DIAGNÓSTICO

Novo estudo questiona eficácia das colonoscopias

Durante décadas, os gastroenterologistas colocaram as colonoscopias num pedestal. Se todas as pessoas fizessem o exame apenas uma vez por década, os médicos acreditavam que isso poderia praticamente tornar o cancro colorretal “extinto”. Mas os resultados de um novo estudo vieram questionar o benefício do procedimento.

Novo estudo questiona eficácia das colonoscopias

DOENÇAS E TRATAMENTOS

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A investigação, publicada recentemente no New England Journal of Medicine, permitiu concluir que os exames de colonoscopia previnem apenas um caso de cancro de cólon por cada 455 pessoas que se submetem ao teste invasivo, em que se insere uma câmara nos intestinos para procurar pólipos pré-cancerosos, conhecidos como adenomas.

Para o estudo, os investigadores selecionaram aleatoriamente cerca de 28.000 adultos na Polónia, Noruega e Suécia para serem submetidos a colonoscopias e compararam os seus diagnósticos e mortes por cancro do cólon com um grupo de controle selecionado aleatoriamente de cerca de 56.000 pessoas que não fizeram o exame. Durante um período médio de acompanhamento de 10 anos, registaram-se 259 casos de cancro do cólon no grupo que fez as colonoscopias e 622 casos no grupo controle.

Os resultados permitiram verificar que, aos 10 anos, o grupo que havia realizado as colonoscopias tinha um risco 18% menor de cancro do cólon e um risco 10% menor de morte por esses tumores do que o grupo que não fez o rastreio.

O professor Samir Gupta, da Universidade da Califórnia, em San Diego, manifestou a sua surpresa pelo facto de os benefícios não terem sido maiores, no entanto, considera que, em parte, podem ser explicados pela baixa taxa de aceitação em realizar a colonoscopia, uma vez que apenas 42% dos participantes do estudo a quem foi pedido para se submeter ao exame o fizeram.

Quando os investigadores compararam os resultados apenas para o subconjunto de participantes que realizaram as colonoscopias, constataram que a triagem estava associada a um risco 31% menor de cancro do cólon em 10 anos. Nesta análise, as colonoscopias foram associadas a um risco 50% menor de morte por cancro do cólon.

Segundo Jason Dominitz, professor de medicina da Universidade de Washington em Seattle, uma colonoscopia só pode ser eficaz se for realizada.
A maioria dos adultos americanos com 50 anos ou mais – a faixa etária que há muito é aconselhada a fazer colonoscopias uma vez por década – faz esses exames. O que não é o caso dos adultos entre 45 a 49 anos, ainda que o aumento das taxas de mortalidade por cancro do cólon tenha levado a American Cancer Society a diminuir a idade inicial para a triagem para os incluir.

Enquanto cerca de 70 por cento das pessoas com 50 anos ou mais se submetem a colonoscopias conforme recomendado, as taxas de rastreio do cancro do cólon são muito mais baixas nas pessoas nos seus quarenta e poucos anos, talvez pelo facto de ser um grupo recém-elegível.

As pessoas não são examinadas porque não entendem a importância de o fazer, porque o médico não o recomenda ou porque não sabem que podem optar por alternativas menos invasivas do que a colonoscopia.

Uma opção menos invasiva é a pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF), que procura sangue – um possível sinal de cancro – em amostras de fezes. Outra opção envolve fazer a PSOF juntamente com um exame de sigmoidoscopia apenas do cólon inferior. Alguns pacientes que apresentem achados anormais nesses testes podem requerer uma colonoscopia de acompanhamento.

Seja qual for o método usado, o importante é as pessoas não perderem a confiança no rastreio do cancro colorretal.

Fonte: Tupam Editores

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