GASTROENTEROLOGIA

Exposição a herbicida comum pode causar DII

A doença inflamatória intestinal (DII), uma condição caracterizada por inflamação gastrointestinal crónica, está a tornar-se cada vez mais comum nos países industrializados. Embora os investigadores tenham identificado aproximadamente 200 marcadores genéticos associados à doença, a compreensão dos fatores ambientais específicos que influenciam o risco e a gravidade da DII ainda é limitada.

Exposição a herbicida comum pode causar DII

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Um novo estudo realizado por investigadores do Brigham and Women’s Hospital identificou sistematicamente agentes químicos ambientais que promovem a inflamação gastrointestinal e identificou especificamente um herbicida comum, denominado propizamida, que pode aumentar a inflamação no intestino delgado e grosso, interrompendo uma via anti-inflamatória.

Este herbicida é aplicado, maioritariamente, em campos de futebol, assim como em campos de frutas e vegetais para controlar certas gramíneas e ervas daninhas de folhas largas. A investigação, publicada na revista Nature, mostrou que cerca de 60% do produto químico permanece não metabolizado pela planta 50 dias após a sua aplicação.

Com uma série de experiências com cultura de células, peixes-zebra e ratinhos, os investigadores conseguiram mostrar que a propizamida interfere no receptor de hidrocarboneto aril (AHR), uma proteína envolvida na regulação imunológica. Descobriu-se que a AHR mantém a homeostase intestinal, suprimindo uma segunda via pró-inflamatória que anteriormente se tinha mostrado geneticamente ligada à DII.

Segundo Francisco Quintana, professor de neurologia do Centro de Doenças Neurológicas do Brigham and Women’s Hospital, a metodologia utilizada permitiu identificar um produto químico que interrompe um dos “freios” naturais do corpo na inflamação.
A equipa está atualmente a trabalhar para atingir essa via inflamatória através da engenharia de nanopartículas e probióticos para ativar o AHR.

O especialista refere que a via anti-inflamatória AHR que se identificou pode ser fortalecida para melhorar a doença e, mais adiante, também se poderão investigar maneiras adicionais de desativar a resposta pró-inflamatória.

À medida que se vai aprendendo mais sobre os fatores ambientais que podem contribuir para a doença, podem-se desenvolver estratégias para limitar as exposições.
Alguns produtos químicos não parecem ser tóxicos quando testados em condições básicas, mas ainda não se conhece o efeito de exposições crónicas de baixo nível ao longo de décadas ou no início do desenvolvimento.

Doença inflamatória intestinal é um termo para duas condições – doença de Crohn e colite ulcerativa – que são distúrbios inflamatórios crónicos complexos do trato gastrointestinal.
É uma doença progressiva, que pode agravar-se com o tempo e causar outras complicações como anemia, osteoporose, artrite, inflamação ocular, entre outras, se não for devidamente diagnosticada e tratada. Afeta mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo e cerca de 25 mil pessoas em Portugal.

Fonte: Tupam Editores

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