ALIMENTAÇÃO

Vinho tinto remodela microbiota intestinal e beneficia o coração

O consumo moderado de vinho tinto ajuda a remodelar em poucas semanas a microbiota intestinal, cujo papel nas doenças cardiovasculares é cada vez mais reconhecido pela ciência. A conclusão é de um estudo realizado por investigadores da Áustria, Brasil, Itália e Estados Unidos.

Vinho tinto remodela microbiota intestinal e beneficia o coração

DIETA E NUTRIÇÃO

VINHO TINTO - Um néctar saudável


No estudo, os especialistas avaliaram a ingestão de vinho, produzido a partir da uva merlot, usando uma estratégia denominada cross-over, ou seja, cada um dos participantes (42 homens com uma idade média de 60 anos) passou por duas intervenções: durante três semanas consumiram diariamente 250 mililitros de vinho tinto (com 12,7% de concentração alcoólica) e, depois, pelo mesmo período de tempo abstiveram-se de álcool.

Ambas as intervenções foram precedidas por uma etapa de “lavagem” de duas semanas, em que foi feita uma pausa no consumo de determinadas substâncias para que os seus vestígios fossem totalmente eliminados do organismo.

Para além da abstinência alcoólica, foram ainda proibidos os alimentos fermentados (iogurte, kombucha, lecitina de soja, kefir e chucrute, por exemplo), prebióticos (incluindo insulina), probióticos, fibras e derivados do leite.

Os pacientes foram ainda submetidos a uma dieta controlada e sem outros componentes presentes no vinho, como, por exemplo, polifenois, que também se encontram nos chás, nos morangos e no sumo de uva.

A cada intervenção, os especialistas analisaram a microbiota intestinal através de uma tecnologia que permite a identificação genética das espécies de bactérias presentes. Foram também analisados os metabolitos presentes no plasma (metaboloma plasmático).

Um dos metabolitos de interesse dos investigadores é o TMAO (N-óxido de trimetilamina), que é secretado por microrganismos da flora a partir de alimentos ricos em proteínas e tem sido associado ao desenvolvimento da doença aterosclerótica.

Os resultados permitiram constatar que a microbiota intestinal dos participantes sofreu uma remodelação significativa após o período de consumo do vinho, tendo-se observado uma predominância dos géneros Parasutterella, Ruminoccaceae, Bacteroides e Prevotella, todos microrganismo fundamentais no funcionamento normal do organismo, que os especialistas chamam de homeostase humana.
Observaram-se mudanças significativas ainda na metobolómica plasmática, consistentes com a melhoria da homeostase.

Os investigadores concluíram, então, que a modulação da microbiota intestinal pode contribuir para os referidos benefícios cardiovasculares do consumo moderado de vinho tinto.
Há que ter atenção, contudo, pois é do “consumo moderado” que advêm os benefícios, ao passo que um consumo excessivo de álcool (mais do que 30 gramas por dia de álcool) está associado ao aumento da mortalidade por cancro, acidentes e mortes violentas.

Fonte: Tupam Editores

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