CÉREBRO

Cérebro adulto pode não ser tão rígido quanto se pensava

Os cientistas há muito acreditam que a estrutura do cérebro adulto é rígida e incapaz de mudanças rápidas. Recentemente, um novo estudo de investigadores alemães mostrou que isso não é necessariamente verdade.

Cérebro adulto pode não ser tão rígido quanto se pensava

MEDICINA E MEDICAMENTOS

NEUROCIÊNCIAS


No estudo, apresentado no Congresso do Colégio Europeu de Neuropsicofarmacologia, os investigadores descobriram que o tratamento hospitalar para a depressão pode levar a um aumento na conectividade cerebral, e os pacientes que respondem bem revelam um aumento maior na conectividade do que aqueles que não respondem.

Segundo Eric Ruhe, do Centro Médico da Universidade Radboud, na Holanda, isso significa que a estrutura cerebral dos pacientes com depressão clínica grave não é tão fixa quanto se pensava, podendo-se melhorar a estrutura cerebral num curto período de tempo, mais especificamente em cerca de seis semanas.

Os investigadores descobriram que se esse tratamento levar a um aumento na conectividade cerebral, também é eficaz no combate aos sintomas de depressão. Isso vem dar esperança aos pacientes que acreditavam que nada mudaria e que teriam que viver com a doença para sempre, porque ela está “gravada” no seu cérebro.

Durante a investigação foram estudados 109 pacientes com depressão grave (transtorno depressivo maior) que foram comparados com 55 controles saudáveis. Para analisar o cérebro dos participantes foi utilizado um scanner de ressonância magnética, que foi configurado para identificar que partes do cérebro se comunicavam com outras partes.

Posteriormente os participantes do estudo foram tratados para a depressão, alguns com terapia eletroconvulsiva, outros com terapia psicológica ou medicação, e outros ainda com uma combinação de todas as terapias. Após o tratamento, foram mais uma vez analisados através de ressonância magnética e o número de conexões voltou a ser contabilizado. Foram também testados quanto aos sintomas de depressão.

Os resultados permitiram aos investigadores descobrir que o tratamento para a depressão mudou a infraestrutura do cérebro. Os pacientes tratados apresentaram um número maior de conexões do que antes do tratamento. Importa referir que este tipo de mudanças no cérebro costuma ocorrer em criança, quando o cérebro está a crescer. Acreditava-se que era algo estanque em adultos, mas parece que não.
Além disso, os pacientes que apresentaram maior resposta ao tratamento desenvolveram um número maior de novas conexões, do que os que apresentaram pouca resposta.

Jonathan Repple, um dos autores do estudo, realça que a equipa ficou surpreendida com a velocidade da resposta, pois essas mudanças ocorreram num período de apenas seis semanas. Não existe uma explicação de como essas mudanças ocorrem ou por que deveriam acontecer com formas tão diferentes de tratamento.

A próxima questão que se põe é se diferentes tratamentos têm a possibilidade de alterar especificamente as redes cerebrais direcionadas ou vice-versa, se se podem usar os distúrbios nas redes cerebrais medidos no presente estudo para escolher qual a terapia que será útil.

Fonte: Tupam Editores

OUTRAS NOTÍCIAS RELACIONADAS


ÚLTIMAS NOTÍCIAS