No estudo, publicado na revista Diabetologia, a equipa de investigação acompanhou mais de 120 pacientes submetidos à cirurgia bariátrica para obesidade mais de dois anos após a realização do procedimento. Os resultados permitiram constatar que todos os fatores metabólicos de risco para o desenvolvimento de diabetes, como níveis elevados de glicose e lípidos, melhoraram além da pressão arterial e do colesterol total.

Verificou-se ainda que os pacientes, dois anos após a cirurgia, apresentaram melhorias na neuropatia periférica, uma condição marcada por lesões nos nervos que vão desde a medula espinhal até às mãos e pés.

Segundo Brian C. Callaghan, autor sénior do estudo, as descobertas sugerem que a cirurgia bariátrica provavelmente permite a regeneração dos nervos periféricos e, portanto, pode ser um tratamento eficaz para milhões de indivíduos com obesidade que correm o risco de desenvolver diabetes e neuropatia periférica.

Os investigadores avaliaram duas medidas primárias para neuropatia periférica em pacientes com obesidade, fazendo biópsias da pele que mostram a densidade das fibras nervosas na coxa e na perna. Dois anos após a cirurgia bariátrica, a densidade das fibras nervosas melhorou na coxa mas manteve-se estável na perna.

Em comparação com estudos anteriores de perda de peso médica, em que os profissionais orientam as metas de perda de peso do paciente, a cirurgia bariátrica levou a consideráveis melhorias metabólicas e melhorias ainda maiores na neuropatia periférica.

Devido ao historial de declínio da neuropatia periférica em pacientes com obesidade, até mesmo a estabilidade na densidade das fibras nervosas pode ser considerada um resultado bem-sucedido.
Assim, as descobertas de estabilidade da densidade de fibras nervosas na perna e melhora na densidade de fibras nervosas na coxa indicam que a cirurgia bariátrica pode ser uma terapia bem-sucedida para melhorar ou reverter a neuropatia periférica em pacientes com comprometimento metabólico de longo prazo.

Atualmente, o tratamento da neuropatia periférica está centrado na dor, incluindo medicamentos orais, como gabapentina e bloqueadores dos canais de sódio, analgésicos tópicos e tratamentos não médicos, como exercícios e terapia cognitivo-comportamental.