ARTRITE

Cientistas identificam potencial alvo terapêutico para gota

Uma equipa internacional de investigadores liderada pela Escola de Medicina da Universidade da Califórnia, em San Diego, identificou uma nova via molecular e potencial alvo terapêutico para a gota. A condição é uma das primeiras doenças conhecidas, tendo sido inicialmente identificada pelos antigos egípcios por volta de 2640 a.C. Atualmente, a sua prevalência é maior do que nunca.

Cientistas identificam potencial alvo terapêutico para gota

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A gota é a forma mais comum de artrite inflamatória, na qual o urato – um subproduto de alimentos ricos em purina, como a carne e o álcool –, se acumula no organismo e forma cristais em forma de agulha no interior e ao redor das articulações, geralmente tendo início no pé. Os depósitos de cristais levam a crises de dor intensa, inchaço e sensibilidade nas articulações e podem progredir para danos articulares crónicos que limitam o movimento e a qualidade de vida dos pacientes.

O novo estudo, publicado online na revista Arthritis & Rheumatology, permitiu identificar uma nova via que causa gota e a sua progressão para a erosão do tecido articular. As descobertas identificam a lubricina, uma proteína encontrada no fluido articular, como um novo alvo terapêutico tanto para a prevenção como para o tratamento da doença.

Os especialistas pretendiam explorar os fatores genéticos que levam não aos elevados níveis de urato circulante, mas especificamente à produção de urato e à deposição dos cristais nas articulações. Para isso, estudaram um caso raro de gota em que uma paciente desenvolveu depósitos de cristais de urato e erosão nas articulações, mas não apresentou níveis elevados de urato no sangue.

Utilizando o sequenciamento do genoma inteiro, sequenciamento de RNA e métodos proteómicos quantitativos, conseguiram identificar uma importante via molecular que foi interrompida no paciente, centrada numa redução significativa da lubricina.

A proteína mucinosa fornece lubrificação e proteção essenciais aos tecidos articulares e regula a função de um tipo específico de glóbulo branco que promove a inflamação na articulação. Experiências adicionais confirmaram que, em condições saudáveis, a lubricina suprime a secreção de urato e xantina oxidase (uma enzima que produz urato) pela ativação dos glóbulos brancos e também bloqueia a cristalização do urato na articulação.

Seguidamente os investigadores avaliaram vários pacientes com a forma comum de gota e confirmaram que possuiam igualmente níveis acentuadamente reduzidos de lubricina. Assim, sugerem que o facto de um paciente com hiperuricemia desenvolver ou não gota pode ser influenciado pelas variantes de gene que ele tem para a lubricina e outras moléculas que controlam a sua produção ou degradação na articulação.

Segundo o autor sénior, Robert Terkeltau, as descobertas mostram que a lubricina pode ser um novo biomarcador para detetar o risco de desenvolver gota nos pacientes, e que novos medicamentos para manter e aumentar a lubricina podem limitar a incidência e progressão da artrite gotosa.

Fonte: Tupam Editores

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