Grande parte das muçulmanas grávidas em todo o mundo cumprem o jejum do Ramadão. O estudo documenta sistematicamente o estilo de vida materno durante o Ramadão e avalia se as adaptações da dieta e do sono ao Ramadão, independentemente e além do jejum materno, estão associadas aos resultados de saúde neonatal.

Para a investigação, publicada online na revista Plos One, foram entrevistadas 326 muçulmanas que tiveram os seus bebés em Mainz. As participantes que estavam grávidas durante o Ramadão relataram jejum, composição da dieta e horários de sono.

Os especialistas observaram uma associação do jejum durante a gravidez com menor peso ao nascer, especialmente para o jejum durante o primeiro trimestre (-352,92 g). Nem a composição da dieta nem o sono alterado foram diretamente associados ao peso das crianças ao nascer. No entanto, a composição da dieta durante o Ramadão fora das horas de jejum parece moderar a associação jejum-peso ao nascer, que desapareceu para as mulheres que mudaram para dietas ricas em gordura.

A descoberta de que a ingestão alimentar durante o Ramadão modera potencialmente a associação jejum-peso ao nascer é de grande relevância para as muçulmanas grávidas que desejam jejuar e para os seus profissionais de saúde, uma vez que as escolhas alimentares fora das horas de jejum costumam ser facilmente modificáveis.

Fabienne Pradella, uma das investigadoras, realça que este foi o primeiro estudo a incluir informações sobre a dieta materna e o sono durante o Ramadão, sendo necessárias investigações adicionais para avaliar os papéis de (macro)nutrientes e grupos de alimentos específicos, com base nos quais se poderão desenvolver recomendações específicas para escolhas alimentares para muçulmanas grávidas que desejam jejuar durante o Ramadão.

O estudo destaca ainda que a investigação sobre os hábitos e tradições específicas da cultura é fundamental para promover um início de vida saudável para todas as crianças.