Vedolizumab mostrou-se eficaz para tratar a bolsite crónica
Aproximadamente metade dos pacientes com colite ulcerosa submetidos a proctocolectomia restauradora com anastomose Ileo-anal por bolsa terá bolsite subsequentemente e, entre esses pacientes, um quinto desenvolverá bolsite crónica.
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Dos doentes com colite ulterosa 12% têm de se submeter a uma cirurgia para remover o cólon, ou colectomia. A maioria deles tem uma bolsa íleo-anal construída cirurgicamente a partir do intestino delgado, o que significa que não precisam de viver com uma bolsa de estomia.
Infelizmente, após a cirurgia existe o risco de desenvolvimento de inflamação no revestimento da bolsa, uma condição conhecida como bolsite. Os antibióticos são o tratamento de primeira linha para reduzir a inflamação, mas um quinto dos pacientes acaba por desenvolver bolsite crónica refratária a antibióticos.
Uma equipa de investigadores de Oxford desenvolveu um estudo randomizado, duplo-cego, de fase 4 para avaliar o medicamento vedolizumab em pacientes adultos nos quais a bolsite crónica se desenvolveu após serem submetidos a este tipo de cirurgia.
Participaram na investigação, publicada no New England Journal of Medicine (NEJM), 102 adultos que desenvolveram bolsite crónica após a colectomia. Os pacientes foram selecionados (na proporção de 1:1) para receber vedolizumab por via intravenosa na dose de 300 mg ou um placebo no dia 1 e nas semanas 2, 6, 14, 22 e 30. Todos receberam ainda ciprofloxacina concomitante da semana 1 à 4.
Os especialistas mediram a remissão na semana 14, com base no Índice de Atividade de Doença de Bolsa Modificada (mPDAI), que inclui sintomas clínicos e exame endoscópico. Verificou-se que os pacientes que receberam o vedolizumab tiveram três vezes mais probabilidades de atingir a remissão na semana 14 do que aqueles que receberam o placebo.
Descobriu-se ainda uma diferença significativa nos principais desfechos secundários, como remissão na semana 34, remissão definida pelo PDAI completo (que inclui histologia), remissão sustentada (na semana 14 e na semana 34) e qualidade de vida.
Segundo Simon Travis, Professor de Gastroenterologia Clínica no Instituto Kennedy, na Universidade de Oxford, o vedolizumab é amplamente utilizado no tratamento da colite ulcerosa e este estudo mostra que é eficaz para a bolsite que se repete rapidamente ou que persiste apesar dos antibióticos.
Tornou-se, assim, no primeiro tratamento na Europa licenciado para bolsite que não responde aos antibióticos, o que dá uma nova esperança a estes doentes.