Durante o estudo, os ratinhos foram alimentados com uma dieta de controle ou a mesma dieta com alpelisib, atualmente usado para tratar o cancro da mama e vendido sob a marca Piqray, entre outros. A equipa verificou que os animais alimentados com a dieta contendo a substância não só viveram mais, como revelaram alguns sinais de serem mais saudáveis na velhice, como melhor coordenação motora e maior força.

Apesar dos resultados, os investigadores são cautelosos sobre a aplicação em humanos, uma vez que os ratinhos tratados com a substância também apresentavam alguns marcadores negativos de envelhecimento, como menor massa óssea.

Segundo o Dr. Chris Hedges, um dos autores do estudo, o envelhecimento não diz respeito apenas ao tempo de vida, mas também à qualidade de vida. Por essa razão, os especialistas estão entusiasmados por ver que este medicamento não só aumentou a longevidade dos animais, mas também mostrou muitos sinais de envelhecimento mais saudável. O próximo passo da equipa é entender como isso aconteceu.

O professor Troy Merry, coordenador da investigação, realça que ninguém deve tomar este medicamento a longo prazo para prolongar a expetativa de vida, pois também existem alguns efeitos colaterais.

No entanto, o estudo identifica mecanismos cruciais para o envelhecimento que serão úteis nos esforços a longo prazo para aumentar a expetativa de vida e a saúde. Sugere ainda várias maneiras possíveis pelas quais os tratamentos a curto prazo com a substância podem ser utilizados para tratar determinadas condições metabólicas de saúde.

O alpelisib tem como alvo uma enzima específica denominada PI 3-quinase. Há mais de 20 anos que se trabalha no desenvolvimento de medicamentos para atingir a PI 3-quinase, pois as evidências indicam que elas seriam úteis para tratar o cancro, já que muitos cancros têm uma ativação excessiva dessa via.
Portanto, é ótimo ver que essas drogas podem ter uso noutras áreas e revelar novos mecanismos que contribuem para doenças relacionadas à idade.