.
De acordo com a investigadora principal, a Dra. Zhen Zhou, as descobertas sugerem que uma grande queda ou aumento nos níveis de colesterol numa pessoa mais velha pode ser um sinal de alerta precoce de potenciais problemas cognitivos e demência em estágio inicial. Monitorizar as alterações do colesterol ao longo do tempo em pessoas mais velhas pode ser útil para a implementação de estratégias preventivas.
A análise utilizou dados de 9.846 adultos nos EUA e na Austrália inscritos no estudo Aspirin in Reducing Events in the Elderly (ASPREE), que investigou se a aspirina em doses baixas poderia ajudar a prevenir doenças relacionadas à idade, como demência e doenças cardíacas. O estudo, que também mediu os níveis de colesterol dos participantes, foi alargado para um estudo observacional.
No início e durante cada visita anual, durante os três primeiros anos do estudo, mediu-se o colesterol total, LDL, HDL e os triglicéridos. Os participantes tinham pelo menos 65 anos de idade e nenhum histórico prévio de eventos cardiovasculares, demência ou problemas cognitivos. As pessoas que começaram ou interromperam os medicamentos hipolipemiantes durante o período de medição do estudo foram excluídas da análise.
Os participantes foram divididos em quatro grupos com base nas variações do seu colesterol total e LDL ao longo do período de três anos. Após mais de cinco anos de acompanhamento, as pessoas com a maior variação no colesterol total tinham 60% mais probabilidade de desenvolver demência e 23% mais probabilidade de apresentar declínio cognitivo do que aquelas com a menor variabilidade.
Aqueles com a maior variabilidade no colesterol LDL tinham 48% mais probabilidade de desenvolver demência e 27% mais probabilidade de apresentar declínio cognitivo do que os seus pares com a menor variabilidade.
Não houve associação entre HDL ou triglicéridos com demência ou declínio cognitivo. Também não houve diferença substancial entre as pessoas que tomaram medicamentos hipolipemiantes e aquelas que não tomaram.
O estudo observacional não conseguiu mostrar que as flutuações no colesterol causaram demência, apenas que as duas condições estavam relacionadas.
Segundo a Dra Zhou os estudos futuros têm de explorar o que está a causar as flutuações e se a demência se começou a desenvolver antes ou como resultado das mudanças no colesterol. A investigadora refere ainda que outras condições crónicas também podem desempenhar um papel.
Uma possível explicação é que as flutuações significativas nos níveis de colesterol (total e LDL) podem desestabilizar a placa aterosclerótica, que é composta principalmente por colesterol LDL. Essa desestabilização da placa nas artérias pode aumentar o risco de crescimento da placa, ruptura e subsequente obstrução do fluxo sanguíneo para o cérebro.
A mensagem que fica é que qualquer pessoa com colesterol alto deve continuar a tomar medidas para o reduzir. Quem toma estatinas deve continuar com o tratamento recomendado pelo médico.